Os candidatos a prefeito de São Paulo não diferem apenas em suas visões políticas, mas também em suas estratégias de investimento. Como empreendedor e influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) é fã de alto risco, o apresentador Datena (PSDB) prefere a segurança da previdência privada e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) opte pelo conhecido CBD.
Os investimentos dos adversários políticos estão nas suas declarações de bens, que foram entregues à Justiça Eleitoral até meados de agosto, conforme determina a legislação. Entre os ativos citados há de tudo um pouco: imóveis, veículos, investimentos em renda fixa, participações em empresas, fundos de investimento, entre outros.
O relatório do InfoMoney pediu a três especialistas em planejamento financeiro e finanças que avaliassem a estratégia de investimentos dos seis principais candidatos que disputam o cargo de presidente-executivo da cidade de São Paulo. Segundo pesquisa do Real Time Big Data, Marçal, Boulos e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) eles estão tecnicamente empatados na corrida eleitoral.
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Guilherme Boulos (PSOL)
O candidato do PSOL declarou R$ 199.596,87 em bens, o menor valor entre todos os candidatos. Ele alegou ter uma casa no valor de R$ 171.758,00, um carro popular no valor de R$ 15.146,00, pouco mais de R$ 800 em conta corrente e R$ 11.876,87 em CDB do Banco Santander.
“Ter apenas CDBs na carteira pode comprometer tanto a rentabilidade da carteira quanto a liquidez. Caso esses CDBs não tenham liquidez diária, a multa em caso de resgate antecipado pode chegar a 10% da posição total, valor ainda maior”, avalia Ângelo Belitardo, gerente da Hike Capital.
Ricardo Nunes (MDB)
O atual prefeito de São Paulo R$ 4.843.350,91 em ativos, divididos entre imóveis (32%), investimentos (26%), planos de previdência (20%), depósitos bancários em conta corrente (11%) – que totalizam R$ 560 mil – e o restante em participações no capital social e um veículo.
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“Chama a atenção o valor de R$ 560 mil em depósitos em conta corrente e conta salário. Esse valor tem característica de liquidez e serve como reserva de emergência, porém poderia estar rendendo uma taxa mínima de CDI (Certificado de Depósito Interbancário) com liquidez e baixa volatilidade”, afirma Mauro Cervelini, sócio e head de gestão de patrimônio da MZM Wealth.
Marina Helena (NOVA)
O economista declarou R$ 9.705.860,81 à Justiça Eleitoral. Do total, 82% são imobiliários; investimentos em renda fixa (9%); fundo de longo prazo e fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), totalizando 6%; Fundo de Investimento Imobiliário (1%) e o restante entre fundos de investimento e participações de capital.
“Esta é uma estratégia mais conservadora. Dependendo da liquidez dos seus ativos de renda fixa, a sua flexibilidade para acompanhar os ciclos econômicos globais pode ficar comprometida. Os imóveis podem oferecer uma grande fonte de renda, quando possuem inquilinos resilientes”, afirma Belitardo, da Hike Capital.
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Datena (PSDB)
O apresentador de televisão Datena R$ 38.301.790,28 em mercadorias. Desse total, 67% estão na Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), plano de previdência privada que recolhe Imposto de Renda (IR) no resgate e apenas sobre a rentabilidade auferida, e 32% em imóveis. O 1% restante é dividido entre ações de empresas, depósitos bancários e títulos de renda fixa.
“O que chama a atenção no balanço da Datena é o alto valor alocado ao VGBL e o valor relativamente baixo de liquidez dos seus investimentos. Como aplicações de liquidez tem aproximadamente R$ 100 mil, o que é muito pouco se comparado ao volume de VGBL, de R$ 25 milhões”, avalia Cervelini, da MZM Wealth.
Pablo Marçal (PRTB)
O empresário e influenciador digital Pablo Marçal é o mais rico entre todos os candidatos: tem R$ 169.503.058,17. Reportagem da Folha de S. Paulo apurou que o valor poderia ser maior e o candidato poderia ter pelo menos R$ 135 milhões não declarados. Do total reportado ao TSE, quase 50% são destinados a aplicações financeiras, como Letra Imobiliária Garantida (LIG) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), e a outra parte é em participações societárias em startups, além de imóveis .
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“LIG e LCI são aplicações conservadoras e têm a vantagem de serem isentas de Imposto de Renda. Do lado negativo, temos a falta de liquidez. Investir em startups é extremamente arriscado, pois o negócio pode não ter o desempenho planejado e o investimento pode azedar”, afirma Fernando Camargo Luiz, gerente da Trópico Investimentos.
Cervelini, da MZM Wealth, disse que a estratégia do influenciador mostra um perfil bastante empreendedor e pode ser vantajosa se bem administrada. No entanto, disse ele, é “importante que se esteja ciente dos riscos associados às participações empresariais e mantenha uma revisão constante da alocação para garantir que permanece alinhada com os objetivos financeiros e a tolerância ao risco”.
Tabata Amaral (PSB)
A candidata do PSB disse que tinha R$ 807.841,11 em ativos, o segundo menor ativo entre os seis. Do total informado, R$ 799.332,95 estão identificados como “outras aplicações e investimentos” e R$ 8.508,16 como “depósito bancário em conta corrente”. Como não especifica exatamente os tipos de produtos financeiros, não é possível fazer qualquer avaliação.
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