Uma falha de grande magnitude, que compromete o funcionamento dos sistemas interligados e, portanto, pode afetar uma parcela significativa dos seus usuários e todos os serviços vinculados ao funcionamento desses sistemas. É isso que caracteriza um apagão cibernético, segundo Marcelo Lau, especialista em segurança eletrônica e mestre em sistemas eletrônicos pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Em entrevista com CNN, o professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP) explicou que a palavra “cibernética” serve justamente para definir o ramo de estudos que olha para sistemas interligados. Ele explicou que, no caso do apagão cibernético ocorrido nesta sexta-feira (19), a falha foi apresentada na atualização do Crowdstrike, programa de segurança cibernética, que afetou o funcionamento do sistema operacional Windows.
“Uma situação crítica como essa, que envolve o impacto de um sistema operacional amplamente utilizado aliado a uma solução de segurança que é crowdstrike, acabou na verdade resultando em uma série de perdas funcionais do sistema operacional e, consequentemente, de toda e qualquer aplicação de segurança . serviço mantido neste ambiente”, afirmou Lau.
Diogo Cortiz, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em Tecnologias de Inteligência e Design Digital, disse que a escala do apagão cibernético desta sexta-feira foi proporcional ao número de clientes que a Crowdstrike arrecada ao redor do mundo. mundo.
“Companhias aéreas, hospitais, serviços públicos. Todo esse conjunto de empresas acabou sendo afetado”, afirmou. “As empresas começaram a receber essa atualização, o sistema sofreu essa penalidade que afetou os clientes e isso trouxe esse panorama que vivemos hoje.”
Para Cortiz, a situação ilustra a dependência que a humanidade tem de fornecedores específicos, que, quando falham, podem, sozinhos, comprometer o funcionamento de uma ampla gama de serviços oferecidos em todo o mundo.
“Tínhamos empresas espalhadas pelo mundo, vários segmentos que ficaram offline por conta de um fornecedor de tecnologia específico”, reforçou.
Efeitos do apagão cibernético desta sexta-feira
As principais companhias aéreas dos EUA ordenaram a paragem na sexta-feira, alegando problemas de comunicação, enquanto outras transportadoras, empresas de comunicação social, bancos e empresas de telecomunicações em todo o mundo também relataram que falhas no sistema estavam a perturbar as suas operações. .
O problema levou ao cancelamento de milhares de voos em todo o mundo. Até às 7h, 1.390 voos foram cancelados em mais de 110 mil partidas planejadas.
Na Austrália, os meios de comunicação, os bancos e as empresas de telecomunicações sofreram perturbações. Vários países da Ásia também foram afetados, assim como da Europa.
Na Alemanha, uma das maiores instalações de saúde da Europa, o Centro Médico Universitário Alemão Schleswig-Holstein (UKSH), cancelou todos os procedimentos eletivos esta sexta-feira, de acordo com um comunicado no seu site.
No Brasil, companhias aéreas, bancos, hospitais, locadoras de veículos e até o Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram impactos em suas operações.
Quanto tempo levará para restabelecer os sistemas?
O restabelecimento integral dos sistemas operacionais e a consequente normalização das consequências de um ataque cibernético é uma tarefa complicada, como explica Marcelo Lau. Segundo o professor da FIAP, a recomendação atual é que os técnicos atuem manualmente, máquina por máquina, para corrigir os problemas apresentados pela falha do Crowdstrike.
“Dado que algumas empresas possuem inúmeros sistemas, máquinas, estações de trabalho, servidores, serviços — sejam eles em local próprio ou em ambiente de nuvem — isso tende a ter consequências ao longo do dia, pelo menos. Se isto não se prolongar até ao final da semana”, reforçou.
Ou seja, quanto maior for a força de trabalho alocada na área de tecnologia das empresas, mais rápido as coisas voltarão ao normal. O problema, porém, são os efeitos em cadeia.
“Se estou no aeroporto esperando o embarque e conto com o retorno do serviço, diria que o impacto é claro e duradouro até que o problema seja resolvido”, disse Lau.
Entenda a falha cibernética global que afetou voos, bancos e hospitais
Veja fotos do apagão cibernético em todo o mundo
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Filas de passageiros esperam na fila no aeroporto de Suvarnabhumi observando aviões atracados enquanto uma falha cibernética global causada por uma interrupção da Microsoft e um problema de TI do CrowdStrike se combinam para afetar os usuários Crédito: Mailee Osten-Tan/Getty Images
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Longas filas de passageiros se formam nos balcões de check-in do Aeroporto Internacional Ninoy Aquino em meio a uma interrupção cibernética global. Crédito: Ezra Acayan/Getty Images
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Passageiros esperam no aeroporto de Barajas após operadora espanhola Aena reportar “incidente” em sistemas informáticos Crédito: 19/07/2024. REUTERS/Elena Rodríguez
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Os viajantes fazem fila nos balcões de check-in do Aeroporto Internacional de Hong Kong em 19 de julho de 2024 em Hong Kong, China. Crédito: Anthony Kwan/Getty Images
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Telas com mensagens de erro exibidas na Disneyland Paris após interrupção tecnológica global. Crédito: Reuters
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Passageiros olham para uma tela que exibe voos atrasados em meio a uma falha cibernética global no Aeroporto de Barcelona em 19 de julho de 2024 em Barcelona, Espanha. Crédito: David Ramos/Getty Images
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Nesta ilustração fotográfica, uma tela de televisão exibe um anúncio da BBC que diz “Desculpe! Algo deu errado.” já que o canal CBBC está fora do ar devido a uma falha cibernética global em 19 de julho de 2024 em Londres, Reino Unido. Crédito: Jack Taylor/Getty Images
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Aena da Espanha relata ‘incidente’ com sistemas de computador em todos os aeroportos espanhóis Crédito: Reuters
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Longas filas no aeroporto australiano enquanto a interrupção cibernética global afeta os voos Crédito: Reuters
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Voos cancelados no aeroporto de Berlim após falha cibernética global Crédito: Reuters
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Estação ferroviária de Florença, na Itália, registra atrasos e movimentação intensa em dia de apagão cibernético Crédito: Enzo Kfouri/Arquivo Pessoal
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Terminal 1 do Aeroporto Internacional Don Mueang em Bangkok durante o apagão Crédito: 19/07/2024 REUTERS/Chalinee Thirasupa
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