O médico Francisco Cardoso, que ficou conhecido por defender o tratamento com cloroquina para a Covid-19 durante a pandemia, foi eleito o novo representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) em São Paulo para os próximos cinco anos.
As eleições foram realizadas em todo o Brasil na terça (6) e na quarta (7). Pouco mais de 424 mil médicos votaram remotamente em um conselheiro federal efetivo e outro suplente.
Em São Paulo, votaram mais de 126 mil profissionais. O substituto de Francisco Cardoso é Krikor Boyaciyan
Veja como foi a votação no estado:
- Força Médica (placa 2) – 37,98%
- Conscientização CFM (Placa 3) – 34,13%
- Juntos por uma categoria médica mais forte (placa 1) – 15,25%
- Experiência e Inovação (Placa 4) – 12,64%
Defesa da cloroquina
Em depoimento à CPI da Pandemia, em junho de 2021, Cardoso afirmou que, quando surgiram os primeiros estudos sobre medicamentos para o tratamento da Covid-19, a cloroquina e a hidroxicloroquina tiveram melhor desempenho.
“Na medicina, a prática de usar medicamentos aprovados para tratar outras doenças é chamada de uso ‘off-label’, ou seja, fora da bula oficial. Em alguns casos, o uso ‘off-label’ torna-se tão benéfico que acaba sendo incorporado posteriormente pelas agências”, disse.
Em março do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que a hidroxicloroquina não funciona no tratamento contra a Covid-19 e também alertou que seu uso poderia causar efeitos adversos.
Após a vitória no CFM, Cardoso escreveu, em suas redes sociais, que foi uma eleição disputada e que sofreu “ataques vis de pessoas sem caráter nem honra”. “São Paulo elegeu um médico a favor da vida, da ciência, da autonomia, da ética e do respeito”, completou. O painel eleito representará o órgão até setembro de 2029.
Nesta quinta-feira (8), Cardoso compartilhou em uma rede social um print de uma crítica feita por um adversário à sua vitória nas eleições e escreveu: “Se a esquerda não gostou é porque estamos no caminho certo. ”
Polêmica nas eleições
Durante a campanha, os médicos relataram ter recebido uma mensagem, via SMS, incentivando-os a votar no Partido 2 por ser a “única chapa anti-(L 13)”, conforme está escrito no texto.
O SMS teria sido enviado no dia 22 de julho, cerca de duas semanas antes do início da votação.
A infectologista Luana Araújo relatou o recebimento nas redes sociais. “Em SP, aparentemente, tem gente que quer que você, médico paulista, fique preso para sempre nessa bobagem criminosa de polarização partidária. Para essas pessoas vale tudo – inclusive agir contra a ética e a lei geral de proteção de dados”, relatou ela.
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) do CFM informou que esteve na linha da frente de todo o processo eleitoral e que as eleições foram marcadas pela tranquilidade, eficiência e segurança.
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