Hoje, basta uma simples pesquisa nas redes sociais para saber como fazer determinado exercício de musculação e obter dicas de treinos para perder peso ou ganhar massa muscular. A busca pode levar o usuário a encontrar diversas opções de vídeos diferentes, com grande quantidade de informações — e também desinformação.
Diante desse cenário, como diferenciar o que é verdadeiramente benéfico para o objetivo de determinada pessoa com a atividade física? O que realmente tem evidência científica e o que não tem? É possível confiar neste tipo de conteúdo?
Pensando em sanar essas dúvidas, o CNN selecionou 18 vídeos dos principais influenciadores fitness do YouTube e conversou com especialistas da área para analisar e entender se as informações fornecidas pelos influenciadores fazem sentido e se são realmente benéficas.
Como os vídeos foram selecionados e analisados?
A seleção dos criadores e vídeos foi feita com a ajuda da equipe de dados da CNNque listou os maiores criadores da plataforma Winnin na categoria “Exercício e Bem-estar”.
A seguir, a reportagem fez uma seleção de influenciadores que produzem conteúdo com dicas de exercícios, treinos e nutrição. Posteriormente, foi realizada uma triagem entre os vídeos publicados para identificar termos como “melhor exercício” e “melhor treino”, além de títulos que continham informações supostamente baseadas em estudos científicos.
Os vídeos foram classificados em quatro categorias, de acordo com o tipo de objetivo: exercícios para perder peso, exercícios para perder barriga, exercícios para glúteos e exercícios para braços e peito. Ao final, foram selecionados conteúdos dos influenciadores Carol Borba, Carol Vaz, Fabrício Pacholok, Laércio Refundini e Gabriel Arones.
Por fim, com a ajuda do Pinpoint, ferramenta de jornalismo do Google, foi possível verificar quais exercícios eram mais recomendados em cada categoria e quais vídeos citavam artigos científicos como base para as recomendações. Você pode assistir aos vídeos em Página da CNN no Pinpoint.
Veja análises de especialistas em uma série de reportagens da CNN
Especialistas consultados por CNN analisou as principais recomendações de exercícios feitas pelos influenciadores em cada um de seus vídeos. Numa série de quatro reportagens publicadas no CNNprofissionais de educação física e médicos do esporte comentam suas impressões sobre os vídeos, contestam afirmações dos criadores e dão dicas para quem pratica atividade física a partir de conteúdos virtuais.
Veja cada um dos artigos nos seguintes links:
Afinal, vale a pena contar com vídeos online para praticar exercícios físicos?
Em geral, vídeos online com dicas de musculação e exercícios para perda de peso podem ser formas acessíveis e de fácil compreensão para atletas amadores obterem informações sobre o treinamento. No entanto, segundo especialistas ouvidos pela CNNesse tipo de conteúdo pode trazer benefícios e malefícios.
Para Fábio Dominski, professor universitário e doutor. na Educação Física, entre as vantagens está a autonomia do praticante poder escolher o tipo de exercício e a frequência dos treinos, além de poder realizar muitos treinos em casa. Porém, ele alerta para os riscos que esse conteúdo pode representar, como a falta de acompanhamento profissional.
Além disso, é importante ter cuidado com as informações fornecidas de forma generalizada por esses criadores de conteúdo. Muitos dos vídeos analisados sugeriram que, para atingir a hipertrofia, é necessário “treinar até a falha” do músculo, ou seja, quando ele não é mais capaz de realizar o exercício devido ao cansaço. No entanto, as fontes ouvidas pelo CNN contestar esta orientação.
“Quando trabalhamos com musculação é importante entender qual qualidade queremos desenvolver”, afirma André Pedrinelli, médico do esporte e ortopedista. Ele ressalta que o planejamento da musculação deve ser feito de forma individualizada e levando em consideração o objetivo que se deseja atingir com o treino.
Além disso, Dominski acrescenta que as evidências científicas atuais não apoiam a abordagem de que o treino até à falha muscular é superior à hipertrofia. “Na prática, a falha pode comprometer o volume de treino, variável com grande relevância para a hipertrofia”, afirma.
Mas a pesquisadora destaca que essa estratégia pode ser utilizada por praticantes experientes e em horários e exercícios específicos, como para quebrar o platô do treino. “No entanto, ressalto que não é necessário e nem recomendado para praticantes iniciantes”, reforça.
Finalmente, o que parece mais importar é a adesão e consistência no treino. “Os pesquisadores sugerem se preocupar menos com as variáveis e mais em fazer com que as pessoas realmente treinem, ou seja, os fatores que influenciam a adesão ao treinamento. Sobre esse tema motivação, que é o que mais importa, observo que são poucos os influenciadores falando”, finaliza Dominski.
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