O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não deveria ter acesso ao depoimento completo do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de campo na Presidência da República. Esse é o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se opôs ao pedido apresentado pelos advogados de Bolsonaro.
O pedido já é o quarto feito pela defesa do ex-presidente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os outros três foram negados.
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Segundo a PGR, a colaboração firmada entre Mauro Cid e a Polícia Federal (PF) poderá gerar novos desdobramentos, além das investigações que apuram o suposto desvio ou tentativa de desvio de bens recebidos pelo governo brasileiro durante o governo Bolsonaro, com um valor de mercado em torno de R$ 6,8 milhões – a chamada “pesquisa de joias”.
“Existem outras investigações em andamento, ainda não finalizadas, que também se baseiam nas declarações do colaborador, o que reforça a inviabilidade do acesso almejado neste momento processual”, afirmou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, no manifestação contrária ao acesso de Bolsonaro ao conteúdo da denúncia.
Ainda segundo o titular do Ministério Público Federal (MPF), o pedido feito pelos advogados do ex-presidente “tem contornos genéricos e não está amparado na Súmula Vinculante 14”, do STF.
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De acordo com a Súmula Vinculante 14, “é direito do defensor, no interesse do representado, ter amplo acesso às provas que, já documentadas em procedimento investigativo realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
“Todos os elementos relevantes para as investigações realizadas nesta petição já estão documentados e foram fornecidos à defesa do investigado”, explica a PGR.
“Caso haja outra investigação relacionada ao interessado, o pedido de acesso certamente será deferido nos respectivos autos, uma vez demonstrada a condição de investigado”, acrescenta Gonet.
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No pedido apresentado ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Jair Bolsonaro solicita a “disponibilização irrestrita dos principais e pertinentes documentos anexos/anexos relativos ao acordo de colaboração premiada assinado pelo senhor Mauro Cesar Lourena Cid, bem como o registro audiovisual completo de todos os atos da referida colaboração premiada, incluindo negociações e depoimentos anteriores à celebração e aprovação do acordo”.
Em outra representação ao STF, os advogados do ex-presidente afirmam que o indiciamento de Bolsonaro pela PF por peculato (apropriação indébita de bens públicos), associação criminosa e lavagem de dinheiro é “anômalo”.
Além da investigação das joias, a declaração de Mauro Cid pode contribuir para outras investigações em andamento, como a suposta inserção de dados falsos na carteira de vacinação de Bolsonaro e a que investiga uma possível tentativa de golpe para impedir a posse do presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT)em 2023.
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