Os governadores do Nordeste propuseram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alterações no projeto de lei de renegociação das dívidas dos estados com a União, incluindo o aumento do fundo de equalização a ser criado e mudanças nos critérios de distribuição este dinheiro. Segundo a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), Pacheco “foi sensível” às sugestões e irá discuti-las com os senadores até a próxima semana.
“É legítimo que os Estados endividados solicitem a renegociação da dívida, mas é necessário que os Estados menos endividados também sejam incluídos neste processo de renegociação, sob pena de agravarem cada vez mais as desigualdades do ponto de vista regional e socioeconómico”, afirmou Fátima.
O governador disse que “não é justo que estados menos endividados, que fizeram o dever de casa, no processo de renegociação, não sejam incluídos” na íntegra no texto. As duas principais sugestões foram o aumento do tamanho do fundo de equalização e que os critérios de distribuição sigam as regras do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que leva em conta as desigualdades regionais e transfere mais recursos para estados mais pobres.
Os governadores do Nordeste sugeriram que o índice de endividamento dos estados com a União poderia ser reduzido em 2 pontos percentuais (e não em 1 ponto percentual, como propôs Pacheco) desde que esse dinheiro fosse destinado a um fundo de equalização. Na prática, os estados pagariam os juros, mas receberiam parte do dinheiro de volta através deste fundo.
Na terça-feira, 6, Pacheco estimou que o fundo de equalização poderá ter cerca de R$ 7 bilhões por ano, dado que a dívida ultrapassa R$ 700 bilhões. Com essa mudança, o valor poderia chegar a cerca de R$ 14 bilhões, com regras de distribuição que favoreceriam os estados mais pobres.
O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), disse que representantes dos estados do Nordeste também propuseram a possibilidade de renegociar as dívidas dos estados com instituições financeiras do sistema nacional, como Banco do Brasil, Caixa e BNDES.
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Segundo ele, alguns estados que têm dívidas baixas com a União têm dívidas com essas instituições.
“É importante que essas dívidas bancárias também sejam renegociadas, seja com carência, prorrogação de prazo e redução de taxa. Vamos propor um texto para que ele avalie com consultores e senadores para viabilizar essa igualdade, visto que serão feitos esforços da União nas dívidas (dos estados) com a União”, afirmou Fonteles.
Os governadores disseram que Pacheco lhes enfatizou sua disposição de votar o projeto de renegociação da dívida na próxima semana, conforme anunciou em entrevista coletiva nesta terça-feira. Isso só será possível, porém, segundo os governadores, se houver acordo dos líderes partidários e se houver acordo suficiente para viabilizar a votação.
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