Sem previsão de volume significativo de chuvas na Amazônia, o rio Madeira continua batendo recordes ao registrar os menores níveis da série histórica do Serviço Geológico Brasileiro (SGB). Desde a semana passada, o nível já havia superado o mínimo registrado em 2023, de 1,10 metro e, na manhã desta terça-feira (10), a medição na estação Porto Velho atingiu 71 centímetros, o menor registrado desde 1967.
Segundo o engenheiro hidrólogo do SGB, Guilherme Cardoso, a maior preocupação no momento é o prolongamento do período de estiagem, como ocorreu em 2023, quando foi apenas no final de outubro que as chuvas foram significativas.
“Modelos de previsão GFS [Global Forecast System, do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos] não há chuvas significativas nos próximos 15 dias”, informou Cardoso.
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As projeções para os próximos 3 meses também não apresentam volumes significativos de chuva e, segundo Cardoso, isso cria um cenário de seca semelhante ao de 2023, mas agravado pela antecipação da maré baixa do rio Madeira.
“Esse atraso [nas chuvas] Vai fazer com que tenhamos um período de seca muito mais longo do que estamos habituados porque começámos a observar níveis muito baixos em julho, níveis que normalmente só ocorrem antes do final de setembro”, explica.
Apesar da adoção de medidas como a suspensão da navegação noturna, desde 11 de julho, e a declaração de escassez hídrica pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), no final do mesmo mês, a população da região ainda enfrenta dificuldades como o isolamento de algumas comunidades.
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Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o plano de manutenção hidroviária da hidrovia do Rio Madeira já inclui um cronograma de dragagens regulares para evitar a interrupção total de trechos do rio.
Cardoso explica que, embora o nível do rio Madeira já tenha atingido níveis muito baixos, até esta semana a vazão do rio ainda não foi impactada de forma crítica.
“Nesses termos, ainda temos um fluxo útil muito significativo. Na quinta-feira da semana passada, fizemos uma medição de vazão e medimos 2.800 metros cúbicos por segundo, o que é uma vazão bastante representativa”, disse ele.
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Segundo o engenheiro, com a seca prolongada, a tendência é que a vazão também seja impactada, o que pode chegar a interromper a geração de energia elétrica nas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, ambas em Rondônia. Em 2023, as duas unidades, que têm capacidade instalada de 3.750 Megawatts (MW) e 3.568 MW, respectivamente, foram desativadas em outubro, após queda de 50% na vazão do Rio Madeira.
“Hoje a operação dessas hidrelétricas já está bastante restrita. Em breve poderá haver uma paralisação e eles não conseguirão gerar energia. E aí a gente começa a ver, não só um cenário de escassez hídrica, mas também de restrição energética”, disse Guilherme Cardoso.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou em nota que desde o dia 3 estão em operação sete unidades geradoras da UHE Santo Antônio com capacidade de apenas 490 MW. A capacidade da UHE Jirau também foi reduzida à operação de dez unidades geradoras, com capacidade de 260 MW. A operadora descartou qualquer risco de insegurança energética.
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“A participação abaixo da média é ponto de atenção desde dezembro de 2023. Porém, vale destacar que o Sistema Interligado Nacional possui recursos suficientes para atender às demandas de carga e energia da sociedade”, afirma o ONS.
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