Um novo estudo sugere estender o intervalo entre colonoscopias — teste importante para rastrear o câncer colorretal — de 10 a 15 anos. O artigo, realizado por pesquisadores da saúde de diversos países, foi publicado na revista científica Rede JAMA aberta no último dia 2.
A colonoscopia é um exame do cólon (intestino grosso) e do íleo terminal (porção final do intestino delgado) que permite a observação de detalhes da superfície da mucosa intestinal. O procedimento é importante para detectar precocemente o câncer colorretal, aumentando as chances de sucesso do tratamento.
Atualmente, a recomendação das entidades médicas é que o exame seja repetido a cada 10 anos após resultado negativo para o tumor. No entanto, novas evidências sugerem que o rastreio pode ser feito em locais mais distantes.
Em 2023, por exemplo, um estudo já havia indicado que a detecção precoce do câncer colorretal avançado até 10 anos após uma colonoscopia negativa é rara e que o intervalo entre os exames poderia ser estendido. Na altura, os investigadores descobriram uma baixa prevalência sustentada de cancro colorrectal avançado de aproximadamente 6% a 7% nos homens e 4% a 5% nas mulheres, mesmo mais de dez anos após uma colonoscopia negativa.
Como foi feito o estudo atual?
Para o novo estudoos pesquisadores avaliaram 110.074 adultos suecos sem histórico familiar de câncer colorretal e que tiveram resultados negativos na primeira colonoscopia de rastreamento, realizada entre 1990 e 2016. A maioria dos participantes eram mulheres e a idade média era de 59 anos.
O objetivo dos pesquisadores era comparar os resultados do câncer colorretal entre indivíduos sem histórico familiar da doença (e que receberam uma colonoscopia inicial negativa) e indivíduos que nunca haviam sido examinados antes (grupo controle). Este segundo conjunto era composto por quase 2 milhões de indivíduos.
Os pesquisadores analisaram a taxa de incidência padronizada em 10 anos e a taxa de mortalidade padronizada em 10 anos. Segundo o estudo, o grupo que recebeu as primeiras colonoscopias negativas teve menor risco de desenvolver câncer colorretal e morrer pelo tumor no período de 15 anos.
Diante disso, os autores do estudo concluem que o intervalo de 10 anos entre os exames de colonoscopia para indivíduos com primeiro resultado negativo para câncer colorretal poderia ser estendido para 15 anos. Na visão dos pesquisadores, “um intervalo maior entre os exames de colonoscopia pode ser benéfico para evitar exames invasivos desnecessários”.
Os resultados do estudo podem não ser generalizáveis
Apesar dos resultados, os autores do estudo assumem que existem limitações que devem ser consideradas. Por exemplo, segundo os investigadores, a maioria dos participantes analisados eram brancos e suecos, o que sugere que os resultados obtidos podem não ser generalizáveis para todas as populações.
A SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) continua recomendando que a colonoscopia seja realizada a cada 10 anos por pessoas com 45 anos ou mais, mesmo entre aquelas sem histórico familiar de câncer e que tiveram resultado negativo no primeiro exame.
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