O oitavo debate entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo (SP), promovido pela Grupo de Fluxo na noite desta segunda-feira (23), caminhava para um desfecho pacífico, sem grandes ofensas entre os competidores, até Pablo Marçal (PRTB) não se conteve.
Em suas considerações finais, poucos segundos antes do final do programa, o empresário e influenciador fez acusações contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB)candidato à reeleição, e voltou a afirmar que o emedebista será preso caso Marçal seja eleito.
Neste momento, o mediador do debate, jornalista Carlos Tramontina, fez o primeiro alerta ao candidato do PRTB. Mesmo assim, Marçal continuou a atacar Nunes no seu discurso e recebeu assim o segundo aviso.
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Pelas regras do debate, o candidato que recebesse três advertências seria expulso do programa. Após a bronca, Marçal ficou em silêncio por alguns segundos e, faltando cerca de 10 segundos para o tempo acabar, acusou novamente Nunes e disse que o prefeito seria preso.
Cumprindo as regras do debate, Carlos Tramontina expulsou então Marçal do programa – e começou a confusão generalizada nos estúdios.
A transmissão de Fluxo foi encerrado e o debate terminou com uma nota melancólica.
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Após a expulsão de Marçal, houve correria e seguranças e assessores invadiram o estúdio. No meio da confusão, a marqueteira de Nunes, Duda Lima, teria levado um soco no rosto. Segundo Carlos Tramontina, Lima estava sangrando.
“Tive que interromper o debate para excluir o candidato Pablo Marçal, que quebrou diversas vezes as regras, e quando ele saiu houve um tumulto e o assessor do prefeito Ricardo Nunes foi agredido, levou um soco na cara, está sangrando muito no momento. Lamentamos profundamente porque o debate foi muito bom, mas no final tivemos essa confusão”, disse o mediador do debate.
Antes do início do debate, nos bastidores, Marçal e Nunes já tinham trocado insultos.
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Leia tudo sobre o debate:
Nunes “bombardeado” por adversários
O oitavo debate entre os principais candidatos a prefeito de São Paulo foi marcado por um verdadeiro “bombardeio” de críticas ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição.
Na reunião desta noite – o primeiro debate organizado por um podcast (o Fluxo) na história das eleições no Brasil –, Nunes foi o alvo preferencial de Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB).
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Marina Helena (Nova) também participou do programa, mas não foi tão incisiva contra Nunes, optando por apontar sua artilharia para Boulos.
O formato do debate não previa o confronto direto entre os candidatos, que não puderam fazer perguntas uns aos outros. Os participantes do programa limitaram-se a responder a perguntas colocadas por eleitores e especialistas em diversas áreas, como saúde, educação ou segurança.
Foram sorteados dois candidatos para cada questão. Um deles teve dois minutos para responder à pergunta sobre um tema específico; o outro teve um minuto e meio para comentar.
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Inicialmente, o debate havia sido anunciado para as 19h, mas houve um atraso de uma hora e meia e a programação começou pouco depois das 20h30. O fechamento ocorreu por volta das 23h.
Tabata critica Nunes pela atuação de SP na educação
A deputada federal Tabata Amaral, candidata do PSB, mirou no prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) no primeiro bloco do debate.
Respondendo a questionamento de especialistas em educação, Tabata, que concentra sua atuação parlamentar nessa área, criticou a atual gestão paulista pelos maus resultados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Criado em 2007, o Ideb reúne, em um único indicador, resultados de fluxo escolar e desempenho médio nas avaliações. O índice é calculado com base em dados de aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
“A educação em São Paulo retrocedeu nos últimos anos. Ricardo Nunes será o primeiro prefeito da nossa história, desde a criação do Ideb, a apresentar resultados piores em português e matemática do que os que obteve”, afirmou Tabata.
Na sua resposta, Nunes atribuiu os resultados abaixo do esperado aos efeitos da pandemia de Covid-19 no ensino.
“Tivemos pandemia em 2021 e 2022. Temos dados muito importantes. A média do Ideb nos anos finais, para todas as cidades, foi de 4,6. O nosso foi 4,8. Nossos dados são melhores que os de Recife e Belém, por exemplo. Mas é claro que temos que fazer muito”, disse o prefeito.
“Hoje temos creche para todas as crianças. Melhoramos muito a nossa taxa de abandono escolar”, continuou Nunes.
“A base está pronta. Teremos, nos próximos anos, os melhores anos de alfabetização do Ideb e do Dfa em São Paulo”, prometeu o emedebista.
Marçal compara autarca a “estepe furado”
Marçal aproveitou um momento em que interagiu com Marina Helena, com quem já tinha feito uma “dobradinha” minutos antes, para atacar a gestão de Nunes.
O candidato do PRTB comparou o atual prefeito, que foi deputado de Bruno Covas (PSDB) e assumiu o cargo em 2021, após a morte do tucano, a um “estepe furado”.
“É uma gestão que é estepe. E o estepe que foi instalado está furado. Na verdade, só podemos chamar de prefeito quem foi eleito prefeito. Quem foi eleito vice-prefeito permanece vice-prefeito para sempre”, brincou Marçal.
“Temos uma segurança pública inaceitável, um caos no trânsito em São Paulo… O bom que temos é o povo, que está cansado”, continuou o influenciador.
“Não faz sentido inventar falácias ou sofismas aqui. No próximo ano, o estepe que governa a cidade tem compromisso com 12 partidos políticos”, criticou Marçal.
Segundo o candidato do PRTB, o eleitor deve ter cuidado para não “colocar alguém com uma mentalidade pequena, que já está amarrado até aos pés com compromissos partidários”.
Boulos diz que não “tem medo da empresa de ônibus”
Guilherme Boulos, por sua vez, aproveitou uma pergunta de um morador da capital sobre a qualidade do transporte público e dos ônibus da cidade para criticar a gestão de Nunes.
Boulos voltou a vincular o governo Nunes a denúncias sobre uma suposta ligação entre o crime organizado e empresas de ônibus que prestam serviços à prefeitura, em caso que está sendo investigado.
“É Ricardo Nunes quem assina [os repasses]. Estamos pagando mais e recebendo menos. Para onde vai esse dinheiro?” perguntou Boulos.
“Não tenho medo da empresa de ônibus, não. Vamos obrigar as empresas a colocarem toda a sua frota nas ruas”, acrescentou o candidato do PSOL.
“Infelizmente há até relatos de algumas dessas empresas, que receberam R$ 1 bilhão da prefeitura, com o crime organizado, lavando dinheiro para o crime organizado”, continuou o deputado.
“É preciso ter coragem, é preciso ter pulso. Porque hoje são as pessoas que estão a desmoronar-se, como sardinhas em lata”, concluiu Boulos.
“Gostam de falar mal da cidade”, diz Nunes
Na parte final do debate, Ricardo Nunes rebateu os ataques dos seus adversários dizendo que “nunca fizeram nada e agora só há críticas, críticas e críticas”. “É impressionante. Como gostam de falar mal da nossa cidade”, disse o prefeito.
“Mas está tudo bem. Vocês estão observando, as ações tomadas estão aí, e a periferia está sendo cuidada”, completou Nunes.
Datena e Marçal lado a lado após cadeira de rodas
Oito dias depois do episódio que marcou a eleição paulista deste ano – o tiro que José Luiz Datena acertou em Pablo Marçal –, os dois candidatos estiveram novamente frente a frente.
No segundo bloco, após questionamento de um cidadão sobre o que a prefeitura poderia fazer pelos imigrantes, Datena e Marçal foram chamados a falar e ficaram lado a lado – com apenas o mediador do debate, o jornalista Carlos Tramontina, separando os dois.
No dia 15, em debate no TV CulturaDatena agrediu Marçal após empresário e influenciador acusar o tucano de assediar sexualmente ex-funcionária da empresa TV Bandeirantes. O caso foi arquivado pelo Ministério Público.
Após o ataque, Datena foi expulso do debate e Marçal foi levado diretamente ao hospital.
“O Brasil sempre foi visto como um país acolhedor. E a mesma coisa deveria funcionar em relação aos estrangeiros”, disse Datena.
“Temos que receber de braços abertos pessoas de todas as etnias e de todo o mundo porque o Brasil tem essa formação. O Brasil precisa acolher essas pessoas. Sempre há espaço no nosso coração, no coração do brasileiro”, continuou o candidato do PSDB.
Ao comentar a resposta do tucano, Marçal deu uma dica para Datena, sem citar o nome do adversário.
“Todos vocês, de outras terras, são muito bem-vindos em São Paulo. Aqui você não será atacado, não perderemos a inteligência emocional cuidando de você”, provocou Marçal.
“Esses 2 milhões de empregos que vamos gerar já são a maior garantia de que vocês são bem-vindos e que haverá empregos para vocês”, acrescentou.
Datena então respondeu com outra dica: “A agressão física é deplorável, mas a agressão mentirosa é ainda pior”.
“Dobradinha” Marçal-Marina Helena
Pablo Marçal e Marina Helena fizeram “dobradinha” no primeiro bloco do debate e criticaram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devido às dificuldades no combate à dengue no país.
Questionada por especialistas sobre a questão sanitária, Marina Helena criticou a gestão de Lula e cobrou do governo mais vacinas contra a dengue.
“Onde estavam as vacinas do governo Lula quando tivemos um número recorde de mortes por dengue este ano aqui no Brasil?” perguntou Marina.
“Onde? Lula liga [Jair Bolsonaro] do genocídio e onde estão as vacinas, que não chegaram a tempo? Se foi esse caos que estamos vendo agora com a dengue, imagine se fosse esse grupo na época da Covid”, continuou o candidato do Novo.
Marçal, que comentou a resposta de Marina, fez eco às críticas ao atual governo.
“A pandemia foi tratada com muita politização, com muita queda de braço. Imagino que Bolsonaro fez todas as coisas que fez tentando acertar”, disse o influenciador.
“A cidade de São Paulo foi a capital mundial deste [vacinação]mas houve alguns excessos, despedindo funcionários e fazendo com que as pessoas ficassem oprimidas com esse passaporte sanitário”, continuou Marçal.
“O que realmente está acontecendo com a dengue no Brasil? Parece que ninguém está preocupado com isso”, concluiu.
Marina Helena, por sua vez, concordou com o candidato do PRTB e criticou a exigência do chamado “passaporte da vacina” pela prefeitura de São Paulo durante a pandemia.
“O que não sou a favor é fechar quem queria trabalhar, exigir passaporte de vacina, demitir quem não tinha passaporte de vacina”, disse o candidato.
Maratona de debates
Depois da reunião às Fluxopara esta segunda-feira, estão marcados mais três debates da campanha eleitoral em São Paulo. Se todos eles forem, de fato, realizados, o primeiro turno da disputa municipal terminará com 11 debates realizados.
No sábado (28), o debate acontecerá no Gravação de TV. Na próxima semana, última semana antes da primeira volta, haverá debates sobre Folha/UOL (dia 30) e o TV Globo (3 de outubro). A eleição acontece no dia 6.
Veja quando serão os próximos debates em São Paulo:
1ª rodada
- Gravação de TV: 28 de setembro, às 21h
- UOL/Folha de S.Paulo: 30 de setembro, às 10h
- TV Globo: 3 de outubro, às 22h
2ª rodada
- TV Bandeirantes: 14 de outubro, às 22h15
- UOL/RedeTV!: 17 de outubro, às 9h30
- UOL/Folha de S.Paulo: 21 de outubro, 10h
- TV Globo: 25 de outubro, às 22h
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