Um novo mapeamento revelou que existem 403 iniciativas voltadas à inovação social na longevidade no Brasil, organizadas em 30 frentes de atuação distribuídas por todas as regiões do país. O estudo foi realizado pelo Lab Nova Logenvidade em parceria com a organização Ashoka, Instituto Beja e Itaú Viver Mais, e foi divulgado neste domingo (29), na abertura do evento Longevidade Expo+Fórum, em São Paulo.
A pesquisa avaliou iniciativas governamentais, iniciativas privadas, organizações da sociedade civil, academia, startups e produtores de conteúdo e mídia, fornecendo um raio X dos esforços de diferentes setores da sociedade mobilizados em torno dos desafios e oportunidades do envelhecimento.
Segundo o Censo 2022, 10,9% da população brasileira tem 65 anos ou mais, representando um crescimento significativo em relação às últimas décadas. Em 1980, esta faixa etária representava apenas 4%. Quanto ao Índice de Envelhecimento, era de 55,2 em 2022, indicando que há 55,2 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.
Estes números apontam para um envelhecimento acelerado da população que, combinado com a revolução tecnológica, está a redefinir a forma como os idosos acedem aos serviços, interagem com as suas comunidades e contribuem para a sociedade.
“Falar de longevidade é pensar no futuro. O Brasil vive um cenário de envelhecimento progressivo da população e, mais do que apenas abordar o tema de forma específica, queremos realizar um trabalho permanente que ajude o país a construir políticas públicas para valorizar as pessoas com mais de 50 anos por meio da coordenação de conversas relevantes com autoridades, instituições públicas, pesquisadores, acadêmicos, profissionais e outros agentes que possam influenciar essa cadeia, além dos próprios idosos”, afirma Luciana Nicola, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.
Principais descobertas do mapeamento
Segundo o estudo, a maior concentração de iniciativas mapeadas estava na região Sudeste (62%), seguida por Nordeste (19%), Sul (11%), Centro-Oeste (5%) e Norte (3%). A maior concentração de entrevistados ficou em São Paulo (42,2%), Rio de Janeiro (10,2%), Minas Gerais (9,7%), Pernambuco (7,2%), Rio Grande do Sul (5,2%) e Bahia (5,0%). ).
Além do Distrito Federal, 24 dos 26 estados brasileiros participaram do mapeamento com pelo menos uma iniciativa. As exceções foram o Estado do Acre e Rondônia, na Região Norte.
Dentre as iniciativas mapeadas, 98,5% acreditam ter impacto social e 62,3% estão em operação há 5 anos ou mais. Do total, 48,1% impactaram mais de mil pessoas. Entre os temas que as iniciativas consideram contribuir estão o “envelhecimento saudável” (82%), “novas narrativas para a longevidade” (70%) e “diversidade e inclusão” (66%), considerados os mais relevantes, enquanto a “educação financeira” (24%), “qualificação profissional” (21%) e “educação midiática” (17%) foram os menos relevantes.
A pesquisa também destaca desafios persistentes, decorrentes do alto índice de analfabetismo (15,4%) e do baixo uso da internet (51%) entre a população com 60 anos ou mais no Brasil.
“O mapeamento realizado no primeiro ano do Lab Nova Longevidade nos coloca diante de ecossistemas dinâmicos e vivos, que fazem parte de uma infraestrutura capaz de promover mudanças por meio de inovações sociais. Foi a escuta atenta e sensível, ao longo deste processo, que resultou num mapeamento tão poderoso”, afirma Cristiane Sultani, presidente do Instituto Beja.
“Diante do rápido envelhecimento da população no Brasil, é fundamental que haja agilidade para aproveitar esta oportunidade única de utilizar o conhecimento, a tecnologia e, sobretudo, o capital humano, para catalisar transformações em direção à ‘nova longevidade’. A filantropia, neste contexto, assume uma visão estratégica para a utilização do capital catalisador e é com muita alegria que o Instituto Beja tem participado nesta revolução. Vamos construir juntos uma nova narrativa”, completa.
Além dos dados, o relatório de mapeamento também fornece uma análise das barreiras e lições compartilhadas pelas iniciativas mapeadas. Segundo o documento, a educação foi apontada pelo ecossistema como uma das principais barreiras para uma sociedade participativa e equitativa para todas as idades. Outro ponto analisado foi o impacto do idadismo — ou preconceito contra a idade — em diversas manifestações culturais, institucionais e interpessoais.
Segundo o relatório, o impacto do preconceito de idade na economia está relacionado com a exclusão dos idosos do mercado de trabalho. Na política, o preconceito contra a idade foi citado como motivo para cidadãos e deputados se afastarem da agenda do envelhecimento, pois evitariam identificar-se com o assunto. O auto-envelhecimento também foi identificado como limitante da aprendizagem e da participação.
Mapeando especialista em IA usada em inovação social em longevidade
Os dados do mapeamento foram analisados com a ajuda do “New Longevity Brain”, uma inteligência artificial (IA) especializada em inovação social para longevidade, treinada pela equipe New Longevity da Ashoka. A tecnologia utiliza infraestrutura digital e tecnologias exponenciais para expandir a sabedoria coletiva aos serviços de inovadores sociais que trabalham na área de longevidade no Brasil e em todo o mundo.
“Os inovadores sociais têm o desafio de ouvir as demandas das comunidades onde atuam, sem perder de vista que estão conectados e influenciados por um ecossistema com diferentes atores. Compreender este ecossistema é fundamental para desenvolver soluções e colaborações mais eficazes e que possam alcançar um impacto mais amplo”, analisa Maria Clara Pinheiro, líder global da Nova Longevidade Global da Ashoka.
O “Novo Cérebro da Longevidade” reúne informações especializadas e confiáveis para ajudar os inovadores sociais a compreender de forma profunda e abrangente as suas comunidades e o ecossistema mais amplo. Isto significa que a IA é capaz de transformar o conhecimento acumulado no domínio da longevidade em sabedoria colectiva para os serviços ecossistémicos, com o compromisso de agir sobre problemas sistémicos e de dimensionar o impacto das inovações que respondem aos desafios e oportunidades do envelhecimento.
“Além disso, a Apurva possui uma ferramenta de escuta das demandas das comunidades no WhatsApp e um recurso de voz, cuja análise também é feita com base no conhecimento acumulado pelo ‘Novo Cérebro da Longevidade’. Isto é particularmente importante quando reconhecemos que as idades avançadas são heterogéneas”, acrescenta Marília Duque.
No Brasil, o Lab Nova Longevidade realizará campanhas de escuta nos territórios para ouvir os idosos sobre temas como Voluntariado e Cuidado, entre outros.
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