Ex-apresentador de TV José Luiz DatenaCandidato do PSDB a prefeito de São Paulo (SP), afirmou, nesta terça-feira (6), que, se eleito, fará auditoria nos contratos das mais diversas áreas assinados durante o governo do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Datena disse ainda que considera que Nunes, candidato à reeleição, corre o risco de ser preso caso seja comprovada alguma irregularidade.
“A prefeitura vai auditar todos os contratos dessa atual prefeitura porque esse prefeito não corre risco só de não ser eleito. Ele está desesperado pela reeleição porque, dependendo de você auditar o que ele fez até hoje, corre o risco de perder a cadeira e ir para a cadeia”, disse Datena, que participou de audiência promovida pelo G1.
O candidato tucano citou algumas investigações que têm Nunes como alvo, como a que envolve a chamada “máfia das creches”, e também vinculou o prefeito ao escândalo conhecido como “máfia dos transportes” – que investiga a suposta ligação entre ônibus empresas de São Paulo e facções do crime organizado.
Na semana passada, a PF indiciou 117 pessoas no âmbito da investigação sobre a “máfia das creches”. A corporação pediu à Justiça a abertura de investigação específica sobre o prefeito, alvo de suspeitas devido aos relacionamentos que mantinha com uma empresa que supostamente emitia notas fiscais “frias”, quando ainda era vereador na capital. Nunes nega qualquer irregularidade. “[Nunes] Ele já está envolvido na máfia da creche. Inclusive está sendo investigado pela Polícia Federal”, disse Datena.
Durante a audiência, o ex-apresentador do TV Bandeirantes afirmou que, caso seja eleito prefeito de São Paulo, fará uma espécie de “pente fino” nos contratos e licitações firmados pela atual gestão municipal.
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“Você tem, sob a ode desse prefeito, uma sombra enorme de que a maior parte das licitações foram conduzidas de forma absurdamente criminosa”, disse o tucano.
“A terceira maior receita da União é a da cidade de São Paulo. Sobrou dinheiro. Se você parar de gastar dinheiro com bandidos, corruptos e canalhas, que ficam com grande parte do que recebemos na prefeitura de São Paulo, vai sobrar ainda mais dinheiro para você viabilizar outros projetos”, completou Datena.
“Máfia dos transportes”
Sobre as investigações do Ministério Público sobre o envolvimento das empresas de ônibus com o crime organizado, Datena afirmou que “o transporte público de São Paulo foi infiltrado pelo PCC [Primeiro Comando da Capital]”.
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“Isso precisa ser aprovado e está sendo comprovado pelas forças-tarefa policiais. Grande parte do Transwolff ficou presa com elementos que pertenciam ao PCC. Upbus, a mesma coisa, um cara foi preso outro dia. Como isso acontece em um processo licitatório?” perguntou Datena, mencionando duas empresas que estão sendo investigadas.
“Não serei venal ao falar antes de uma investigação. Mas as evidências apontam cada vez mais para isso”, disse o candidato do PSDB. “Não tenho medo do PCC, não tenho medo de bandidos. E os criminosos não vão fazer com que o povo de São Paulo continue pagando o transporte público dos vagabundos do PCC. No meu governo, o cidadão de São Paulo não vai sentar no transporte público do crime organizado.”
Tabata Amaral
José Luiz Datena também foi questionado sobre o fracasso das negociações em torno de uma possível chapa formada por ele e pelo deputado federal Tabata Amaral (PSB)candidato a prefeito.
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Em abril, apenas 4 meses após ingressar no PSB, Datena migrou para o PSDB, num acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa do parlamentar.
Com a consolidação do nome de Datena, que tem aparecido à frente de Tabata nas últimas pesquisas, setores do PSDB passaram a defender que o partido tentasse convencer a deputada a desistir da candidatura a vice-presidente do tucano. Essa possibilidade, porém, sempre foi rejeitada pela campanha de Tabata, que trocou farpas com Datena no mês passado.
Na segunda-feira (5), Tabata anunciou que sua vice será a educadora Lúcia França (PSB), 62 anos, esposa do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), atual ministro do Empreendedorismo, Microempresas e Pequenas Empresas. O vice-presidente de Datena, por sua vez, será o ex-senador José Aníbal, presidente do diretório municipal do PSDB na capital paulista e principal coordenador da candidatura própria.
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“Eu respeito muito o Tabata, gosto do Tabata, mas quem tiver que ir com o Tabata, vá com o Tabata. O que posso fazer? Isso é democracia”, disse Datena.
Questionado sobre as declarações de Tabata, também durante audiência G1Ao indicar ter sido traída por possíveis aliados durante a campanha, Datena negou ter rompido qualquer compromisso com o candidato do PSB.
“Ela não disse meu nome. Em nenhum momento traí Tabata. Na verdade, eu a defendi quando o [Carlos] Lupi e Ciro [Gomes] Eles disseram que ela traiu seu antigo partido [o PDT, quando Tabata votou a favor da reforma da Previdência, em 2019, contrariando a posição do partido]”, afirmou.
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“Fui convidado pela Tabata para ser seu vice e deixei o partido em que estava para ser seu vice. Eu queria ser seu vice. Ela já estava negociando com o PSDB e só fiquei sabendo pela imprensa. Eu disse a ela que não queria ir para o PSDB e queria ficar no PSB e ser vice dela”, explicou Datena.
Na entrevista, o tucano admitiu que seu maior objetivo na política “é ser senador”. “Eu queria começar como senador. Mas ao longo do caminho, Tabata queria mais minutos de TV”, disse ele. “Ela me mudou por 1 minuto, não sou um relógio. Ela trocou um bem importante dela e de seu partido para que eu fosse para outro partido, e havia o risco de o partido realizar uma pesquisa. Com base nessa pesquisa, eles me procuraram e disseram que eu tinha potencial para ser prefeito de São Paulo.”
