O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carmem Lúciaque também é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou duramente as empresas de apostas online – as chamadas “apostas” –, que passaram a estar na mira do governo federal nas últimas semanas.
Em entrevista ao programa Roda Vivado TV CulturaExibido na noite desta segunda-feira (30), o ministro avaliou que essas empresas exploram os mais vulneráveis, viciando a população e buscando lucro fácil.
“Acho que todos os tipos de jogos de azar acabam apostando que alguém, em algum lugar, é um otário e, portanto, podemos tirar vantagem disso. É o abuso de um ser humano por outro, visando especialmente os mais vulneráveis”, disse Cármen. “Sou muito contra esse tipo de coisa”, acrescentou o ministro do Supremo.
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Segundo pesquisa divulgada pelo Banco Central (BC), os brasileiros gastaram cerca de R$ 20 bilhões por mês em apostas entre janeiro e agosto de 2024. No total, aproximadamente 24 milhões de pessoas fizeram pelo menos um Pix para empresas de apostas online nos oito primeiros meses deste ano.
Só em agosto, estima-se que 5 milhões de pessoas pertencentes a famílias beneficiárias do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para empresas de apostas online, por meio do Pix. O valor médio gasto por pessoa foi de R$ 100.
Nó Roda VivaCármen não conseguiu responder a possíveis indícios de inconstitucionalidade na lei que visa regulamentar as apostas, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Cármen brincou, dizendo que, mesmo sabendo, não falaria publicamente – para evitar o risco de se tornar relatora de uma possível ação sobre o tema no STF.
O presidente do TSE lembrou que a legislação eleitoral proíbe a realização de sorteios ou a oferta de bens. Segundo Cármen, a resolução do tribunal sobre o assunto é um importante “lembrete” aos juízes eleitorais.
Na última sexta-feira (27), em nota oficial, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social anunciou a criação de um grupo de trabalho para tratar do tema.
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Uma proposta deverá ser apresentada ainda esta semana, destacando a urgência com que o governo espera abordar o assunto. A proposta poderá eventualmente sugerir mecanismos para evitar que recursos do Bolsa Família sejam utilizados em apostas.
“Apostas” no Brasil
A atividade foi autorizada no Brasil desde a sanção da Lei 13.756/2018, no final do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). A legislação estipulou um prazo de dois anos (prorrogáveis por mais dois anos) para que as regras fossem estabelecidas.
Em 2023, o governo Lula publicou uma Medida Provisória (MP) que trata do tema. A partir daí, um projeto de lei começou a ser debatido no Congresso Nacional. O texto foi aprovado pelo Senado em dezembro do ano passado, após passar pela Câmara.
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Em agosto deste ano, o Tesouro estipulou regras para este mercado, com o objetivo de combater o vício em apostas e o endividamento excessivo. Entre as penalidades em caso de descumprimento está a aplicação de multa que pode chegar a R$ 2 bilhões.
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