Ó pré-diabetes é um quadro clínico caracterizado por níveis elevados de glicemia, mas não a ponto de caracterizar diabetes tipo 2. sinal de alerta corporal e, se não for tratada adequadamente, aumenta o risco de desenvolver doenças crónicas. No entanto, o pré-diabetes é uma condição silenciosa que muitas vezes não apresenta sintomas e só pode ser diagnosticada através de exames clínicos.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 50% dos pacientes com diagnóstico de pré-diabetes desenvolvem diabetes tipo 2. A mudança de hábitos alimentares e a prática de exercício físico são essenciais para controlar os níveis de açúcar no sangue e evitar a progressão da doença. Portanto, é fundamental identificar a condição precocemente e seguir a orientação médica.
“O pré-diabetes se caracteriza pelo aumento da glicemia, mas é um aumento que não leva ao diagnóstico de diabetes. Porém, é uma condição que aumenta o risco de uma pessoa desenvolver diabetes”, reforça Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ao CNN.
O pré-diabetes apresenta sintomas? Entenda como identificar
De acordo com a Clínica Mayo, uma organização de serviços médicos sem fins lucrativos, o pré-diabetes geralmente não apresenta sintomas. Isso ocorre porque a glicemia ainda não está elevada o suficiente para manifestar sinais clínicos e característicos do diabetes.
“O grande perigo do pré-diabetes é ser um quadro silencioso, ou seja, o paciente não apresenta sintomas nesta fase. Porém, algumas pessoas com pré-diabetes já podem desenvolver complicações típicas do diabetes, como complicações na visão e formigamento nos pés e nas mãos”, afirma Petry.
“Temos que ficar atentos a isso. Quem tem fator de risco para diabetes, como pessoas com sobrepeso ou obesidade, ou quem tem histórico familiar, precisa fazer exames regulares para fazer o diagnóstico precoce”, alerta.
Os sinais e sintomas clássicos que sugerem que um paciente passou do estágio de pré-diabetes para diabetes tipo 2 são:
- Aumento da sede e da fome;
- Micção frequente;
- Fadiga;
- Visão embaçada;
- Dormência ou formigamento nas mãos e pés;
- Infecções frequentes;
- Feridas que demoram para cicatrizar;
- Perda de peso involuntária.
Quais testes ajudam a diagnosticar pré-diabetes?
Por não apresentar sintomas, na maioria das vezes, o pré-diabetes pode ser diagnosticado durante exames de rotina. É o caso da glicemia de jejum, da hemoglobina glicada e do teste oral de tolerância à glicose (também conhecido como curva glicêmica). A American Diabetes Association (ADA) recomenda que o rastreio da diabetes comece aos 35 anos para a maioria dos adultos.
Segundo a Clínica Mayo, os valores de referência para glicemia são:
Teste de glicemia em jejum
- Normal: menos de 100 mg/dL;
- Pré-diabetes: 100 a 125 mg/dL;
- Diabetes: igual ou superior a 126 mg/dL em dois testes separados.
Teste oral de tolerância à glicose
- Normal: menos de 140 mg/dL;
- Pré-diabetes: 140 a 199 mg/dL;
- Diabetes: 200 mg/dL ou mais duas horas após o teste.
Teste de hemoglobina glicada
- Normal: abaixo de 5,7%;
- Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%;
- Diabetes: 6,5% ou mais em dois testes separados.
Como o pré-diabetes é tratado?
Por se tratar de uma fase que antecede o diabetes, o tratamento adequado do pré-diabetes é fundamental para evitar a progressão da doença. Neste caso, estratégias que envolvam mudanças no estilo de vida podem ser eficazes no tratamento. É o caso de adotar uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, grãos e pobre em alimentos com alto teor de gordura.
Praticar atividade física nesta fase também é essencial para controlar o peso e a glicemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que sejam realizados pelo menos 150 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada por semana ou 75 minutos de exercícios de intensidade vigorosa por semana. A perda de peso nesta fase também é uma estratégia importante para controlar os níveis de açúcar no sangue e prevenir o diabetes tipo 2, o que pode ser feito com uma combinação de dieta e treino.
Quando os medicamentos são necessários?
Segundo Petry, os medicamentos podem ser indicados no tratamento do pré-diabetes quando o paciente apresenta alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 ou quando não consegue aderir às mudanças na dieta e na atividade física.
“As mudanças no estilo de vida são as medidas mais importantes para o tratamento e isso deve ficar claro para o paciente. Mas, infelizmente, hoje em dia é muito difícil uma pessoa conseguir regularidade nisso. Então, para quem tem dificuldades, e dependendo do caso, podemos usar medicação”, afirma a endocrinologista.
Nestes casos, o especialista explica que são recomendados medicamentos para ajudar na perda de peso e reduzir complicações renais e cardíacas relacionadas ao diabetes, principalmente em pessoas de maior risco. “Atualmente, temos inibidores do SGLT2, que são Forxiga e Jardiance, e análogos do GLP-1 [como o Victoza e o Ozempic]”, exemplifica.
Quais são os riscos para a saúde do pré-diabetes?
O principal risco que o pré-diabetes representa para a saúde é a progressão para diabetes tipo 2. A doença crônica, quando não tratada adequadamente, está associada a outras complicações de saúde, como:
- Problemas arteriais;
- Doenças renais;
- Pé diabético (feridas que aparecem nos pés e são de difícil cicatrização);
- Neuropatia diabética (danos aos nervos periféricos, causando diminuição da energia, mobilidade e satisfação com a vida);
- Problemas oculares (incluindo aumento do risco de cegueira, glaucoma, cataratas e retinopatia diabética), aumento da sensibilidade da pele (com maior susceptibilidade a infecções e feridas);
- Mudanca de humor.
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