O cientista brasileiro César Lattes recebeu, nesta quinta-feira (11), uma homenagem do Google, que incluiu sua foto e uma ilustração animada de átomos em sua página de busca. A homenagem foi concedida no dia em que o físico completaria 100 anos se estivesse vivo.
Nasceu em Curitiba, em 11 de julho de 1924, e fez carreira na ciência para se tornar um dos maiores nomes do Brasil e dar nome à plataforma que reúne a história acadêmica de todos os cientistas e pesquisadores do Brasil, o Lattes. Foi um dos responsáveis pelo estudo dos mésons paraenses, o que rendeu a Cecil Powell, chefe do laboratório onde trabalhava, o Prêmio Nobel de Física em 1950.
César Lattes iniciou sua carreira científica em casa, conforme informou a Sociedade Brasileira de Física. Seu pai era dono de um banco em Turim, na Itália, e financiou o físico ucraniano Gleb Wataghin, de quem Lattes se tornou próximo desde muito jovem. Em 1943, aos 19 anos, o jovem ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) da Universidade de São Paulo (USP), onde Wataghin trabalhava, para estudar física.
Lá, o brasileiro pesquisou raios cósmicos e, segundo o acervo do Instituto de Física da USP, foi convidado pelo professor Giuseppe Occhialini para trabalhar no laboratório de Cecil Powell na Universidade de Bristol, no Reino Unido. Ele trabalhou no desenvolvimento de um detector de partículas que melhorou as placas fotográficas comuns, o que o levou a operar um acelerador de partículas na Universidade de Cambridge.
Com liberdade de pesquisa e curiosidade, Lattes iniciou o caminho que levaria ao desenvolvimento da física atômica no Brasil. Foi a seu pedido que Occhialini realizou um experimento durante uma viagem de esqui à França em 1946 e documentou, pela primeira vez, a existência de mésons, partículas subatômicas cuja existência ainda não havia sido registrada pela ciência. O que foi observado nos Pirenéus franceses instigou uma observação ainda mais precisa, feita no Monte Chacaltaya, na Bolívia, e culminou na entrega do Prêmio Nobel de Física a Cecil Powell, que chefiou o laboratório onde Lattes trabalhava, em 1950.
Em 1947, para dar continuidade às pesquisas, Lattes foi trabalhar na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, com o físico Eugene Gardner, ganhador do Prêmio Nobel em 1939. Sua missão, então, era utilizar um poderoso acelerador de partículas de o laboratório do físico e produzir mésons artificialmente. Ao final da bolsa, recusou convite para trabalhar em Harvard, também em território norte-americano, e optou por retornar ao Brasil e desenvolver a física nacional, como revelou em entrevista à revista Ciência Hoje, cujo trecho foi reproduzido pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
“Pensamos em melhorar o Brasil”, disse Lattes, que recebeu o título de Doutor Honoris Causa da USP aos 23 anos, em 1948.
No Brasil, o físico foi um dos idealizadores e diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e deu aulas na USP, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em um de seus trabalhos, Lattes trabalhou com cientistas japoneses para estudar “bolas de fogo”, fenômeno que se supõe ser uma nuvem de mésons. Para conseguir esse feito, liderou a implantação de câmaras expostas a raios cósmicos no Monte Chacaltaya, onde hoje funciona o Laboratório de Física Cósmica da Universidade Mayor de San Andrés, na Bolívia.
O físico morreu de câncer de bexiga e edema pulmonar, aos 79 anos, no Hospital das Clínicas, em Campinas, interior de São Paulo, conforme noticiou o site da Alesp na época.
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