A possível prisão do candidato da oposição Edmundo González, que não compareceu à terceira convocação do Ministério Público para prestar depoimento nesta sexta-feira (30), dificultará a atuação dos governos do Brasil e da Colômbia na crise desencadeada pela falta de transparência na divulgação dos resultados eleitorais na Venezuela.
Apesar da intenção de manter abertos os canais de diálogo com o governo venezuelano, membros do governo brasileiro consideram que seria difícil para o Brasil não se posicionar caso González fosse preso.
O CNN constatou que, caso o governo brasileiro se pronuncie, não deveria questionar a legalidade jurídica de uma possível prisão de González, mas sim a dimensão política do gesto, pois avalia que o desfecho do resultado eleitoral poderia ser ainda mais distante .
Na opinião de fontes do governo brasileiro, o opositor não representa qualquer risco para a ordem interna da Venezuela e a sua detenção representa um agravamento injustificado da repressão por parte do governo Maduro.
González, um ex-diplomata de 75 anos, não recebeu três intimações do Ministério Público venezuelano para testemunhar sobre a publicação de um site com registros eleitorais que lhe deram a vitória nas eleições presidenciais, com 67% dos votos.
O chavismo alega, sem apresentar provas, que mais de 80% das atas publicadas pela oposição são falsificadas. O MP, amplamente cooptado por Maduro, afirma que a publicação do site consistiu em “usurpação de poderes” do poder eleitoral.
Ao convocar pela terceira vez o candidato da oposição, o deputado venezuelano disse que em caso de não comparecimento considerará que existe risco de “fuga” e “obstrução” da justiça, e emitirá um mandado de detenção.
O cuidado dos que estão ao redor de Lula em não questionar as bases jurídicas da medida também está relacionado a possíveis paralelos com denúncias de condenados pelos ataques às sedes dos três poderes da República, em 8 de janeiro de 2023, de que estariam sofrendo perseguição política no brasil.
O CNN também descobriu que o governo brasileiro não conversou diretamente com González ou Maduro, mas manteve o diálogo em níveis mais baixos com aliados de ambos os lados. No entanto, não está descartada uma conversa direta com Maduro e González nos próximos dias.
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