O principal assessor da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (1º), em entrevista à RedeTV, que a Venezuela tem o dever de comprovar o voto no líder Nicolás Maduro nas eleições do último domingo (28).
Amorim, que esteve com Maduro em Caracas esta semana, disse que o Brasil está decepcionado com a demora na publicação da ata da eleição do país vizinho.
“Acho que o Brasil evita atitudes precipitadas nessas questões, porque muitas vezes é preciso mesmo tempo. Agora, não há dúvida de que, tal como outros, estamos decepcionados com o atraso da Comissão Nacional Eleitoral na publicação dos dados”, disse Amorim.
O assessor da Presidência disse que a oposição a Maduro, por outro lado, “consegue levantar dúvidas [sobre o processo eleitoral]mas não [consegue] provar o contrário.” “Portanto, é necessário um pouco de cautela.”
De qualquer forma, Amorim afirmou que, “por tudo o que já aconteceu, por todo o quadro político, há uma expectativa de que a Venezuela possa provar, o governo venezuelano possa provar, o voto que [Maduro] afirma ter tido.”
Com 80% dos votos apurados, o Conselho Nacional da Venezuela (CNE) apontou a reeleição de Maduro na madrugada desta segunda-feira (29). Segundo a entidade, ele contou com o apoio de 51,2% dos eleitores que foram às urnas, ante 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González.
O resultado do concurso tem sido contestado pela oposição venezuelana desde que os resultados foram anunciados pela CNE. Estudo realizado por pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Venezuela mostra que González teria obtido 66,12% dos votos, contra 31,39% de Maduro e 2,49% dos demais candidatos.
“Estive pessoalmente com Maduro, perguntei se teremos a ata. A questão é realmente se a contagem [dos votos] corresponde aos minutos. Eles têm que mostrar os minutos. Perguntei isso ao presidente Maduro, na presença do presidente da Assembleia Nacional venezuelana, e ele disse que era questão de dois ou três dias. Os dois ou três dias estão passando”, comentou.
Reações e protestos contra Maduro
Horas depois da entrevista, gravada na manhã de quinta-feira, Brasil, Colômbia e México solicitaram, por meio de nota conjunta, que a Venezuela “divulgasse publicamente os dados desagregados por tabela de votação”.
“As polêmicas relativas ao processo eleitoral devem ser resolvidas por meios institucionais. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado por meio da verificação imparcial dos resultados”, diz trecho do documento.
À noite, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que Edmundo González recebeu o maior número de votos nas eleições presidenciais de domingo.
“Dadas as evidências esmagadoras, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela”, disse Blinken.
Na última quarta-feira (31), o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, anunciou que solicitaria ao Tribunal Penal Internacional a prisão de Maduro.
Segundo a ONG Foro Penal, pelo menos 11 pessoas morreram em protestos na Venezuela depois de Maduro ter sido declarado vencedor das eleições, incluindo dois menores.
Conforme anunciado pelo procurador-geral do país, Tarek William Saab, 1.062 pessoas foram presas em conexão com os protestos que eclodiram em todo o país.
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