O Congresso manteve nesta terça-feira (28) o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao calendário fixo para pagamento de alterações tributárias que havia sido aprovado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano. Foram 244 votos a favor do governo na Câmara e 177 contra. Com a aprovação dos deputados para manter a decisão do PT, o texto nem precisou ser analisado no Senado.
O Palácio do Planalto conseguiu chegar a acordo com deputados e senadores após acelerar a liberação de recursos de emendas, cruciais para que os parlamentares irrigassem suas bases eleitorais em um ano de disputas por prefeituras e vagas em câmaras de vereadores.
Se o veto fosse derrubado, o Orçamento da União ficaria ainda mais rígido. Nos últimos anos, o Congresso avançou no controle dos recursos orçamentários, principalmente com a obrigatoriedade de custear emendas de bancadas individuais e estaduais. Porém, apesar de ser obrigado a liberar recursos, o Executivo ainda controla o ritmo das liberações e pode usar essa prerrogativa para negociar apoio de deputados e senadores a projetos de seu interesse. O calendário da LDO eliminaria esse ativo governamental.
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“Quero parabenizar a postura do ministro Padilha, que entendeu que o cronograma de execução orçamentária era uma garantia da vitória das reivindicações de autonomia alcançadas pelo Parlamento e rebateu com uma proposta de conciliação num cronograma em que tivemos avanços claros e reais. Aliás, hoje, na execução de emendas parlamentares”, disse o relator da LDO, Danilo Forte (União-CE), que havia estabelecido o calendário.
Nas últimas semanas, a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), chefiada pelo ministro Alexandre Padilha, fez uma espécie de relatório sobre o ritmo de divulgação das emendas. “Entre janeiro e 26 de maio foram autorizados R$ 19,21 bilhões em alterações individuais, de comissão e de bancada – valor cinco vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, R$ 3,157 bilhões”, diz comunicado do ministério divulgado nesta segunda-feira, 27.
Como mostra o Transmissão Política, o governo prometeu pagar o máximo possível de emendas obrigatórias até 30 de junho para que deputados e senadores mantenham o veto ao calendário. Deputados disseram que o ritmo de liberação desses recursos aumentou.
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O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), detalhou que a ideia é liberar, neste prazo, 85% das emendas individuais para saúde, 83% daquelas destinadas à assistência social, 55% das chamadas “ Emendas Pix”, que podem ser enviadas para qualquer área e 100% das chamadas transferências fundo a fundo de saúde.
A data de 30 de junho é crucial para os parlamentares devido às eleições municipais. As emendas parlamentares são recursos do Orçamento da União que podem ser direcionados por deputados e senadores aos seus redutos eleitorais para, por exemplo, realizar obras e implementar políticas públicas. Em um ano de disputas por prefeitos, como é o caso de 2024, os parlamentares costumam usar essa prerrogativa para tentar impulsionar candidaturas de aliados.
O ritmo de divulgação das emendas obrigatórias tem sido um dos principais pontos de conflito entre os poderes Executivo e Legislativo desde o início do terceiro mandato de Lula no Planalto. Nos primeiros meses deste ano, a gestão petista voltou a atrasar a liberação desses recursos, como em 2023, e provocou uma nova onda de insatisfação no Congresso.
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Após uma série de negociações, o Planalto conseguiu estabelecer um cronograma próprio de pagamento dos recursos, o que agradou aos deputados e senadores e possibilitou a manutenção do veto na LDO.
O governo não quis ter o compromisso absoluto de efetuar os pagamentos das alterações tributárias seguindo o calendário da LDO – o que acontecerá caso o veto seja derrubado – porque a disponibilidade de recursos depende do ritmo de arrecadação de impostos. Se o veto caísse, a avaliação era que o Orçamento ficaria muito rígido em caso de frustração de receitas.
Emendas do comitê
Na sessão do Congresso realizada no dia 9, deputados e senadores recuperaram o controle de R$ 3,6 bilhões em recursos do Orçamento da União ao derrubar parcialmente o veto de Lula à Lei Orçamentária Anual (LOA) que tratava de emendas de comissão, que não são obrigatórias, como a individuais e estaduais, mas se tornaram moeda de troca na Câmara e no Senado.
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Ao recuperar o valor, o total de aditivos de comissão passa de R$ 11,1 bilhões para R$ 14,7 bilhões. Dois terços desse valor serão destinados às comissões da Câmara e um terço às do Senado.