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“Vou até o fim”
Em meio a especulações de que poderia desistir da disputa pela prefeitura de São Paulo, Datena garantiu que, desta vez, irá “até o fim” com sua candidatura.
Em eleições anteriores, para diversos cargos, Datena chegou a afirmar que seria candidato, mas acabou desistindo na última hora. Em 2020, esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava a renovação do mandato. Na época filiado ao MDB, teve uma série de conversas com Covas, que se empolgou com a possibilidade de ter o apresentador como vice-presidente.
Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia pedido para ela permanecer na emissora. O jornalista já passou por 11 partidos em sua carreira política. Antes de sair do PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – numa verdadeira “montanha-russa” partidária.
“Estou dizendo que vou [até o fim]. Sinto que há apoio de grande parte do partido, do executivo nacional e do executivo local”, disse.
“Agora quero saber se os outros vão. Qualquer um pode desistir. Por que todo mundo vai e eu não vou? ‘Ah, porque você ainda não foi cinco vezes.’ Olha, mas esta é mais uma eleição e eu garanto que irei, até para calar a boca daquelas pessoas que estão dizendo que eu não irei”, continuou Datena.
“Dou minha palavra a todo o povo de São Paulo. Dou minha palavra, em nome da minha honra, que irei até o fim. A menos que eles me matem no caminho.
Datena minimizou a resistência de setores do PSDB, que se manifestaram, na convenção municipal do partido, contra a candidatura do jornalista. “Havia pessoas próximas da marginalidade tentando impedir o direito dos nossos manifestantes, dos nossos apoiadores, de ir e vir, e o meu direito de ir e vir. Atiraram-me garrafas, xingaram-me, cuspiram em mim, tentaram bater-me… e é o mesmo grupo que apareceu abraçando Ricardo Nunes e fazendo um discurso na aprovação da sua candidatura”, acusou.
Apoio no 2º turno
Disputados nos primeiros lugares da corrida eleitoral, segundo as últimas sondagens, em empate técnico com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos (PSOL)Datena disse que, caso não chegue ao segundo turno, não apoiará nenhum dos candidatos.
“Não vou apoiar ninguém. Posso ser eleito no primeiro turno. Tenho o direito de sonhar”, afirmou. “Como sinto o desespero dessas pessoas há 26 anos, todos os dias, acho que São Paulo terá esperança. E eu tenho esse sonho. Eu não apoio ninguém.”
Cracolândia
Durante a audiência, José Luiz Datena também falou sobre um dos principais problemas de São Paulo – a Cracolândia, região onde vivem usuários de drogas e dependentes químicos em geral, que lotam as ruas, praticamente à margem da atuação do poder público.
Nesta terça-feira, uma megaoperação envolvendo Ministério Público (MP), Receita Federal, Polícia Militar (PM), Polícia Civil, Polícia Federal (PF) e Ministério Público do Trabalho (MPT) prendeu um dos chefes do Primeiro Comando de da Capital (PCC), três guardas civis metropolitanos e dois traficantes de drogas, além de um ex-agente da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Segundo as investigações, os guardas e ex-guardas detidos são suspeitos de fazerem parte de uma milícia que ali atuava. Os dois traficantes, por sua vez, teriam participado na venda de armas ilegais e cometido exploração sexual e prostituição.
“O problema da Cracolândia é muito mais complexo do que parece, mas pode ser resolvido”, disse Datena. “GCM é um bom guarda. Será reforçado, equipado e eles serão mais bem remunerados. Mas [esses suspeitos detidos na operação] São bandidos infiltrados em uma organização que conta com mais de 7 mil homens. Um criminoso é um criminoso. Usar uniforme é ainda pior”, disse ele.
“A GCM deve estar armada e exercer o poder de polícia que as demais forças policiais exercem. O inimigo comum é o crime organizado, o PCC. Nossa guarda estará muito bem armada e terá poder de polícia”, garantiu o candidato do PSDB.
Datena disse ainda que seu eventual governo abordará o problema com uma abordagem diferente daquela adotada atualmente pela prefeitura. “Não é a abordagem que Ricardo Nunes faz, isolando os toxicodependentes em guetos, que me faz lembrar o nazi-fascismo durante a Segunda Guerra Mundial”, criticou.
“Não se trata de tirar o traficante que vai lá vender a droga para o dependente. Isso não resolve. Todos os intervenientes na segurança pública devem trabalhar. Não dá para resolver o problema da Cracolândia sendo apenas prefeito de São Paulo. Tem que contar com a ajuda do governo do estado, Tarcísio [de Freitas, governador]o Ministério Público e a Justiça”, disse o tucano.
Tarifa zero
Assim como já havia feito em entrevistas e audiências anteriores, Datena criticou a chamada “tarifa zero” dos ônibus municipais aos domingos, instituída pelo governo Nunes, com passagem gratuita por toda a cidade.
“Tarifa zero é mentira desse prefeito. Para andar de ônibus em São Paulo hoje, uma pessoa deveria receber, pelo menos, a diferença do subsídio que paga a essas empresas. Ele cobra R$ 4,40 e as empresas recebem R$ 10,60, quase R$ 11. E grande parte desse dinheiro continua indo para empresas suspeitas de envolvimento com o crime organizado”, afirmou Datena.
“Ele [Nunes] é um mentiroso. Não existe tarifa zero. Cidadão que não pega ônibus já paga muito para andar de ônibus em São Paulo”, finalizou o candidato do PSDB.
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