A poliomielite É uma doença contagiosa causada por um vírus que pode afetar principalmente crianças. Em casos graves, pode causar paralisia muscular e, portanto, também é conhecida como paralisia infantil. No Brasil, a doença está erradicada desde 1990, mas sua cobertura vacinal está abaixo da meta de 95% desde 2016, aumentando o risco de o vírus voltar a circular.
A vacina é a forma mais eficaz de prevenir a poliomielite. Portanto, todas as crianças menores de cinco anos deverão ser vacinadas de acordo com o calendário de vacinação e campanha nacional anual. Este ano, a Campanha Nacional de Vacinação 2024 acontecerá entre 27 de maio e 14 de junho.
A vacinação anual visa conter o risco de reintrodução da doença no território brasileiro. Segundo o Ministério da Saúde, não há circulação do poliovírus no país desde 1990, graças ao esforço de imunização. Porém, a cobertura vacinal vem apresentando resultados abaixo da meta de 95% desde 2016. Em 2022, o percentual de vacinação era de 72% no Brasil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o risco de retorno da paralisia infantil no Brasil como “muito alto”, colocando o país em alerta máximo. Em 2022, em entrevista ao CNN À Rádio, o então presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, falou sobre o risco de a doença voltar ao Brasil.
“As pessoas não se lembram mais, o último caso no Brasil foi em 1989, mas a poliomielite continua a ocorrer em todo o mundo, de forma endêmica em alguns países e com surtos em outros”, disse. Na ocasião, a entidade lançou a campanha “Paralisia infantil: a ameaça voltou”.
No mesmo ano, o Unicef alertou sobre o risco de retorno da poliomielite no Brasil. “Corremos o risco de essas doenças voltarem, são graves e podem levar à mortalidade, a poliomielite causa paralisia infantil e morte. É um agravamento da situação que precisamos de reverter, não podemos aceitar que crianças morram e sofram de doenças facilmente evitáveis pelas vacinas”, disse Stéphanie Amaral, responsável de saúde da entidade, em entrevista ao CNN.
O que é poliomielite?
A poliomielite é causada pelo poliovírus e pode infectar crianças e adultos, embora seja mais comum em crianças. Segundo o Ministério da Saúde, a poliomielite é transmitida pelo contato direto com fezes ou secreções excretadas pela boca de pessoas infectadas. Fatores como a falta de saneamento, más condições de habitação e má higiene pessoal podem contribuir para o contágio.
Em todo o mundo, a doença continua endémica no Afeganistão e no Paquistão, mas não há casos confirmados nas Américas, segundo o ministério.
Sintomas de poliomielite
Os principais sintomas da poliomielite incluem:
- Febre;
- Mal-estar;
- Dor de cabeça;
- Dor de garganta e corpo;
- Vômito;
- Diarréia;
- Constipação;
- Torcicolo;
- Espasmos;
- Meningite.
Além disso, a poliomielite pode causar sequelas relacionadas à infecção na medula espinhal e no cérebro causada pelo poliovírus. É o caso de dores nas articulações, dificuldade para caminhar, escoliose, osteoporose, paralisia de uma das pernas, paralisia dos músculos da fala e da deglutição, atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.
A forma paralítica da doença, que leva à paralisia infantil, pode incluir sintomas como:
- Deficiência motora;
- Assimetria na musculatura dos membros inferiores;
- Flacidez muscular;
- Sensibilidade preservada;
- Persistência da paralisia 60 dias após o início da doença.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento?
A poliomielite pode ser diagnosticada com base na análise clínica dos sintomas, como paralisia flácida de início súbito. Porém, alguns exames ajudam a confirmar o diagnóstico, como o exame de LCR, a eletromiografia e a detecção do poliovírus nas fezes.
Segundo o Ministério da Saúde, não existe tratamento específico para a poliomielite. Os pacientes devem ser hospitalizados e seus sintomas tratados de acordo com cada condição. As sequelas relacionadas à poliomielite podem ser tratadas por meio de fisioterapia e exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados. O uso de medicamentos para aliviar dores musculares e articulares também pode ser indicado.
Como funciona o calendário de vacinação contra a poliomielite?
Existem dois tipos de vacina contra a poliomielite: a Vacina Oral contra a Poliomielite (OPV), que contém o vírus enfraquecido e é administrada através de gotículas, e a Vacina Inativada contra a Poliomielite (VIP), que contém o vírus inativado (morto) e é administrada por via intramuscular. .
Em julho do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou que substituirá gradativamente o VOP pelo VIP a partir de 2024. A decisão foi tomada após discussão e aprovação da CTAI (Câmara Consultiva Técnica de Imunização), que considerou evidências científicas recentes para proteção contra doenças. Até que a transição seja concluída, o calendário vacinal é realizado da seguinte forma, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI):
- Vacina VIP: três doses no primeiro ano de vida (aos 2, 4 e 6 meses);
- Vacina OPV: doses de reforço aos 15 meses e 4 anos, além de campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos.
Após a transição, a vacina VIP será utilizada exclusivamente para imunização contra a poliomielite. Com isso, o reforço contra poliomielite não será mais administrado aos 4 anos. Assim, o esquema oferecido pelo PNI será de três doses (aos 2, 4 e 6 meses) e apenas um reforço aos 15 meses de idade, com VIP.
Vacina contra poliomielite: veja como funciona e quando tomar
*Com informações de Amanda Garcia, Bel Campos e Ricardo Gouveia, da CNN
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