Estão em vários lugares: nas calçadas, nos jardins, nos ralos e, às vezes, dentro de nossas casas. Para o baratas São uma das pragas mais odiadas do mundo e representam, para muitas pessoas, um grande medo, principalmente quando aparecem no ambiente doméstico. Mas, afinal, qual a origem desse inseto onipresente? Um novo estudo, publicado nesta segunda-feira (20), pode ter as respostas.
A procurarpublicado em Anais da Academia Nacional de Ciênciassugere que o barata alemã — uma das espécies mais comuns em todo o mundo e popularmente conhecida como “barata de cozinha”- originado no Sul da Ásia, apesar do nome. Além disso, os pesquisadores descobriram que ele pode ter se espalhado pelo mundo devido ao seu afinidade com habitats humanoso que explica por que encontramos esses insetos com tanta frequência na vida cotidiana.
O termo “barata alemã” foi usado para nomear o Blattella germânica pelo biólogo sueco Carl Linnaeus, que foi o primeiro cientista a descrever a barata, em 1776, na Europa. Foi aí que surgiu a hipótese de que as baratas se originaram na Alemanha. Porém, segundo os pesquisadores do novo estudo, isso é um erro.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores analisaram os genomas de 281 baratas alemãs recolhidas em 17 países, incluindo Austrália, Etiópia, Indonésia, Ucrânia e Estados Unidos. A partir da análise, eles conseguiram identificar semelhanças e diferenças entre os genomas para estimar quando e onde as populações de baratas poderiam ter sido estabelecidas.
Os pesquisadores descobriram que o parente vivo mais próximo da barata alemã é provavelmente a barata asiática. Blattella asahinai, que ainda pode ser encontrado no sul da Ásia. Eles estimam que Blattella germânica separado desta espécie asiática há cerca de 2.100 anos.
Migração de baratas do Sul da Ásia para a Europa e o resto do mundo
Os cientistas acreditam que a barata alemã viajou para oeste, em direção ao Médio Oriente, “pegando boleia” com o tráfego comercial e militar dos califados islâmicos há cerca de 1.200 anos. Depois disso, pode ter começado a espalhar-se para leste há aproximadamente 390 anos, com a ascensão do colonialismo europeu e o surgimento de empresas comerciais internacionais, como as Companhias Holandesas e Britânicas das Índias Orientais.
Cerca de um século depois, a barata alemã pode ter “pegado carona” até a Europa e, de lá, se espalhar pelo mundo, segundo pesquisadores.
Segundo Franz Essl, ecologista da Universidade de Viena, as baratas alemãs conseguiram espalhar-se e sobreviver até aos dias de hoje devido à “sua extraordinária adaptabilidade”. Ele explica, em artigo publicado em Naturezaque esse inseto é capaz de se adaptar rapidamente a ambientes altamente modificados, inclusive ao ambiente urbano ocupado pelo homem.
Além disso, são insetos “oportunistas”, o que “os torna propensos a serem transportados como caronas para novos lugares”, segundo Essl. “Esta é uma combinação perfeita de ingredientes para tornar uma espécie muito bem sucedida num mundo em forma humana.”
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