Três dias depois de ter demitido o agora antigo Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeidaacusado de ter praticado assédio sexual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) A semana começa com uma lista de possíveis nomes para ocupar a vaga.
Por influência da primeira-dama, a socióloga Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, Lula deveria escolher uma mulher negra para chefiar o departamento. A medida teria grande potencial simbólico e poderia estancar a crise gerada pela saída traumática de Almeida, num gesto ao público feminino e aos militantes do PT e da esquerda.
Lula tem sido criticado por setores progressistas pela saída de ministras de seu governo, como Daniela Carneiro (Turismo) e Ana Moser (Esporte), ambas substituídas por homens. Além deles, Maria Rita Serrano foi demitida da presidência da Caixa Econômica Federal.
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O presidente da República, que já nomeou dois ministros para o Supremo Tribunal Federal (STF), não escolheu nenhuma mulher. Os indicados para a Corte foram seu ex-advogado Cristiano Zanin e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino.
Quem são os favoritos
Neste momento, a lista de nomes cogitados para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania é encabeçada pelo deputado estadual Macaé Evaristo (PT-MG). É provável que Lula a receba para uma conversa, no Palácio do Planalto, nos próximos dias.
O nome de Macaé conta com a simpatia de Lula, mas enfrenta uma dificuldade política: o deputado estadual pretende concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2026. Nesse caso, portanto, ela teria que deixar o ministério antes do fim do mandato de Lula.
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Macaé, 59 anos, é professora desde os 19. Em 2022, foi eleita deputada estadual por Minas Gerais. Também atuou como Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC), entre 2013 e 2014.
Também foi vereadora em Belo Horizonte (MG), entre 2021 e 2023, e secretária estadual de Educação, de 2015 a 2018, durante o governo do petista Fernando Pimentel.
Outro candidato ao cargo deixado por Silvio Almeida é um ex-ministro Nilma Lino Gomesque ocupou o Ministério da Igualdade Racial entre 2015 e 2016, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
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Ela também está ligada aos movimentos negros e de mulheres e, assim como Macaé Evaristo, é mineira. Nilma foi a primeira reitora negra de uma universidade federal – a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.
Outros nomes estão por aí para o comando do Ministério dos Direitos Humanos: o deputado federal Benedita da Silva (PT-RJ)figura histórica do partido e amigo de Lula há décadas, e secretário nacional de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho.
Benedita, hoje com 82 anos, é deputada federal desde 2011, sendo reeleita consecutivamente (também ocupou cadeira na Câmara de 1987 a 1995). Também foi senadora (1983-1986), vice-governadora (1999-2002) e governadora do Rio de Janeiro (2002-2003), além de ministra da Assistência e Promoção Social (2007-2010), no segundo mandato de Lula. .
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Benedita também trabalhou na Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro, entre 2007 e 2010, durante o governo de Sérgio Cabral.
Sheila de Carvalho, por sua vez, é advogada e ligada ao grupo Prerrogativas, simpático ao governo Lula. Por não fazer parte das fileiras do PT, seu nome é visto como o “azarão” na disputa pela sucessão de Silvio Almeida.
Após a saída do ministro, Lula nomeou Esther Dweck, atual ministra de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, para chefiar interinamente o departamento. Ela acumulará os dois cargos até que Lula escolha seu novo ministro – ou, mais provavelmente, seu novo ministro.
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A queda de Silvio Almeida
O advogado e professor Silvio Almeida, de 48 anos, não é mais ministro dos Direitos Humanos e Cidadania desde sexta-feira (6), quando foi demitido por Lula após reunião no Palácio do Planalto.
Lula entendeu que não havia mais condições políticas para manter Silvio Almeida no cargo após denúncias de que o ministro teria cometido assédio sexual contra mulheres, inclusive funcionárias e até uma colega do ministério – Anielle Francoque chefia o departamento de Igualdade Racial.
“Diante das graves denúncias contra o ministro Silvio Almeida e após convocá-lo para uma conversa no Palácio do Planalto, no início da noite desta sexta-feira (6), o presidente Lula decidiu destituir o titular do título de Direitos Humanos e Cidadania”, informou o governo.
“O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo, dada a natureza das denúncias de assédio sexual”, diz a nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República.
Silvio Almeida está à frente do Ministério dos Direitos Humanos desde o início do terceiro governo Lula, em janeiro de 2023. É considerado uma das principais autoridades da área no país e um ativista histórico em defesa dos direitos humanos e das minorias.
Na quinta-feira (5), o escândalo caiu como uma bomba na Esplanada dos Ministérios. A ONG Me Too Brasil confirmou ter recebido denúncias de que Almeida assediou mulheres, que permaneceram anônimas.
De acordo com o site Metrópolesque inicialmente relatou as denúncias, os casos teriam ocorrido no ano passado e uma das vítimas seria a ministra Anielle Franco.
Silvio Almeida, por meio de nota oficial e vídeo publicado nas redes sociais, negou categoricamente as acusações e prometeu cooperar com as investigações.
O caso já é investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU), pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pela Polícia Federal (PF).
A Comissão de Ética Pública da Presidência também se reuniu, nesta sexta-feira (6), de forma “extraordinária”, para tratar do assunto, e abriu um processo administrativo para apurar o ocorrido. Mesmo com a renúncia de Silvio Almeida, o processo no Comitê de Ética continuará seu curso normal.
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