30 de janeiro de 2017. Era uma manhã de segunda-feira. A notícia começou quente: “Após três dias foragido, Eike Batista é preso no Rio de Janeiro”. Do aeroporto de Nova York, um dos mais modernos e movimentados do mundo, o empresário seguiu para o Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.
De cabelos raspados e fardados, com banhos de sol limitados e sem nenhum glamour, começou a nova rotina do empresário Eike Batista, alvo de um desdobramento da Operação Lava Jato. Ele que, anos antes, havia sido o homem mais rico do Brasil, com um patrimônio líquido de US$ 30 bilhões.
O empresário destacou CNN que nem tudo era ruim no novo ambiente. Ele ficaria preso pelos próximos três meses por supostamente participar de um esquema de propina envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
“Gosto de gente, gosto de conversar, sou aberto, tenho compaixão pelas pessoas. Posso dizer que vi muitos jovens lá, pessoas fantásticas que estavam lá porque foram flagrados com 50 gramas de maconha, tipo aviãozinho”, disse.
“Então olha, mais um aprendizado para mim, é uma prova de humildade, sabe?”, definiu o empresário sobre sua passagem por Gericinó.
Depois de ser libertado, Eike voltou à prisão após decisão de um juiz. Meses depois ele assinaria acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal envolvendo multa de quase R$ 1 bilhão.
Dessa vez, nem deu tempo de ir para Bangú, Eike acabou ficando na penitenciária de Benfica, na zona Norte, porta de entrada do sistema prisional do Rio de Janeiro.
“Fiquei 36 horas lá na segunda prisão, você vê o devaneio que eles fizeram pedindo essa segunda prisão, que foi revogada 36 horas depois, né? E por que foi feito? Para tentar me deixar de joelhos, ok?”, defendeu o empresário.
A segunda prisão ocorreu dois anos e meio depois, na quinta-feira, 8 de agosto de 2019. Ele foi capturado pela Polícia Federal quando estava em sua casa, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro.
Foi mais um caso envolvendo pagamento de propina milionária a Sérgio Cabral e informações privilegiadas no mercado financeiro.
Ao avaliar os métodos da Operação Lava Jato, que o levou à prisão em duas ocasiões, Eike Batista faz duras críticas e prevê leniência.
“Espero que, nos próximos casos, se Deus quiser, olhem para o meu caso mais rapidamente […], entendo que está sendo visto exatamente o que aconteceu, né?”, disse. “O que me fizeram foi medieval”, acrescentou.
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