Sem citar Paulo Guedes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, relembrou o discurso do ex-ministro da Economia sobre a ida de trabalhadoras domésticas aos parques da Disney nos Estados Unidos.
“Tivemos um ministro – e não direi o nome – que disse que estavam reclamando que ‘era um absurdo, que uma empregada quisesse levar o filho para a Disney’”, disse Moraes, nesta quarta-feira (22).
A fala de Moraes aconteceu durante participação no seminário internacional “Inteligência artificial, democracia e eleições”, que contou com a participação do TSE na organização, em Brasília.
Declaração de 2020
A fala de Guedes aconteceu no início de 2020, também durante evento na capital federal. Na época, o então ministro no governo de Jair Bolsonaro (PL) defendeu o dólar em patamares mais elevados e criticou o momento em que a moeda era cotada abaixo de R$ 2.
“Não tem câmbio de R$ 1,80: vou exportar menos, substituição de importações, turismo, todo mundo vai para a Disneylândia, empregada doméstica vai para a Disneylândia, festa e tanto…”, afirmou na época.
Antecipando a repercussão negativa do discurso, Paulo Guedes destacou que usou como exemplo as “classes sociais mais baixas” e afirmou que “todo mundo tem que ir à Disneylândia para ver um dia, mas não três, quatro vezes por ano”.
Moraes relembrou o discurso ao dizer que a “classe média passou a se ressentir da inclusão de outras classes no consumo”. “Quantas pessoas ainda não ouviram que ‘não dá mais para viajar de avião, virou rodoviária’?”
Fazendo paralelos para além do Brasil, o juiz relacionou o “ressentimento” económico da classe média com a xenofobia que “fez com que o Reino Unido saísse da União Europeia” e disse que esse sentimento foi impulsionado pelas redes sociais.
“A crise econômica levou a esse desgosto pela democracia e, ao levar a esse desgosto pela democracia, ficou mais fácil atacar o instrumento que eram as urnas eletrônicas. E ninguém jamais comprovou fraude (nas urnas), porque nunca houve”, afirmou.
“Só posso me desculpar”
Em maio de 2021, Guedes disse que usava exemplificações para “mostrar as disfuncionalidades de uma sociedade desigual” e reconheceu que expressões “infelizes” eram frequentemente utilizadas.
“Se em algum desses exemplos ofendi alguém, só posso pedir desculpas. Esse nunca foi o objetivo”, afirmou, durante audiência pública na Câmara dos Deputados. “A mãe do meu pai era empregada doméstica. Não tenho vergonha disso”, declarou ela.
Compartilhar: