Para o Festa de junho e julho São um evento de sul a norte do Brasil, mas isso não significa que os mesmos alimentos tenham os mesmos nomes — nem que tenham os mesmos ingredientes.
Um exemplo é que o doce Curaucomo é conhecido em Pernambucanoisso é conhecido como canjica em São Paulo; e canjica paulista é o doce munguzá de Pernambuco.
A CNN Conversei com Fabiane AltinoProfessor Associado do Departamento de Literatura Vernácula e Clássica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), para entender o que faz com que os mesmos alimentos recebam um nome em cada região do Brasil.
Segundo Altino, as palavras refletem “de uma forma muito particular” a história de quem as utiliza. “Quando analisamos o vocabulário regional, por exemplo, estamos também revendo os fatos que contribuíram para a formação daquele povo: a migração, a cultura, sua forma de ver e representar o mundo e suas conexões”, explica.
Você nomes de pratos típicos surgiram da influência de outras línguas. O termo curau, segundo o professor, intriga os pesquisadores. Afinal, não foi encontrada a origem da palavra, mas ela se refere ao doce feito com milho ralado e leite, que pode ser com ou sem coco. “Esse termo curau é mais comumente registrado nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul”, explica.
A palavra canjica, porém, tem origem em Kimbundu, uma língua falada em Angola. Assim, o uso deste termo reflete a maior influência do continente africano nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
“A canjica, do Kimbundu Kanjika e referente ao mesmo doce, tem maior produtividade nas Regiões Norte e Nordeste”, acrescenta.
As palavras refletem a história social da região, segundo Altino. “Quando usamos a linguagem, usamos também o que conhecemos do mundo, das nossas escolhas, da nossa cultura e, tudo isso, reflete um pouco de quem somos”, finaliza.
As diferenças de nomes alteram os pratos?
O chefe Carmem Virgíniado restaurante Altar da Cozinha Ancestralque foi declarado Patrimônio Cultural e Gastronômico do Recife, afirma que, em geral, não há diferença no preparo dos pratos —mesmo tendo nomes diferentes.
Mesmo assim, ela garantiu que o maior diferencial é que a canjica é sempre feita com milho branco. “A Manjica, que para nós no Nordeste é munguzá, no Sul e Sudeste tem tradição de ser feita mais com milho branco, mas para nós é feita com milho amarelo”, explica.
O chefe Irina Cordeiro, ex-participante do MasterChef Profissionais e responsável pelo restaurante Cuscuz da Irina, lembra também que o munguzá costuma ser doce no Sul e no Sudeste, mas é um prato salgado em algumas regiões do Nordeste. “Principalmente no interior e no sertão, isso é feito salgado. É assim que fazemos uma feijoada: juntamos vários pedaços de carne de porco, carne seca e comemos num prato salgado”, diz.
Ela afirma ainda que o preparo do munguzá (ou canjica), nas regiões do Nordeste, segue a tradição da festa junina portuguesa. “O nosso munguzá, que o Sudeste chama de canjica, é feito com muitas miudezas, como os portugueses comiam”, finaliza.
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