A 4 dias da convenção do PSDB que pretende confirmar o nome do candidato do partido a prefeito de São Paulo (SP) nas eleições de outubro deste ano, o ex-apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena mais uma vez colocou em dúvida a decisão de concorrer à corrida eleitoral na maior cidade do Brasil.
Tucano é pré-candidato à sucessão a prefeito Ricardo Nunes (MDB)que concorrerá à reeleição, Datena comparou sua situação no PSDB à do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, do Partido Democrata, que desistiu de ser candidato a um segundo mandato, em comunicado divulgado no último domingo (21).
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Em eleições anteriores, para diversos cargos, Datena chegou a afirmar que seria candidato, mas acabou desistindo na última hora. Em 2020, esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava a renovação do mandato. Na época filiado ao MDB, teve uma série de conversas com Covas, que se empolgou com a possibilidade de ter o apresentador como vice-presidente.
Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia pedido para ela permanecer na emissora. O jornalista já passou por 11 partidos em sua carreira política. Antes de sair do PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – numa verdadeira “montanha-russa” partidária.
“Até eu suspeito [da própria candidatura a prefeito]. Se continuar essa bobagem de que o partido está conversando com outras pessoas para colocar dentro do partido sem me avisar, eu não serei candidato. Se Biden pode desistir a qualquer momento, por que eu não posso? Desde o início eu falei: se mexerem comigo eu desisto”, disse Datena, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
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“Quem foi atrás de cargos, emendas, dinheiro, isso já foi [embora do PSDB], mas deixaram alguns lá dentro para atrapalhar minha candidatura, inclusive a convenção. Tenho confiança no executivo nacional, no Marconi [Perillo]em Aécio [Neves], embora tenhamos discutido lá atrás e no José Aníbal. Mas os principais tiros que tirei foram de dentro do partido”, continuou Datena, reclamando do chamado tucano de “fogo amigo”.
“Por exemplo, tinha um cara falando sobre trânsito na Rádio CBN me representando e ele disse: ‘Datena está errada’ [ao se opor a mais radares de velocidade na cidade de São Paulo]. Por que sou contra o radar? Isto não tem como objetivo educar as pessoas e reduzir acidentes. Se o partido quer que eu seja candidato, deixe-me manifestar. Você viu a convenção do Lula?” perguntou o pré-candidato do PSDB, referindo-se à convenção do PSOL que confirmou a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos a prefeito, com o apoio do PT e a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Foi a convenção do Lula, depois da Marta [Suplicy], depois de Boulos. O de Ricardo Nunes será de [Jair] Bolsonaro, depois de Tarcísio [de Freitas]depois dele”, afirmou Datena.
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“Ricardo Nunes parece um fantoche de Bolsonaro e Tarcísio. Boulos, a mesma coisa. Esta polarização não pode continuar. Eu gostaria de ter uma convenção como a deles. Tudo será por aclamação. Não foi lá? A maior festa.”
Questionado se pretende ser aclamado na convenção do PSDB, marcada para sábado (27), Datena disse esperar “ser aclamado pelo voto popular” em outubro. “Não tem problema morrer com um tiro no peito do PCC ou de quem quer que seja, porque não vou usar colete à prova de balas. Mas morrer com um tiro nas costas dentro da festa? Não precisa me elogiar, mas também não precisa atirar nas minhas costas”, criticou o ex-apresentador.
“Apenas Veja. Grande parte do partido fugiu para Ricardo Nunes. Dinheiro e posição. Há poucos dias eles mudaram a federação [PSDB-Cidadania] toda a cidade de São Paulo. Eu descobri mais tarde. Mesmo assim continuaram essas críticas idiotas, que só podem vir das entranhas do partido”, afirmou Datena.
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Na entrevista, o jornalista garantiu que, de 0 a 10, sua vontade de ser candidato a prefeito de São Paulo é 10. Mesmo assim, não garantiu que disputará o pleito. “Se no sábado eu sentir que a galera vai me incomodar na convenção, não irei. Ele terminou. Essas convenções serão por aclamação e com gente pesada. Se o nosso for derrotado em todos os lugares, o que isso vai me ajudar?”, questionou.
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Após definirem as candidaturas, os partidos políticos terão até o dia 15 de agosto para solicitar à Justiça Eleitoral o registro dos nomes escolhidos. Em tese, mesmo após a convenção do PSDB, Datena poderia se retirar da disputa.
