“Fazer ‘publi’ para os outros é legal, mas eu queria fazer ‘publi’ para mim”, brinca o carioca Matheus Costa no vídeo que postou no Instagram para divulgar Mazé. Costa ganha a vida como influenciador digital. Ele tem 3,4 milhões de seguidores no Instagram, 5,9 milhões no TikTok e seu canal no YouTube está perto de atingir a marca de 700 mil inscritos. Mazé é o seu bar, inaugurado no início de julho.
Na Rua Ronald de Carvalho, em Copacabana, o novo produto contrasta radicalmente com as tradicionais tabernas espalhadas pelo bairro. Com uma decoração futurista e uma série de “spots instagramáveis”, o Mazé apresenta-se como uma “loja de bebidas” e como um destino ideal para o início e o fim da noite — os frequentadores preferem falar do “depois”.
A carta de bebidas, que leva a assinatura do bartender português Rafael de Matos, traz coquetéis como o Passion Luxe, uma combinação de vodca, maracujá e água de coco. A cozinha serve petiscos como tiraditos de gorgonzola, feitos com massa artesanal, queijo gorgonzola, gergelim e cebola caramelizada, além de sanduíches, pratos principais e sobremesas.
Aparentemente, bares e restaurantes pertencentes a influenciadores digitais estão cada vez mais comuns. É o caso do Le Bulô, no Itaim, em São Paulo. Inaugurado em março, o restaurante de peixes também pertence ao influenciador digital Mateus Verdelho, que tem quase 930 mil seguidores no Instagram.
O empreendimento é comandado pelo chef carioca Ricardo Lapeyre, um dos sócios. Ele confessa que torceu o nariz, num primeiro momento, com a entrada de Verdelho na sociedade, mas admite que mordeu a língua. “Fiquei surpreso com as boas ideias que ele deu para o negócio”, diz o chef. “É ótimo ter a perspectiva de alguém que não está na mesma área que a minha.”
Uma fatia do Le Bulô pertence ao restaurateur Marcelo Torres, dono do grupo BestFork, que inclui Giuseppe Grill, Yusha e Nolita Roastery, entre outros endereços no Rio de Janeiro. Outro dono de fatia do estabelecimento Lapeyre é o chef Elia Schramm, dono do Babbo Osteria e do Si-chou, em Ipanema, espaço para eventos em Botafogo e do buffet Sotto Gastronomia.
Com currículo que inclui participações nos reality shows “A Fazenda”, da Record, e “De Férias com o Ex”, da MTV, Vini Büttel é um dos sócios do Reserva Rooftop, no Jardim das Perdizes, em São Paulo. “Acredito que trouxe uma visão inovadora para o negócio”, diz ele, que tem 1,1 milhão de seguidores no Instagram.
Büttel diz que se dedica ao Reserva Rooftop de segunda a segunda. “Contribuo no planejamento, no marketing e no dia a dia”, resume, nunca tendo empreendido esse negócio antes de abrir o bar no Jardim das Perdizes. “Aprendo todos os dias com este negócio.” Os demais sócios são Renato Cury e Leo Cury, proprietários de diversos outros empreendimentos gastronômicos, como o High Line, na Vila Madalena, e o LouLou, nos Jardins.
Inaugurado em janeiro do ano passado, o Reserva Rooftop foi instalado na cobertura de um estande de vendas da construtora Tecnisa —foi a empresa que construiu e planejou as torres residenciais do bairro. Espaçoso, o bar serve pratos como pappardelle com ragu de linguiça. Uma das bebidas é o Puerto Escondido, feito com tequila, xarope de agave, abacaxi, limão Tahiti e vinho do Porto.
Os restaurantes e bares de propriedade de celebridades têm mais chances de sucesso? “As redes sociais têm um papel cada vez mais importante no sucesso desses empreendimentos”, lembra Fernando Blower, presidente do Sindrio, Sindicato dos Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro. “Parceiros com muitos seguidores, portanto, ajudam a dar visibilidade ao negócio, o que é inegável. Se esses seguidores se transformarão em clientes, entretanto, é outra questão.”
Só costuma dar certo, acrescenta o presidente do Sindrio, se o empreendimento corresponder à base de seguidores do ilustre sócio. “Se o público dele for completamente diferente do público-alvo do bar ou restaurante, não vai adiantar em nada”, argumenta Blower.
A lista de celebridades que se aventuraram nesse ramo é extensa. Robert de Niro, por exemplo, uniu-se ao chef de sushi Nobuyuki Matsuhisa para criar a rede Nobu, hoje com mais de 40 restaurantes e treze hotéis. A fama do ator e da marca, porém, não foi suficiente para o sucesso da filial paulista —inaugurada com alarde em 2018, fechou no ano seguinte.
Alguns projetos têm proprietários ilustres e pouca gente os conhece. É o caso de Maní, que ostenta uma estrela Michelin. Uma das fundadoras é a apresentadora Fernanda Lima. Mas o crédito pelo sucesso do restaurante vai inteiramente para a chef Helena Rizzo e seu braço direito, o belga Willem Vendeven, bem como para os holofotes.
O ator Bruno Gagliasso era um dos proprietários do Le Manjue Organique e da extinta unidade nos Jardins da hamburgueria americana Burger Joint. O ator Ricardo Tozzi é um dos sócios da Casa Cascais, empreendimento paulista que reúne salão de beleza, academia e opções gastronômicas como Fiera Pizza e Café do Santo.
Felipe Massa entra para a lista de celebridades que iniciaram no ramo desde 2020. Naquele ano, abriu a filial paulista do Beefbar. A marca foi criada pelo restaurateur italiano Riccardo Giraudi em Monte Carlo, no principado de Mônaco, onde mora o ex-piloto de Fórmula 1. As outras filiais em operação estão em destinos populares como Mykonos e Saint-Tropez.
Cliente habitual da sede do Beefbar, Massa montou a versão brasileira em parceria com o irmão, Dudu Massa, e o empresário Ruly Vieira, que tem vasta experiência no setor de restaurantes e bares. Este ano, o trio dobrou a aposta ao abrir, na mesma cidade, uma filial da Song Qi, cuja sede também fica em Mônaco.
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