O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) não compareceu nesta terça-feira (28) à sessão do Conselho de Ética da Câmara que julgaria o pedido de impeachment do também deputado André Janones (Avante-MG), acusado de pedir parte dos salários para funcionários de escritório para uso próprio, prática conhecida como “rachadinha”.
Como Boulos é o relator da representação, a análise do caso teve que ser adiada pela segunda vez.
Segundo o presidente do colegiado, deputado Leur Lomanto Jr. (União Brasil-BR), Boulos informou, antes da sessão, que só chegaria a Brasília às 18h. A reunião do Conselho estava marcada para as 11h, com término previsto para as 12h.
O Estadão procurou a equipe do deputado do PSOL para entender a ausência do deputado, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
Boulos participou da reunião do Conselho no dia 15 de maio, quando apresentou parecer favorável ao arquivamento do processo contra Janones. Segundo o deputado, os crimes teriam ocorrido antes do mandato e, portanto, não seriam objeto de análise do Conselho de Ética.
“Aqui não vamos entrar no mérito se o deputado André Janones cometeu crime ou não. O relatório entra na formalidade técnica da existência ou não de jurisprudência, quer a prática tenha ocorrido antes do mandato. E temos precedentes. Não pode haver padrões duplos”, disse ele na época.
Os deputados eleitos em 2018 tomaram posse no dia 1º de fevereiro de 2019. A gravação ocorreu no dia 5 daquele mês. Janones nega a prática de “cracking” e afirma que os áudios foram retirados de contexto.
A próxima reunião, marcada para a última quarta-feira, dia 22, foi cancelada por Lomanto.
Durante conversa na Câmara, Janones pediu aos funcionários do seu escritório que custeem suas despesas pessoais. Sem saber que estava sendo registrado pelo ex-assessor Cefas Luiz, o deputado disse que não se preocupava com o cargo e que alguns conselheiros de confiança iriam receber um salário maior para lhe devolver parte do valor.
“Algumas pessoas aqui, com quem falarei em privado mais tarde, vão receber um pequeno salário extra. E eles vão me ajudar a pagar as contas da minha campanha para prefeito. Perdi R$ 675 mil na campanha”, afirmou.
Paralelamente ao processo de impeachment, um inquérito que apura se o deputado operava o esquema da “rachadinha” foi aberto pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em dezembro do ano passado. A decisão respondeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), contactado por 46 deputados da oposição.
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