O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quinta-feira (23) aplicar multa individual de R$ 30 mil reais aos deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) e aos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Cleitinho (Republicanos-MG) por associar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao satanismo.
O músico Roger Moreira e o influenciador Bernardo Kuster também foram condenados a pagar o valor.
Os influenciadores Bárbara Zambaldi, Leandro Ruschel e Victor Stavale deverão pagar multa de R$ 5 mil cada.
A decisão foi tomada em nome da coligação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), questionando o compartilhamento de vídeos durante a campanha para o segundo turno das eleições de 2022.
Os envolvidos compartilharam nas redes sociais um vídeo publicado por Victor Stavale, conhecido como Vicky Vanilla, que se autodenomina satanista.
No conteúdo, Stavale declara apoio à candidatura de Lula nas eleições.
Bárbara e Ruschel compartilharam o vídeo em seus perfis. Os demais também associaram o conteúdo ao petista, sugerindo simpatia do então candidato com ideologias demoníacas.
No julgamento, o ministro Floriano de Azevedo Marques venceu. Ele entendeu que se tratava de conteúdo falso com potencial para afetar a normalidade das eleições.
Floriano entendeu que todos deveriam ser multados, inclusive Bárbara, Ruschel e o próprio autor do vídeo. Ele estava acompanhado por André Ramos Tavares, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes.
O relator, Raul Araújo, foi derrotado. Ele votou para que a multa de R$ 10 mil fosse aplicada apenas a quem manifestou opinião no compartilhamento do vídeo. Os ministros Nunes Marques e Isabel Gallotti seguiram a sua posição.
A CNN, a defesa de Flávio Bolsonaro disse que vai recorrer da decisão. “Embora a defesa do senador Flávio Bolsonaro receba com absoluto respeito a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, por não concordar com os fundamentos manifestados pelo Tribunal para sustentar a condenação e fixar multa elevada, recorrerá no momento oportuno” , diz a nota enviada pelo advogado Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.
A CNN tente entrar em contato com os outros mencionados. O espaço permanece aberto.
Desejos
O ministro Floriano entendeu que, ao postar o vídeo, o influenciador satanista fez uma declaração unilateral sem apresentar provas de que seu apoio seja efetivo. O juiz também mencionou que o autor do vídeo teve posicionamentos “aleatórios” na internet, já tendo criticado o próprio Lula.
“Alguém que professa uma determinada fé ou ideologia religiosa, é uma minoria absoluta, e não há provas que comprovem que esse apoio seja eficaz”, afirmou. “Parece-me que mais do que o implausível é falso.”
A percepção foi compartilhada por Moraes, que entendeu tratar-se de uma “armação” e que o influenciador satanista já havia criticado Lula antes, comparando o petista ao nazismo.
“Num país cristão como o nosso, um satanista dá uma entrevista, compara um dos candidatos, Lula, ao nazismo e, de repente, ele – não podemos dizer que ele viu Deus, não viu luz, porque ele é um satanista , então ele viu o diabo, e mudou de ideia”, afirmou.
“Quando ele muda de ideia, ele posta apoio no meio da campanha, que comparou ao nazismo e, por incrível que pareça, todos os apoiadores representados do outro candidato, que nunca haviam compartilhado nenhuma notícia sobre ele, ganham enorme interesse em compartilhar a notícia. ”.
O relator, Raul Araujo, disse que as multas são devidas apenas a quem fez comentários ao compartilhar o vídeo. Ele esclareceu que as publicações constituem conteúdo falso.
“Não é verdade que houve um vídeo, mas não é verdade que haja uma associação do candidato como simpatizante de demônios ou algo parecido”, afirmou. “[As publicações] atingir um número relevante de eleitores, o que aumentou a disseminação de notícias falsas em relação à lisura e integridade das informações no debate eleitoral e evidencia a seriedade da conduta dos representados”.
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