A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, quer um novo órgão federal para operacionalizar o futuro plano de prevenção de desastres que está sendo elaborado pelo governo.
O órgão seria responsável pela implementação, gestão e monitoramento do plano. “Você precisa ter uma operadora”, disse Marina Entrevistas CNNque vai ao ar às 21h45 deste sábado (18).
A ministra evita chamar esse novo órgão de Autoridade Climática, proposta de autarquia que foi incluída em seu plano de governo como candidata à presidência em 2022 e posteriormente incorporada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da campanha. A Autoridade Climática nunca saiu do papel.
“O nome não me importa”, disse o ministro, evitando fixar um prazo para apresentação do plano. Ela disse que ministérios como o de Desenvolvimento Regional e de Ciência e Tecnologia, além do seu próprio departamento, já discutem o formato do plano de forma “colaborativa”.
Embora haja um sentido de urgência na sua preparação, observou Marina, é um desafio complexo porque não existem muitas experiências internacionais deste tipo.
“É algo inovador. Não temos um rascunho para seguir. O mundo inteiro está aprendendo a lidar não apenas com desastres, mas também com prevenção.”
Um dos pontos do plano — que ela chama de “marco legal” ou “estatuto de emergência climática” no Brasil — será a possibilidade de declarar emergência permanente em pelo menos 1.942 municípios suscetíveis a eventos ambientais extremos.
Isto cria legalmente espaço para ações continuadas, como obras de drenagem, contenção de encostas, infraestrutura adequada e sistemas de alerta com recursos orçamentários garantidos — e, possivelmente, alguma excepcionalidade fiscal.
Haverá necessidade de aprovação legislativa da proposta, mas o Congresso Nacional tem se destacado por aprovar medidas que vão no sentido de reduzir ou flexibilizar as políticas ambientais.
Na entrevista com CNNMarina disse que vê a tragédia no Rio Grande do Sul como uma “pedagogia de luto” para o Congresso, capaz de provocar uma mudança permanente de postura na análise de projetos que afetam o meio ambiente.
“Acredito, infelizmente, no poder de aprender através da dor”, concluiu o ministro.