Quem tem algum doença respiratória — como asma, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) ou mesmo sequelas após a Covid-19 — deparam-se muitas vezes com um dilema: fazer ou não exercício? Afinal, os treinos aeróbicos e de força são exigentes para o sistema respiratório e podem causar desconforto nesses pacientes. Porém, manter uma rotina de atividades físicas pode ser benéfico para essa população.
Segundo André Nathan, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, pessoas com doenças respiratórias podem e devem praticar exercícios físicos. “Há um efeito benéfico em todas as doenças respiratórias”, diz ele. “Todos os estudos mostram melhora na qualidade de vida de pacientes com doenças respiratórias ao realizarem exercícios físicos. Em última análise, isso pode ser inserido como um tratamento não farmacológico para o paciente”, completa Nathan.
Contudo, vale destacar que alguns cuidados devem ser observados e tomados por esta população antes e durante a prática de exercícios físicos. Abaixo, especialistas consultados por CNN listar os principais benefícios e cuidados essenciais para a prática.
Benefícios do exercício físico para quem tem doenças respiratórias
Segundo Roberto Gimenez, coordenador do curso de educação física da UNICID, são vários os benefícios que podem ser observados a longo prazo na prática de exercícios físicos por quem tem doenças respiratórias.
“Contribuem para a prevenção de crises e para a sensação de bem-estar geral”, afirma. “Além disso, o exercício contribui para o sistema imunológico do indivíduo, tornando-o mais resistente à resposta aos vírus associados à gripe, que muitas vezes agravam as crises e suas consequências”, acrescenta.
Nathan acrescenta ainda que existem efeitos benéficos específicos para cada doença observados nos estudos. “Existem vários estudos que mostram que indivíduos que têm asma e praticam exercícios físicos têm melhor controle da doença”, explica.
O pneumologista explica ainda que exercícios de reabilitação pulmonar ou fisioterapia respiratória — que ajudam a trabalhar e melhorar a função da musculatura respiratória — ajudam a melhorar o desempenho físico de pacientes com DPOC.
Quais são os melhores exercícios para pessoas com doenças respiratórias?
Nathan afirma que não existe melhor exercício específico para quem tem doenças respiratórias. “Todos são bons. O melhor é aquele que você gosta de fazer”, afirma. Porém, a intensidade e a duração do exercício podem ter alguma influência.
Segundo Gimenez, a maior parte dos estudos científicos realizados com essa população foram realizados por meio de exercícios de baixa intensidade, como caminhada e corrida leve. “Quando feito de forma sistemática, identificam-se melhorias consideráveis no condicionamento dos indivíduos, na frequência e intensidade das crises, como acontece com os pacientes asmáticos”, afirma.
Em relação aos pacientes com doenças pulmonares restritivas, os exercícios de baixa intensidade também parecem produzir efeitos positivos na aptidão física geral, segundo o educador físico. Um exemplo citado por Gimenez é a natação.
“Os movimentos assimétricos e também simétricos realizados contribuem para a expansão e mobilidade da caixa torácica, assim como os esforços respiratórios e exercícios específicos que geralmente são realizados, podem fortalecer a musculatura abdominal, essencial na expiração forçada. Isso é fundamental para evitar e tolerar momentos de crise”, afirma.
Por fim, a musculação pode trazer benefícios associados ao bem-estar geral e atender aos objetivos de evitar momentos de crise. Mas, segundo o especialista, há menos estudos que comprovem essa relação.
Existe algum exercício contraindicado?
Não existe exercício específico que seja contraindicado para pessoas com doenças respiratórias. O que pode se tornar um impedimento, segundo especialistas, é uma condição de saúde que pode ser descompensada durante a prática.
“Em casos de doenças mais graves, o exercício pode reduzir a oxigenação. Nesse caso, a atividade deve ser realizada com suporte de oxigênio e supervisão de profissional de educação física”, orienta Nathan. “Outro exemplo é quando o paciente tem outra condição, por exemplo, doença cardíaca. Eles devem passar por uma avaliação médica antes de praticar atividade física, principalmente se forem idosos”, acrescenta.
Gimenez alerta contra atividades de alta intensidade. “Estudos em geral mostram que o exercício de alta intensidade desencadeia uma resposta chamada BIE (broncoespasmo induzido por exercício), caracterizada pelo estreitamento dos brônquios e, consequentemente, diminuição da velocidade das trocas gasosas. A sensação de dificuldade para respirar e tosse costuma acompanhar o BIE”, afirma.
“Portanto, qualquer indivíduo com essas particularidades deve ser acompanhado por profissionais”, destaca.
Cuidados importantes antes de iniciar uma rotina de atividades físicas
Embora o exercício físico seja benéfico para pessoas com doenças pulmonares, é fundamental seguir alguns cuidados especiais antes e durante a atividade física. Segundo especialistas consultados pela CNNessas precauções incluem:
- Evite praticar atividade física em dias de tempo seco;
- Realizar avaliação médica antes de iniciar a prática de exercícios e manter acompanhamento ao longo do tempo;
- Manter o uso de medicamentos, pois os exercícios não substituem o tratamento farmacológico;
- Evite praticar exercício físico durante as crises;
- Preste atenção à limpeza do ambiente e dos equipamentos onde serão realizados os exercícios físicos, evitando ácaros e alérgenos fúngicos.
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