RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Comitê de Acompanhamento do Setor Elétrico (CMSE) deverá aprovar a volta do horário de verão, já que o país busca otimizar a geração de energia diante do estado mais seco do parque hidrelétrico, disseram fontes ao lado do discussões nesta quinta-feira.
Mas a decisão ainda depende de discussão marcada para a tarde desta quinta. A reunião de autoridades do setor, que normalmente aconteceria em Brasília, será realizada excepcionalmente na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no Rio de Janeiro.
O ministro de Energia de Minas, Alexandre Silveira, que já afirmou que a volta do horário de verão é uma “realidade muito premente”, estará presente na reunião.
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“Será uma discussão longa, mas a tendência é aprovar a volta”, disse uma das fontes, sob condição de sigilo.
“O viés é aprovar. Um estudo do ONS servirá de base, mas a decisão será política”, acrescentou uma segunda fonte.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem entrevista coletiva marcada para as 16h, na sede do ONS.
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O Brasil aboliu o horário de verão em 2019 sob o argumento de que não trazia mais ganhos ao setor elétrico.
Mas agora existe uma percepção de que adiantar os relógios uma hora pode ajudar a reduzir a pressão sobre o sistema eléctrico no final da tarde, quando as centrais solares param de produzir ao mesmo tempo que o consumo está no seu pico.
Porém, os ganhos para o sistema podem não ser tão relevantes, pois garante uma hora extra de geração solar em um horário do dia em que os níveis de insolação já são mais baixos.
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Porém, este ano o país atravessa uma seca histórica, afetando o nível dos reservatórios hidrelétricos, que respondem por mais de 50% da geração elétrica do país.
“O que temos hoje é que quando as usinas solares desligam no final da tarde e o calor continua alto, a energia é necessária para atender os horários de pico”, explicou uma das fontes, repetindo o argumento do ministro de Minas e Energia .
“Os reservatórios nem estão tão baixos, mas como estamos numa seca enorme e não sabemos o que nos espera, precisamos de poupar água”, disse uma fonte.
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A volta do horário de verão divide opiniões.
Setores ligados ao lazer e entretenimento, como bares e restaurantes, como “uma hora extra” de luz do dia, os segmentos industrial e de aviação têm dificuldade de adaptação, principalmente quando a medida é tomada sem a previsibilidade necessária.
As fontes não sabiam quando o horário de verão poderia entrar em operação.
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Adiar os relógios em uma hora afetaria todo o atual horário de voos das companhias aéreas, especialmente no exterior, levando a ajustes nos horários de partida e chegada e nas conexões, com custos adicionais para realocação de equipes e tripulantes.
O setor tem horário de voos fechado para os próximos seis meses, segundo fonte com conhecimento do assunto.
“Há dúvidas sobre a poupança efetiva, mas desta vez há uma razão mais técnica do que económica. A seca está muito forte”, disse à Reuters o presidente do Conselho Econômico Regional de São Paulo, Pedro Afonso Gomes.
Ao contrário do que acontecia no passado, quando o maior consumo de energia atingia o pico no início do ano, agora a maior procura deve-se aos sistemas de ar condicionado.
“Por isso, o horário de verão, período em que em tese escurece mais tarde, tem pouco efeito na economia de energia”, avaliou o analista da Equus Capital Energy, Pedro Coletta.
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