Palco das decisões mais importantes do país, Brasília também é considerado o capital nacional do rock. A partir da década de 1970, o rock brasileiro passou a ter a capital federal como sede com o impulso de bandas locais, que mais tarde ajudaram a explodir o gênero na cidade e no Brasil.
São nomes como legião urbana, Paralamas do Sucesso, Plebe Rude Isso é Raimundospara citar alguns, que começou em Brasília – ou foi influenciado por ela – e que ajudou a espalhar o ritmo pelos quatro cantos do país.
Tamanha importância da cidade para esse cenário musical fez com que o rock brasiliense fosse declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal em 2016. Mais recentemente, em 2021, residentes e turistas ganharam um rota turística focado nas raízes do gênero na cidade: o Rota Brasília Capital do Rock.
A Rota do Rock
Lançado pela Secretaria de Turismo (Setur) e pela União Pioneira da Integração Social (Upis), com curadoria de Philippe Seabra e Tata Cavalcante, o roteiro reúne 40 spots da cidade que foram fundamentais para a história do rock na região. Com o objetivo de consolidar a memória destes espaços em relação ao género musical, a maioria deles dispõe de sinalização com explicações em português, inglês e espanhol e QR Code.
Entre os pontos há Residência de Renato Russo (SQS 303), onde Renato Manfredini Júnior cresceu e se inspirou para escrever o repertório de Aborto Elétrico e também sucessos das bandas Legião Urbana e Capital Inicial.
Junto com outros colegas punks e aspirantes a punks, ele também participou do Colina, na Universidade de Brasília, outro local de destaque do percurso. Era um ponto de encontro dos filhos de professores universitários que compartilhavam a paixão pela música e a curiosidade intelectual.
“Você vê alguns lugares e pensa ‘olha o que essas pessoas conseguiram fazer sem nada, sem internet, sem apoio cultural’. O único contato que tivemos com o poder público foi o fim do bastão. E vejam a ressonância disso em nível nacional”, diz Philippe Seabravocalista e guitarrista do Plebe Rude.
A Torre de televisão, inaugurado em 1967, também está no roteiro por sua história de encontros e shows de rock alternativo e underground. O bar e restaurante Beiruteum dos mais antigos ainda em funcionamento na capital, foi outro ponto de encontro de artistas, inclusive com shows improvisados.
Beirute
Inaugurado em 1966 na Asa Sul, parte da história de Brasília também passa por Beirute. O bar é um daqueles espaços democráticos que funcionou como ponto de convergência dos mais variados grupos. Muito antes de fazer sucesso, um dos frequentadores era Renato Russo, que continuou sentado no bar mesmo depois da fama.
“O filho da casa é a Liga Tripa, mas outros também já passaram por aqui, como Renato Russo, Oswaldo Montenegro e Rita Lee. Nós os tratamos como seres humanos e como clientes”, afirma Francisco Marinoproprietário de Beirute.
Os pratos clássicos árabes continuam firmes no cardápio, mas parmegiana, peixe com alcaparras, petiscos típicos de boteco e cerveja gelada também estão no cardápio.
“Beirute existe há 57 anos e o rock em Brasília existe desde 1964, então já tinham bandas tocando aqui. Acho que a proximidade do poder aqui em Brasília fez toda a diferença. Essas músicas não vieram do vácuo. Eram todos filhos de académicos e penso que isso nos impressionou a importância da curiosidade intelectual”, acrescenta Philippe Seabra.
Rota Brasília Capital do Rock
Confira aqui os pontos da rota mapa interativo.
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