O Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta sobre o oceano pacífico com base em um estudo de seu nível médio global nos últimos 3.000 anos. Entre vários locais que poderão ser afetados, o documento, divulgado nesta segunda-feira (26), aponta que duas cidades do estado do Rio de Janeiro (a capital fluminense e o distrito de Atafona) estão sob ameaça de inundação, com a possibilidade de elevação do nível do mar em até 21 centímetros até 2050.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), que produziu um dos documentos utilizados para fazer as estimativas da ONU — que também analisou informações de satélites da NASA (Agência Espacial Americana) — a taxa de aumento do nível do mar mais que dobrou na última década em comparação com o anterior.
A projeção mostrou que na cidade do Rio de Janeiro e Atafona o nível do mar subiu 13 centímetros entre 1990 e 2020 e que a estimativa é que, entre 2020 e 2050, essa medida aumente mais 16 centímetros (com margem de erro entre 12 e 21 centímetros).
O documento “Surging Seas in a Warming World: the Latest Science on Present-day Impacts and Future Projects of Sea Level Rise” (aumento do nível do mar, em português), detectou que, além da Rio de Janeiroestas mudanças também ameaçam dezenas de megacidades costeiras em todos os continentes, incluindo – mas não se limitando a – Bangkok, Buenos Aires, Dhaka, Guangzhou, Jacarta, Lagos, Londres, Los Angeles, Miami, Mumbai, Nova Orleans, Nova York, Xangai e Tóquio.
“As ações e decisões climáticas tomadas pelos líderes políticos e decisores políticos nos próximos meses e anos determinarão o quão devastadores se tornarão estes impactos e a rapidez com que se agravarão”, afirma o relatório.
Segundo o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, a razão da mudança é clara: “Gases com efeito de estufa – predominantemente gerados pela queima de combustíveis fósseis. Eles estão cozinhando nosso planeta. E o mar está aguentando o calor.”
Os riscos deste aumento do nível citado pelo relatório são as inundações costeiras e o aumento da subsidência de terras em locais explorados pela acção humana: como em locais onde são construídas barragens ou onde é realizada a extracção de água subterrânea e de combustíveis fósseis.
“A elevação dos mares é uma crise inteiramente criada pela humanidade.
Uma crise que em breve irá atingir uma escala quase inimaginável.”
Em Tonga, @antonioguterres apela a cortes drásticos nas emissões globais, à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e ao reforço dos investimentos na adaptação climática. pic.twitter.com/A0ISdgyk2H
– Nações Unidas (@ONU) 26 de agosto de 2024
Estes riscos associados à subida do nível do mar podem levar a danos adicionais à água salgada que entra nos aquíferos e rios, ao recuo da linha costeira e a alterações ou perda de ecossistemas e sectores económicos costeiros.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Laboratório de Impacto Climático (CIL), 14 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em comunidades costeiras que poderão sofrer inundações nos próximos 20 anos.
O relatório diz ainda que já não existe uma solução definitiva para os danos causados aos mares.
“Mesmo depois de as emissões líquidas zero serem alcançadas, o aumento do nível do mar continuará devido ao aquecimento dos oceanos e ao derretimento do gelo terrestre comprometido, que ocorrerá como resultado do aquecimento causado pelas emissões passadas. Consequentemente, o nível do mar está empenhado em aumentar há séculos, durante milénios, e permanecerá elevado durante milhares de anos”, afirmou a ONU no documento.
No entanto, os investimentos na adaptação estrutural mostram um elevado potencial para reduzir os riscos futuros de inundações costeiras, salienta o documento. Os benefícios destas medidas excederiam os custos de aplicação e manutenção a nível mundial e na maioria das regiões.
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