Medicamentos como Ozempicoda Novo Nordisk, e o Mounjaroda Eli Lilly, ganhou popularidade devido aos seus efeitos na perda de peso. Apesar de serem indicados para o tratamento do diabetes tipo 2, esses medicamentos reduzem o apetite e aumentam a sensação de saciedade, promovendo perda significativa de peso.
Porém, para que esses efeitos sejam duradouros, sustentáveis e, acima de tudo, saudáveis, é importante que sejam incluídos na rotina do paciente juntamente com estratégias alimentares específicas e integrando outros cuidados que vão além da aplicação regular desses medicamentos.
“Esses medicamentos precisam estar associados à reeducação nutricional, ao acompanhamento médico contínuo e, principalmente, ao planejamento de longo prazo para evitar a volta dos quilos perdidos e garantir uma boa saúde geral”, afirma Isabella Reis, nutricionista da Seed, clínica de nutrição localizada em São Paulo.
Como Ozempic e Mounjaro levam à perda de peso?
Ozempic e Mounjaro, apesar de terem a mesma indicação e resultados semelhantes, são compostos por princípios ativos diferentes. O primeiro é composto por semaglutidaum medicamento da classe dos análogos do hormônio GLP-1 que atua na secreção de insulina pelo pâncreas, regulando a glicemia e também promovendo a redução do apetite, como explica Lorena Lima Amato, em artigo publicado anteriormente no CNN.
Na verdade, a semaglutida é o mesmo ingrediente ativo que Wegovymedicamento da Novo Nordisk indicado para o tratamento da obesidade. A caneta emagrecedora foi aprovada no Brasil em janeiro de 2023, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e está disponível para venda desde o final de julho deste ano.
Mounjaro é composto por tirzepatidauma molécula agonista dupla de GLP-1 e GIP, hormônios gerados no intestino e liberados após as refeições. Isso significa que o medicamento tem a capacidade de estimular a ação tanto do GLP-1 quanto do GIP, aumentando a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle da glicemia.
Num estudo, Mounjaro provou ser mais potente que Ozempic e Wegovy para perda de peso. Na análise, ambos os medicamentos foram eficazes para perda de peso, mas 82% das pessoas que tomaram tirzepatida alcançaram uma redução de 5% no peso inicial após um ano de uso, em comparação com cerca de 67% das pessoas que tomaram semaglutida.
Como manter a perda de peso por mais tempo e sem riscos à saúde?
Apesar dos benefícios no tratamento da obesidade, o uso de medicamentos como Ozempic e Mounjaro deve ser feito com cautela e orientação médica. Isso porque a redução do apetite causada por eles pode levar a deficiências nutricionais, como perda de vitaminas e minerais. “Comer menos não significa necessariamente comer melhor”, alerta Reis. “É aqui que a nutrição personalizada se torna crucial para evitar efeitos colaterais indesejados, como perda muscular ou fraqueza.”
Para isso, uma das recomendações é dividir as refeições para oferecer maior suporte nutricional ao organismo. “Com o apetite reduzido, o ideal é consumir alimentos com grande potencial nutricional e não consumir ‘calorias vazias’. Isso significa ter uma alimentação rica em nutrientes e até suplementação alimentar, o que pode ser muito interessante nesses casos”, aconselha Mônica Magalhães, nutricionista da Seed.
Além de evitar deficiências nutricionais, manter o acompanhamento nutricional é fundamental para evitar o chamado “efeito sanfona” — ou seja, a volta do peso após o término do uso desses medicamentos. Segundo Magalhães, é importante ter um plano de desmame controlado, associado a um programa de manutenção nutricional e física para evitar rebotes.
“Pode ser interessante usar outro substituto na forma de suplementos quando você parar de usar esses medicamentos. Existem algumas sugestões de fórmulas que podem ter efeito muito semelhante, auxiliando na saciedade, modulando o índice glicêmico dos alimentos e a resistência à insulina”, afirma a especialista.
A prática de atividade física, associada a um plano alimentar bem estruturado, também deve fazer parte do tratamento. Isso porque medicamentos que promovem emagrecimento rápido podem levar à perda de massa muscular — e, consequentemente, a efeitos estéticos indesejados, como flacidez e “cabeça Ozempic”, como aponta Ricardo Barroso, endocrinologista e diretor da SBEM-SP ( Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo), em artigo publicado anteriormente na CNN.
“Para evitar a perda de massa muscular, é importante ter suporte proteico durante todo o tratamento. Além do suplemento proteico, a creatina pode ser interessante para manutenção da massa magra”, afirma Reis. “Tudo isso sem contar o exercício físico. A musculação não deve ficar de lado nesse processo”, reitera.
Fatores psicológicos também devem ser levados em consideração
Ter apoio de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, também é importante durante o processo de emagrecimento. Isso porque o uso desinformado desse tipo de tratamento pode gerar ansiedade, frustração e expectativas irrealistas. “Muitos pacientes acabam se comparando a padrões irrealistas de corpos perfeitos propagados nas redes sociais, o que pode desestabilizar o tratamento”, comenta Magalhães.
Na promoção de um estilo de vida saudável, equilibrado e sustentável, há também a importância de um tratamento informativo, que prepare o paciente não só fisicamente, mas mentalmente e emocionalmente, para as mudanças que o corpo e a mente irão enfrentar.
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