O Dieta DASH — cuja sigla vem de Dietary Approaches to Stop Hypertension ou Diet to Combat Hypertension, em português — refere-se ao plano alimentar criado por cientistas nos Estados Unidos, há mais de duas décadas, para ajudar a controlar a pressão arterial. Ao longo dos anos, porém, o DASH apareceu em estudos para uma ampla gama de benefícios, que vão além da proteção cardiovascular.
Trabalho publicado em junho na revista Nutrição BMC mostra que essa dieta, aliada ao uso de medicamentos corretos e outras estratégias terapêuticas, pode ajudar no alívio da asma. A conclusão veio de uma pesquisa realizada pela Universidade de Ciências Médicas Shahid Sadoughi, no Irã, com mais de 7,6 mil crianças e adolescentes. Por meio de questionários e análises médicas, foi encontrada uma ligação entre o modelo dietético DASH e uma melhora nos sintomas.
A doença respiratória, marcada pela inflamação dos brônquios – estruturas que levam o ar aos pulmões – provoca chiado no peito, tosse, falta de ar, cansaço e prejudica a qualidade de vida. “O estudo destaca o potencial papel protetor do DASH na asma, mas são necessárias mais pesquisas para propor recomendações”, comenta a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. Ela reforça que, apesar do grande número de participantes, esse tipo de estudo não estabelece relação de causa e efeito.
Os pesquisadores atribuem os resultados à mistura de nutrientes e outras substâncias benéficas provenientes do cardápio. “Frutas, verduras e legumes contêm sais minerais e vitaminas A, C e do complexo B, entre outros nutrientes com ação antioxidante e que auxiliam na redução da inflamação”, afirma a nutricionista do Einstein.
Esses alimentos também fornecem fibras, assim como outros integrantes do menu DASH, ou seja, grãos integrais, sementes e nozes. “As fibras passam por um processo de fermentação no intestino, favorecendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta, que são antiinflamatórios”, explica Modenezi.
Todas essas conquistas fazem da dieta uma das mais estudadas — há evidências de seu papel na redução dos níveis de colesterol e no combate à obesidade. Mas não é adequado para todos. “Indivíduos com insuficiência renal costumam ter algumas restrições nutricionais”, afirma a nutricionista. No desenho original da dieta, minerais como potássio, cálcio e magnésio têm grande destaque, pois atuam na redução da pressão arterial.
Protagonistas do DASH
Confira o que não deve faltar no padrão alimentar desta dieta. Mas lembre-se: o ideal é procurar um nutricionista para adaptar as quantidades individualmente.
Frutas
Uma dica é apostar na sazonalidade. As frutas da estação são mais saborosas e há evidências de que contêm mais nutrientes. E que tal valorizar os exemplares nativos? Jabuticaba, goiaba, caju e pitanga são exemplos de frutas brasileiras. “Pelo menos três porções ao dia”, recomenda a especialista. Eles podem até ser usados como opções de sobremesa.
Vegetais
Folhas verdes como espinafre, rúcula, couve, além de brócolis, acelga e outros vegetais, como cenoura, beterraba, berinjela e abobrinha, são exemplos. Aqui também vale atentar para a tabela de colheita.
Grãos e cereais
Cereais como trigo, aveia, arroz e seus derivados, ou seja, pães, massas e afins, são recomendados, sempre com equilíbrio. A sugestão é priorizar versões completas.
Oleaginosas, sementes e leguminosas
Nozes, amêndoas, avelãs, além dos nossos amendoins e castanhas de caju e do Pará, são representantes das oleaginosas. Feijão, ervilha, lentilha e grão de bico fazem parte do grupo das leguminosas. E ainda há espaço para sementes de chia, linhaça, girassol, entre outras.
Laticínio
Queijos, iogurtes e leites, preferencialmente desnatados, também ganham destaque no DASH.
Carnes
Peixes e aves são os tipos recomendados, as carnes vermelhas devem ser consumidas sem exageros, priorizando cortes menos gordurosos.
Cuidado com o sódio
Embora o estudo sobre asma não tenha enfatizado esse ponto, o DASH recomenda atenção ao sódio, pois promove aumento da pressão arterial. Além de evitar alimentos ultraprocessados, principalmente salgadinhos, alguns congelados e fast food, vale tomar cuidado redobrado na hora de salgar as receitas e não deixar o saleiro à mesa durante as refeições.
Uma dica deliciosa chama-se sal de ervas. “Ele acrescenta ervas como alecrim, manjericão, orégano, salsinha, batidas no liquidificador, com um pouco de sal”, ensina a nutricionista.
Veja mudanças na dieta que reduzem mortes e impacto ambiental
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