Afroturismo: Destinos e negócios afrocêntricos. Afrofuturismo: movimento cultural, estético e político que se manifesta nos campos da literatura, do cinema, da fotografia, da moda, da arte, da música, a partir de uma perspectiva negra, e utiliza elementos da ficção científica e da fantasia para criar narrativas protagonistas negras, através da celebração de sua identidade, ancestralidade e história.
O aspecto de Turismo cultural que vem ganhando outros sabores entre os adeptos da gastronomia, inclui experiências e destinos antirracistas, uma das prioridades da Embratur, conforme anunciou Marcelo Freixo. “É um segmento compatível com o que o século 21 exige de nós, sermos antirracistas, valorizando e respeitando a cultura do povo negro, um grande negócio, que gera emprego e renda, e empodera empreendedores negros.”
No Rio, isso significa a região conhecida como Pequena Áfricatermo cunhado pelo sambista Heitor dos Prazeres (1898-1966) para se referir à área abrangida pelo bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristono Zona portuária do Rioocupada por uma população majoritariamente negra.
Séculos depois de receber o maior número de sequestrados e escravizados, a região entrou no mapa da Unesco (que registrou o Cais do Valongo como Patrimônio Mundial) e da descolada revista inglesa Time Out, que destacou bares charmosos e lugares fascinantes da diáspora naquele zip. código. Africano e embrião do samba. Tudo isso aos pés da favela da Providência, a mais antiga da cidade.
Vibrante, o A Pequena África recebeu mais visitas que o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar em 2023segundo levantamento da Secretaria de Turismo da Prefeitura do Rio. Junto com isso, tornou-se cada vez mais “gourmetizado” após as obras do Porto Maravilha e a criação de um Circuito do Património Africano. Destino afrofuturista no Rio, são 15 pontos que compõem a região, sendo que pelo menos seis deles focam em gastronomia, diversão e ancestralidade.
Basta um passeio para sentir o esplendor da Pequena África e a exuberância irreprimível dos habitantes locais que ali vivem. Sorrisos generosos, uma festa resiliente e, acima de tudo, ancestral. Machado!
Abaixo segue um trecho dessa experiência que vale a pena incluir no seu roteiro pela “cidade maravilhosa”.
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Cais do Valongo, Patrimônio Mundial da UNESCO
O principal ponto de desembarque e comércio de africanos escravizados nas Américas funcionou entre 1811 e 1831, ano em que o tráfico transatlântico foi proibido. Neste período, cerca de um milhão de pessoas desembarcaram em Valongo para serem vendidas e transportadas para diversos pontos do país. O local foi descoberto em 2011, durante escavações arqueológicas realizadas para implantação do projeto “Porto Maravilha”. Em 2017, a UNESCO incluiu Valongo na lista do Património Cultural Mundial, reconhecendo-o como “a evidência física mais importante associada à chegada histórica de africanos escravizados ao continente americano”.
Lá você encontrará o Gracioso, bar e restaurante Fundado por espanhóis em 1960, com a família ainda hoje no comando. O carro-chefe são os bolinhos (milho e camarão), mas também o ensopado, a feijoada, o risole e um prato típico carioca: o filé à Oswaldo Aranha (mignon alto coberto com alho frito, servido com arroz e batata; R$ 168, por 2 ou 3). A cerveja original pode chegar a R$ 9,90, conforme promoção em cartaz.
Gracioso: Rua Sacadura Cabral 97 – Saúde
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Pedra do Sal, monumento histórico e berço do samba
O bairro negro mais antigo continuamente habitado do Rio, reconhecido oficialmente como quilombo em 2005, é uma forte fonte de cultura afro-brasileira. A Pedra do Sal é reconhecida como o berço do samba e do Carnaval. O local recebeu esse nome devido à enorme pedra ali encontrada, usada para secar e vender sal numa época em que as águas da baía ainda chegavam às suas margens.
A Pedra do Sal, nos séculos XIX e XX, foi destino de quituteiras, as “tias baianas”, além dos primeiros terreiros de candomblé da cidade, bem como do surgimento do samba carioca e dos primeiros ranchos e bandas carnavalescas. As iguarias mais aclamadas fora da Bahia saem das bandejas dessas mulheres — e também de alguns homens — e um dos nomes responsáveis é o Casa Omolokum, ambiente aconchegante de culinária afro. Isso significa acarajé, farofa, vatapá e muito, muito dendê, além de torradas de canela, laranja e cachaça.
“Tudo em homenagem aos orixás”, diz a chef Leila Leão, autora da comida de terreiro com cardápio completo (R$ 80) e também do famoso acarajé (R$ 25), o bolo de feijão fradinho temperado com cebola e sal, frito no azeite de dendê e depois recheado com vatapá (leite de coco, castanha de caju, amendoim e camarão), vinagrete e camarão seco. A pimenta fica por sua conta.
Há também o Da Pedra, com cardápios e comidas brasileiras para alimentar as longas rodas de samba. O sucesso é o Pequena África, espetinho de jiló embrulhado em bacon com linguiça, quiabo e frango, servido com polenta macia e farofa de calabresa.
Casa Omolokum: Rua Tia Ciata 51 – Saúde
Da Pedra: Rua Argemiro Bulcão 33 – Saúde
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Morro da Conceição, comida italiana de um lado e comida nordestina do outro
Sábado começa com sugestão de refrescante entrada no novíssimo Café Tero: ceviche feito de frutos do mar e terra. Motivo que injeta endorfinas para ampliar o roteiro em um passeio pelo Morro da Conceição, onde é possível apreciar as construções do período colonial, as cores e uma vista incrível do centro do Rio.
