Um dia depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter afirmado que poderia haver um “banho de sangue” e uma “guerra civil” se ele não ganhasse um terceiro mandato nas eleições presidenciais da Venezuela, o presidente Lula afirmou que não tem motivos para lutar com o país.
Em discurso durante cerimônia de anúncio dos investimentos nas rodovias Dutra e Rio-Santos, em São Paulo, Lula disse que “todo mundo gosta do Brasil” e que o Brasil “tem que gostar de todo mundo”.
Segundo o presidente, não há motivos para querer brigar com outros países como Venezuela, Nicarágua e Argentina. Na opinião de Lula, não há lugar para interferências externas no processo eleitoral de outros países.
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A Nicarágua e a Venezuela vivem sob regimes autoritários nos quais os seus presidentes permaneceram no cargo durante muitos anos.
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, governou o país entre 1979 e 1990, retornando ao cargo em 2006 e continua até hoje. Em 2011, 2016 e 2021, Ortega foi reeleito. Porém, após a última vitória, vários opositores foram presos e houve protestos da comunidade internacional.
Na Venezuela, Maduro procura a sua terceira reeleição e está no poder desde 2013. Tal como na Nicarágua, o processo eleitoral na Venezuela enfrenta desconfiança internacional devido à dificuldade da oposição em registar candidatos e em relação a um voto seguro e democrático.
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O Brasil e vários outros países expressaram preocupação com as eleições na Venezuela. Mesmo assim, o governo Lula não se pronunciou após o discurso de Maduro sobre o “banho de sangue”.
O governo venezuelano e a oposição assinaram o Acordo de Barbados em 2023, comprometendo-se a realizar eleições democráticas na Venezuela este ano.
“Por que eu iria querer lutar com a Venezuela? Por que eu iria querer [brigar] com a Nicarágua? Por que eu iria querer [brigar] com a Argentina? Deixem que elejam os presidentes que quiserem”, disse Lula, em sua primeira manifestação sobre o tema após a ameaça de Maduro.
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“Algo que o Brasil tem que ninguém tem. Nenhum país no mundo [é] sem disputa com ninguém como o Brasil. Isso não existe”, disse o presidente.
Lula disse que o que importa é a relação Estado a Estado, “o que o Brasil ganha e o que o Brasil perde nessa relação”.
As eleições na Venezuela estão marcadas para 28 de julho. As pesquisas mostram o candidato da coalizão de oposição, Edmundo González Urrutia, à frente nas intenções de voto, com 59,1%, enquanto Nicolás Maduro aparece em segundo lugar, com 24,6%.
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