O governo federal acionou a Polícia Federal (PF) para investigar a possível origem criminosa dos incêndios que se espalharam pelo estado de São Paulo nesta semana. A informação foi confirmada neste domingo (25) pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que esteve na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília.
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O ministro disse que o governo trabalha sob suspeita de ação criminosa semelhante ao “dia do fogo”, em referência ao dia 10 de agosto de 2019, quando uma ação orquestrada por criminosos ateou fogo em mais de 470 propriedades rurais. “Há uma forte suspeita de que isso esteja acontecendo novamente”, disse ela.
“Neste momento é uma verdadeira guerra contra o fogo e o crime”, disse o ministro. “Há uma situação atípica. Você passa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios pegando fogo ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa experiência em combate a incêndios.”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também compareceu à sala de situação, montada há dois meses no Prevfogo, para acompanhar a situação dos focos de incêndio. Ele garantiu recursos e ações do governo federal para apagar as chamas, que disse serem de difícil extinção. “Acabamos de apagar o fogo, você vira as costas e ele acende de novo.”
Também estiveram presentes o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Todos passaram cerca de uma hora na sala de situação, onde é possível monitorar em tempo real focos de incêndio em diversas regiões do país, por meio de imagens de satélite.
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“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que haja várias frentes de incêndio em dois dias envolvendo simultaneamente vários municípios”, reiterou Marina sobre as suspeitas de ação criminosa. “Precisamos parar de provocar incêndios”, apelou ela. “O incêndio não é estadual nem municipal, é um incêndio que prejudica o Brasil.”
O ministro avalia que a situação poderia ser muito pior se o governo federal não tivesse se preparado desde o início do mandato Lula para um possível aumento das queimadas. Ela afirmou que “não é verdade que haja falha do governo federal”.
Marina mencionou o envio da aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) para auxiliar no rescaldo das chamas, mas informou que o avião ainda não pode operar por questões de segurança, devido à grande quantidade de fumaça.
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Investigações
Ao lado do ministro, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou a existência de 31 inquéritos para apurar condutas criminosas ligadas a incêndios florestais na Amazônia e outros 20 relacionados ao Pantanal, além de dois inquéritos abertos para apurar a situação no São Paulo. “Mobilizamos nossas 15 delegacias espalhadas pelo interior [de SP] para que possamos identificar essa questão que envolve esses incêndios no estado”.
Rodrigues explicou ainda que o governo dispõe de ferramentas que permitem reconstituir imagens de satélite para identificar a origem dos focos de calor, o que deverá auxiliar muito nas investigações. A atuação da PF no caso se justifica pelo impacto do problema em áreas de interesse da União, como a operação de aeroportos.
Neste domingo (25), o governo paulista informou que há 21 cidades paulistas com surtos ativos, e outras 46 cidades em alerta máximo para uma possível aproximação às chamas.
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Fumaça
A fumaça gerada pelas chamas no interior de São Paulo e em outras regiões tem sido levada por ventos favoráveis para as regiões centrais do país. Neste domingo, por exemplo, Brasília amanheceu com vários bairros cobertos de fumaça. O fenômeno, facilitado pelo tempo seco, também foi registrado em outras capitaiscomo Goiânia e Belo Horizonte.
Segundo o governo federal, este ano um número recorde de bombeiros foi mobilizado para trabalhar no combate aos incêndios florestais, incluindo 1.400 na região amazônica e 800 no Pantanal. Helicópteros da Marinha e do Exército foram enviados esta semana a São Paulo para ajudar no combate a incêndios no estado.
O presidente do Ibama esteve neste domingo na sede do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), estrutura ligada ao Ibama, em Brasília, ao lado do presidente Luís Inácio Lula da Silva e do ministro do Meio Ambiente, Marina Silva. No local, monitoraram a situação dos focos de incêndio em monitores da sala de situação.
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