Café da manhã, almoço e final de tarde com bebidas. O espaço é um sucesso, onde ainda tem um cardápio de vermutes artesanais, além de um trio de tango à noite. Ideia do mixologista Nicola Bara (do Micro Bar, no Leblon) em conjunto com o chef Tobia Messa (da Flor do Céu, na Chácara do Céu), ambos italianos, para a charmosa casa com acesso pela Praça Mauá, com clima bucólico, cardápio enxuto, com foco em massas frescas.
A lasanha vegetariana com queijo gorgonzola, radicchio e abobrinha (R$ 35) e o tagliatelle com abóbora e linguiça na cerveja (R$ 33) fazem sucesso.
Num outro acesso ao morro (via Pedra do Sal), encontra-se o Delicatessen de Luz, nome carinhoso para a cozinha de Dona Luziete, que era costureira, mas verdureira de pleno direito, e passou a se dedicar inteiramente à culinária de sua região, o Nordeste. O dois baião da Dona Luziete não tem igual, é referência na Pequena África.
Café Tero: Ladeira Felipe Neri 11 – Loja A – Saúde
Guloseimas de Luz: Rua do Jogo da Bola 117 – Saúde
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Largo de São Francisco da Prainha, a rede social da Pequena África
Popularmente conhecido como Largo da Prainha, está localizado na Rua Sacadura Cabral, aos pés do Morro da Conceição. Antes da construção do porto do Rio de Janeiro, existia ali uma pequena praia, que se estendia até a atual Praça Mauá. Ao centro, a estátua de Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do corpo permanente de balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mercedes fundou o Balé Folclórico que leva seu nome, divulgador mundial das apresentações de terreiros e paradigma da luta antirracista no campo da cultura. A praça e seu entorno contam com diversos bares e restaurantes e intensa vida diurna e noturna. Um deles, o Sopro da Prainha, atrai multidões com diversas opções de carnes grelhadas (R$ 34,90, peça o cupim de colher com arroz de brócolis, molho caipira, farofa e batata portuguesa), baldes de cerveja, rodas de samba e, se tiver sorte, um lugar, a vizinha Casa Porto ao lado, com caldo de feijão, milk-shakes e PF servidos em panela pequena (R$ 35, com bebida da casa e sobremesa). Comer ajoelhado, antes de cair no samba com o grupo Mulheres da Pequena África aos sábados, às 18h. Colado tem o baiano No dia dois de fevereirocom pratos de R$ 30 a R$ 35: carne de sol, mandioca na manteiga e cuscuz.
Seguindo em direção à Praça Mauá, ainda há o tradicional Angú do Gomes e a G&G Gourmet. A primeira dispensa apresentações, onde a mistura quentinha de mingau de milho, miudezas bovinas e/ou frutos do mar (R$ 45) ganhou fama e conquistou celebridades como Tom Jobim, Beth Carvalho e até o ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Antes de começar, não deixe de pedir o pastel de queijo com macarrão de angu. No segundo, o bobó mais famoso da Pequena África (a partir de R$ 30), receita da chef Georgia, que evoluiu para um bolinho durante o Comida di Buteco e ficou lindo. A escritora Conceição Evaristo é fã!
A noite ferve Sacadura Cabral, começando nas rodas de samba da Pedra do Sal e – para o público LGBTI+ – terminando na pista de dança eletrônica The Home (antigo The Week), único espaço house/tribal do Rio (mistura de música africana e eletrônica, o som “ corte de cabelo”). Fervo com axé.
Sopro da Prainha: Largo São Francisco da Prainha 15 – Saúde
G&G Gourmet: Rua Sacadura Cabral 55 – Saúde
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Muhcab – Museu de História e Cultura Afro-Brasileira, para nunca mais ser esquecido
Recentemente reformado e localizado no prédio histórico do antigo Colégio José Bonifácio, o Museu de História e Cultura Afro-Brasileira conta com um acervo de cerca de 2.500 peças, entre pinturas, esculturas e fotografias, além de obras de artistas visuais contemporâneos, que dialogam com o território da Pequena África. Faz parte da rede de museus da Secretaria Municipal de Cultura e serve de palco para tardes musicais recheadas de iguarias do diretoria das baianas do acarajé. A Prefeitura – por meio da Secretaria Municipal de Cultura – está mapeando todos os profissionais conhecidos como Baianas e Baianos de Acarajé. Uma delas é a Rosa Perdigão, que vende não só o famoso bolo de feijão fradinho (R$ 20), mas também abará e cocadas.
Muhcab: Rua Pedro Ernesto 80 – Gamboa
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Casa da Tia Ciata, uma combinação de memorial e local para deliciosos feijões de cabaça
A Lar é um centro cultural dedicado a preservar a memória da matriarca do samba Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata. A instituição é presidida pela bisneta de Tia Ciata, Gracy Mary Moreira, apresenta exposição com sua trajetória e organiza o circuito turístico “Caminhos da Tia Ciata – Matriarca do Samba”, um passeio guiado pelos principais pontos da Pequena África ligados à nascimento do samba, numa imersão ancestral por um caminho cercado de tradições, conquistas, religiosidade, iguarias e samba. Oferece também oficinas de jongo, capoeira com maculelê, tambor e danças afro, além de deliciosos feijões na cabaça e até um time de baianas (e baianas) de acarajé.
Casa da Tia Ciata: Rua Camerino 5 – Saúde
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