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“Acho que a convenção aprovará meu nome. Já é um princípio básico e inequívoco que, verdadeiramente, quem está comigo está comigo. E quem não estiver vai se ferrar porque não estará comigo. Ao deixar transparecer essas trocas repentinas, você demonstra uma fraqueza em sua própria estratégia”, afirmou.
“Não sou Deus para fazer renascer o PSDB. Mas não é pela vaidade que destruiu o partido que este partido voltará a ser o que era”, continuou Datena. “A virtude do homem é fazer o que Biden fez, quando desistiu de ser candidato: é saber que numa eleição o povo é sempre o mais importante.”
“Se o cara que é o presidente da maior nação econômico-militar do mundo pensa que o povo é mais importante que ele, por que eu não posso, se não me sinto capaz de ajudar o povo?”, questionou Datena . “A partir do momento que não me sinto totalmente apoiado pelo partido, que há palhaçadas nesta convenção, que há manifestações… Num partido dividido como está hoje o PSDB, e não me apoiando como candidato, não Não me sinto capaz de resolver nem os problemas do PSDB e muito menos do eleitorado.”
O jornalista afirmou ainda que espera que, até sábado, “o PSDB resolva os seus problemas”. “Que vamos a uma convenção de consenso e que o povo que está no PSDB possa ter certeza de que o vírus que destruiu o partido foi o da individualidade e da vaidade”, disse o pré-candidato tucano.
“Você já esteve no Alasca? Há um lago gelado ali, então você pode ver se o gelo é espesso o suficiente para atravessá-lo. Eu sabia que o gelo do lago congelado do PSDB era fino, mas nem tanto. Descobri isso depois de estar lá dentro”, disse ironicamente.
Deputado
O ex-apresentador da Band também foi questionado sobre quem seria seu vice caso não desistisse da eleição. “Existem nomes bons, tem José Aníbal, Zuzinha [Mario Covas Neto]mas deixo a escolha do vice para o partido, desde que eu concorde”, enganou.
Tabata
Na entrevista, José Luiz Datena também comentou as declarações do deputado federal Tabata Amaral (PSB), também pré-candidato a prefeito de São Paulo, que rebateu as declarações do ex-apresentador em que dizia que o parlamentar havia pedido para ele deixar o PSB e ingressar no PSDB. Na época, Datena atribuiu a Tabata a responsabilidade pela saída do partido – após o que foi convidado pelos tucanos para ser candidato.
Até então, Datena era cogitado para ocupar o cargo de vice na chapa liderada por Tabata. Em abril, apenas 4 meses após ingressar no PSB, o apresentador migrou para o PSDB, num acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa do parlamentar.
Com a consolidação do nome de Datena, que tem aparecido à frente de Tabata nas últimas pesquisas, setores do PSDB defendem que o partido tente convencer a deputada a desistir da candidatura a vice-presidente do tucano. Essa possibilidade, porém, é rejeitada pela campanha de Tabata e considerada quase nula pelos dirigentes do PSB.
“Claro que eu escolhi. Ela disse que sou grande o suficiente para tomar decisões. Ou ela me chamou de gorda, e eu odeio preconceito, porque fico feliz por ser gordinha, ou ela me chamou de velha, e tenho honra de ser velha”, disse Datena.
“Eu disse várias vezes a ela que não queria ir. Ela facilitou minha decisão. Eles me mudaram por 40 segundos e eu não sou um relógio. Não é arriscado tirar um ativo importante da sua campanha e colocá-lo em outro lugar”, questionou.
Segurança Pública
Datena mais uma vez listou a segurança pública como sua principal prioridade caso seja eleito prefeito.
“Meu principal objetivo é realmente a segurança pública. Também temos que investir em todos os tipos de segurança, segurança alimentar, proporcionando mais saúde, mais educação”, afirmou.
“O GCM [Guarda Civil Metropolitana] será supervalorizado, equipado com armas da melhor qualidade. Mas não há como falar em segurança sem contar com a ajuda do governo do estado e da Justiça. Um traficante desprezível não pode ser pego um dia e voltar a traficar no dia seguinte porque foi libertado em audiência de custódia.”
Segundo o pré-candidato, o PSDB “está conversando com personalidades para montar um plano de governo”. “Não tenho capacidade alguma para criar um plano de governo focado na educação, na saúde… Não sou o super-homem e não tenho o poder de resolver todos os problemas da cidade, mas há quem o faça”, concluiu.
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