Minas Gerais Tem uma série de adjetivos, mas talvez a sua gastronomia seja a que mais se destaca em todo o mundo. Lorena Martins é jornalista, escritora e curadora de cultura e gastronomia. Ela compartilha dicas, novidades e curiosidades sobre a alimentação mundial em suas redes sociais, no jornal O Tempo e no podcast “Gastrô”.
Por isso, ninguém melhor do que ela para indicar onde saborear os melhores pratos, petiscos e iguarias típicas de Belo Horizonte.
Onde comer em Belo Horizonte:
Maturi
Vindo de Imperatriz, no Maranhão, a chef Regilene Coelho tem a hospitalidade mineira e a comida típica de sua cidade. Os destaques são o bolo de piracuí, o arroz Maria Isabel, o cuscuz com ovo mole, o picles de maxixe (se você virar amigo ganha uma porção de boas-vindas), a caipirinha de cajuína e o lambari frito e “ticado” que é servido no barquinho de papel. Um charme!
Rua Mármore, 169 – Santa Tereza.
Mercadinho Nivaldo/Mercadinho Bicalho
Mercearia que vende de tudo, desde raquete mata mosquitos, até queijos mineiros e a almôndega mais famosa de BH, extremamente macia, com molho de tomate e farinha. Tudo tem o sabor da família que comanda o lugar, principalmente o anfitrião Nivaldo, uma das maiores personalidades da cidade e com um sorriso encantador. Adoro quando um lugar se propõe a construir uma estufa e entende que é uma ferramenta útil e prática e não apenas uma vitrine “instagramável”. Petiscos, como picolés mineiros (torresmos) e bolinhos de carne, brilham no forno e estão sempre quentinhos.
Rua Mármore, 556 – Santa Tereza.
Birosca S2
A cozinha – composta apenas por mulheres – do restaurante Birosca é uma reconexão com a comida mineira, unindo memória e inovação. Visualmente? Cada cantinho é encantador, com muitos objetos colecionados pela própria chef Bruna Martins, em antiquários espalhados pela cidade. Muitos pratos são resultado de pesquisas com peixes de rio mineiros, buscando valorizá-los. Não deixe de experimentar o surubim crudo com leite de onça, o pastel de angu recheado com polvo e, de sobremesa, o famoso Eskibon Mineiro: bombom de chocolate branco, recheado com cream cheese e curau quentinho.
Rua Silvianópolis, 483 – Santa Tereza.
Cozinha Santo Antonio
A cozinha de Ju Duarte, cozinheira e pesquisadora da história da gastronomia mineira, é charmosa e super convidativa – inclusive, para quem está sozinho e quer almoçar em companhia, pode sentar-se na mesa compartilhada pensada para estabelecer vínculos e trocas durante a refeição. lanche. Um dos pratos que faz jus à pesquisadora é a combinação de carne, mandioca e milho chamada “Maria da Cruz”, uma homenagem a uma poderosa senhoria que morava no Norte de Minas, às margens do Rio São Francisco, em século XVIII, e é lembrado na história por ter sido rebelde.
Rua São Domingos do Prata, 453 – Santo Antônio.
Cozinha Tupis (Mercado Novo)
Pioneira em “abrir as obras” no processo de revitalização do Mercado Novo, que fica no centro de BH, a Cozinha Tupis sempre consegue acertar no cardápio – e tudo fica ainda melhor se você sentar no balcão observando o preparo na cozinha. E se estiver sozinho, o balcão com certeza é o melhor lugar! Lá, a equipe e o chef Henrique Gilberto transformam ingredientes ainda pouco valorizados (como jiló, língua de boi e pé de porco) em pratos que entregam o máximo de sabor. No cardápio atual, opte por frango com molho picante e farelo de paçoquinha e mousse de fígado com geléia de jabuticaba e jiló crocante.
Av. Olegário Maciel, 742 – LJ 2161 – Centro.
Glouton
Para um menu degustação com boas surpresas para o paladar, a escolha é o Glouton. Do chef Leo Paixão, ele utiliza uma mistura de técnicas francesas, que está na origem de sua formação culinária, com produtos brasileiros, com destaque para os cultivados e preparados no estado com toques surpreendentes. Alguns pratos icônicos do chef também permanecem no cardápio à la carte, como a inesquecível língua de boi com creme de milho, a farofinha crocante com amêndoas torradas e a couve grelhada.
Rua Bárbara Heliodora, 59, Lourdes.
