O pré-candidato do PSB a prefeito de São Paulo (SP), deputado federal Tabata Amaral, minimizou o fato de não ter conseguido o apoio do PSDB na disputa eleitoral paulista. Os Tucanos confirmaram a candidatura do ex-apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datenaque estava sendo considerado um possível vice-presidente na chapa de Tabata.
Em abril, apenas 4 meses após ingressar no PSB, o apresentador migrou para o PSDB, num acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa do parlamentar.
Com a consolidação do nome de Datena, que tem aparecido à frente de Tabata nas últimas pesquisas, setores do PSDB passaram a defender que o partido tentasse convencer a deputada a desistir da candidatura a vice-presidente do tucano. Essa possibilidade, porém, sempre foi rejeitada pela campanha de Tabata, que trocou farpas com Datena no mês passado.
Nesta segunda-feira (5), Tabata anunciou que sua vice será a educadora Lúcia França (PSB), 62 anos, esposa do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), atual ministro do Empreendedorismo, Microempresas e Pequenas Empresas. Sem outros aliados, a chapa será “puro-sangue”, formada exclusivamente pelo PSB.
“Há duas coisas que aprendi em casa e no Congresso Nacional. Estar correto, ter a sua palavra e ser honesto nunca será uma má opção. Jamais me arrependerei de ter acertado nessa história, por mais que outros não estivessem comigo”, disse Tabata, em audiência promovida pela G1quando questionada se ela se arrependia de ter procurado o apoio de Datena.
“Por outro lado, aprendi em Brasília que traições são comuns. Que o povo dê a palavra e a palavra é jogada ao vento”, acrescentou a deputada, indicando se considera traída pelo agora candidato do PSDB.
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Ainda segundo Tabata, apesar da confirmação da candidatura de Tucana, o próprio PSB “ainda tem dúvidas se Datena será candidato”. “O PSDB está passando por muita confusão, vimos o que foi a convenção [Datena foi hostilizado por um grupo do partido que é contra sua candidatura]. Agora são eles que falam por eles. Não tenho comentários a fazer”, disse Tabata.
O candidato do PSB afirmou ainda que “os maiores integrantes do PSDB estão aqui conosco porque estão comprometidos com esse projeto”. “Os maiores nomes do PSDB, que foram tão importantes para esta cidade, e os maiores nomes da centro-esquerda e da centro-direita estão neste projeto”, afirmou.
Críticas duras a Ricardo Nunes
O principal alvo de Tabata Amaral, durante a audiência, foi o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB). A deputada classificou o adversário como “um prefeito muito pequeno, muito medíocre”.
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“Ele não poderia escolher quem seria seu vice-presidente, não pode falar em palanque quando há outras pessoas ao lado dele. Ele responde a muitas reclamações, mas nem sei se é ele quem manda em tudo. Ele parece apenas mais uma peça do tabuleiro”, criticou Tabata.
Durante a audiência, o candidato do PSB a prefeito de São Paulo mencionou investigações das quais Nunes é alvo, como a que envolve a chamada “máfia da creche”.
“O prefeito Ricardo Nunes está sendo investigado em mais uma denúncia de que recebeu propina nesse esquema da máfia das creches. A Polícia Federal está investigando ele”, observou Tabata.
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Na semana passada, a PF indiciou 117 pessoas no âmbito da investigação sobre a chamada “máfia das creches” em São Paulo. A corporação pediu à Justiça a abertura de investigação específica sobre o prefeito, alvo de suspeitas devido aos relacionamentos que mantinha com uma empresa que supostamente emitia notas fiscais “frias”, quando ainda era vereador na capital. Nunes nega qualquer irregularidade.
“Não vou deixar nada no ar. Estou dizendo claramente que temos hoje um prefeito que está sendo investigado em inúmeras ações. Assim que ele tiver uma condenação, serei o primeiro a dizê-lo. Acho importante que a prefeitura saiba”, alertou o deputado.
“O tribunal dirá se ele é culpado ou não dos numerosos casos que enfrenta. Agora, não creio que conseguiremos ter uma cidade que combata a corrupção e fique mais segura com um prefeito sob tantas investigações. Porque quem comete crimes não combate os crimes”, continuou Tabata.
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O deputado também citou denúncias relacionadas ao setor de transportes da capital paulista, com a suposta ligação entre empresas de ônibus e crime organizado.
“É a primeira vez na cidade que temos uma operação que dá nome às pessoas, que prende dono de empresa de ônibus, que prende vereadores… A postura que eu esperava do prefeito é que, se houver uma empresa com o nome ali, ele teve a coragem de rescindir esses contratos. O prefeito foi para Upbus [uma das empresas investigadas] gravar um vídeo elogiando a empresa”, disse Tabata.
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“Não serei cúmplice do crime. Quero que a investigação aconteça de forma independente. Não quero que a operação seja abafada, não quero que um político poderoso intervenha para que isso não aconteça”, concluiu.
Cracolândia
Durante a entrevista, Tabata Amaral também foi questionada sobre um dos principais dramas enfrentados pela cidade de São Paulo – a chamada “Cracolândia”, região que abriga usuários de drogas e dependentes químicos em geral, praticamente fora das ações dos autoridades públicas.
“Minha principal diferença é que posso ver o criminoso e o doente. Não vou escolher apenas uma dessas duas lentes”, disse Tabata. “Entendo a complexidade e tenho a humildade de entender que teremos que aprender com o que deu certo e com o que deu errado.”
Segundo o candidato do PSB, “não adianta mudar o CEP e não adianta colocar grade”. “São mais de 70 pontos de Cracolândia espalhados pela cidade”, observou.
“Vamos olhar para a saúde mental, para a segurança e acabar com essa porta giratória que temos hoje, onde as pessoas ficam internadas e voltam às ruas. Nosso foco total é criar portas de saída para quem está nas ruas”, afirmou.
Privatização da Sabesp
Tabata também fez considerações sobre a recente privatização da Sabesp, concluída no final do mês passado pelo governo do Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tabata se posicionou contra a privatização da empresa.
“Eles realizaram um processo extremamente acelerado. Em nenhum momento tive uma posição dogmática e intransigente. Apresentei 30 propostas. Ainda não sou prefeito, não era meu papel. Mas, tendo em conta que temos um autarca que se ajoelha, fiz o papel que ele deveria estar a desempenhar”, alegou o deputado.
“Havia uma questão quase burocrática que reduziu significativamente a concorrência. Uma única empresa demonstrou interesse. Essa empresa não atua em saneamento básico e, onde atua, é a pior classificada do país”, criticou.
“Temos uma empresa, que é um acionista de referência, que não tem experiência e está mal classificada. A Sabesp foi vendida por muito menos do que valia”, finalizou o candidato.
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