Pires
O bar Pirex abriu há pouco mais de um ano e foi um dos pioneiros a ocupar a galeria São Vicente, no centro da cidade. Tem uma bela vista para a Praça Raul Soares, os painéis do CURA (Circuito Urbano de Arte) e uma desejável estufa com itens como o vinagrete de coração de frango e o sanduíche de rosbife de lagarto com rúcula e picles de cebola roxa. Já no forno quente, vale conferir as moelas com molho de tomate defumado e batatas e, principalmente, a língua na cerveja preta com picles de maçã verde, tudo bem acompanhado de um smoothie de coco. Às quartas tem bolovo! Se tiver dúvidas sobre o que comer, procure a chef Isabela Rochinha e ela irá te orientar. E se você não sabe o que beber, prometo que Osmar Júnior vai te ajudar!
Av. Amazonas, 1049 – loja 54 – Centro.
Piza 1780
A Pitza 1780 foi uma das pioneiras a trabalhar com massas artesanais em BH. É uma massa fina, com bordas queimadas, para comer com as mãos e, um diferencial: ingredientes mineiros e de pequenos produtores provenientes do Projeto Aproxima, do chef Eduardo Maya. Os destaques são as pizzas artesanais de linguiça, erva-doce e cachaça elaboradas pelo chef Felipe Rameh e as pizzas de banana, queijo e geléia de tomate.
Rua Antônio de Albuquerque, 749, Funcionários.
Mercado Central
O Mercado Central de BH é um dos lugares mais especiais do mundo. Além de abrigar o icônico fígado com jiló de Bar da Louraque se tornou patrimônio gastronômico da cidade, há ótimas opções que valem a pena visitar em cada um desses lugares: a empada de jiló do Ponto Empadao pão de queijo com presunto Comercial Sabiáa limonada feita desde 1908 em Limonada Tradicionalmuito PF em Jorge Americano e o donut de batata recheado com queijo na lanchonete Palhares. A visita termina com a recente chegada de Armazém Dona Lucinha. Do pão de queijo ao pão de fubá, passando pela linguiça, tudo segue a receita de família de um dos maiores representantes da culinária mineira.
Av. Augusto de Lima, 744, Centro-BH.
Minas Demais
Toda hora é hora de comer um pão de queijo bem fofinho com pedacinhos de queijo e uma fatia de bolo de goiabada de Minas Demais. Se acompanhado de um café Era do Ventos, melhor ainda! O endereço abriga um empório de produtos mineiros, queijos premiados e especiais de diversas partes do estado e pratos mineiros como frango, tropeiro e o inusitado pão de queijo frito com ragu de linguiça caipira.
Av. dos Bandeirantes, 1725 – loja 02, Anchieta – BH.
Quintal de Degas
O Quintal do Degas, como o nome sugere, fica no quintal, mais precisamente, na casa de Léo Degas, na boêmia região da Lagoinha. O anfitrião prima pela arte de receber, principalmente quando se trata de torresmo – um dos mais crocantes e inesquecíveis. Sempre tem samba no quintal, cachorro latindo na vizinhança e, no verão, piscina de plástico e ducha para se refrescar.
Rua 15 de Abril, 75, Lagoinha-BH.
Os textos publicados por Insiders e Colunistas não refletem necessariamente a opinião da CNN Viagem & Gastronomia.
Quem é Lorena Martins
Lorena K. Martins é jornalista, escritor e curador de cultura e gastronomia. Trabalha no jornal O Tempo e mantém o podcast “Gastrô” no Spotify e na rádio 91.7 FM com notícias e boas curiosidades sobre a alimentação mundial.
Foi curadora gastronômica das edições 2022 e 2023 da Virada Cultural de Belo Horizonte e também fez a curadoria das edições de gastronomia feminina do festival Projeto Aproxima, que reúne cozinheiras, chefs e projetos geridos por mulheres.
Escreve, divulga e divulga iniciativas com lideranças femininas na cozinha, como “Mapas das Minas” para a Bienal de Gastronomia de BH e escreveu o artigo “Culinária mineira: sabores e saberes a partir de uma base feminina” para a “Cozinha Mineira Patrimônio” projeto e diretor do documentário “Três Marias”, lançado em 2023, homenagem que homenageia as três matriarcas da culinária mineira – Maria Stella Libânio (1918-2011), Dona Lucinha (1932-2019) e Nelsa Trombino (1938) -2023), personagens que seguem contribuindo com sensibilidade e potência para o desenvolvimento e reconhecimento da cultura alimentar mineira.
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