O deputado federal Tabata Amaral (PSB)pré-candidato a prefeito de São Paulo (SP), respondeu, nesta sexta-feira (19) ao comentário do apresentador José Luiz Datena (PSDB)que justificou a decisão de aceitar o convite dos tucanos para concorrer às eleições municipais de outubro com o fato de a própria Tabata, segundo ele, ter sugerido que o pré-candidato deixasse o PSB e mudasse de partido.
Ao participar de audiência promovida pela UOL e o jornal Folha de S.Paulona terça (16), Datena afirmou que não traiu Tabata ao abandonar o PSB, migrar para o PSDB e concorrer como pré-candidato a prefeito da capital paulista.
Datena estava sendo cogitado para ocupar o cargo de vice na chapa liderada por Tabata. Em abril, apenas 4 meses após ingressar no PSB, o apresentador migrou para o PSDB, num acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa do parlamentar.
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Com a consolidação do nome de Datena, que tem aparecido à frente de Tabata nas últimas pesquisas, setores do PSDB defendem que o partido tente convencer a deputada a desistir da candidatura a vice-presidente do tucano. Essa possibilidade, porém, é rejeitada pela campanha de Tabata e considerada quase nula pelos dirigentes do PSB.
Nesta sexta-feira, também no sábado do UOL, Tabata Amaral refutou as afirmações do neotucano. “Vi a fala do Datena e achei engraçado porque ele é grande demais para ser empurrado ou colocado no colo de alguém. Ele pode responder pelas próprias escolhas”, disse o deputado.
“Tanto eu, como presidente municipal do PSB, quanto Carlos Siqueira, presidente nacional, assinamos um acordo com o PSDB em que indicariam o vice-presidente do nosso projeto. Cumprimos a palavra e não voltaremos atrás”, garantiu o pré-candidato a prefeito de São Paulo.
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Segundo Tabata, “o convite ainda está aberto ao PSDB, que tem até o dia 27 para tomar uma decisão”. “Estamos aguardando, conscientes de que nosso projeto não depende disso”, afirmou. “Continuo conversando com Datena, continuo conversando com o PSDB, mas não vou voltar atrás na minha palavra.”
Questionada sobre outros possíveis nomes para ser vice em sua chapa, como Lu Alckmin – esposa do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) – e a professora Lúcia França – esposa do ex-governador Márcio França (PSB) –, Tabata preferiu discordar .
“Tenho muita admiração e amizade pela professora Lúcia França e pelo proprietário Lu Alckmin. Obviamente, o PSB tem tratado esse assunto com muita seriedade. A catástrofe que é Ricardo Nunes [que era vice do ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021] deixa claro que o cargo de vice é muito importante, mas não vamos avançar nesse debate”, disse o deputado.
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Desempenho de pesquisa
Depois de aparecer entre as três primeiras nas principais pesquisas de intenção de voto, Tabata Amaral perdeu espaço e, segundo as últimas pesquisas, foi ultrapassada por Datena e pelo empresário Pablo Marçal (PRTB). Hoje, o pré-candidato do PSB ocupa o quinto lugar na maioria das pesquisas.
“Hoje tenho a menor rejeição e a maior conversão de votos. De cada 3 que me conhecem, 1 diz que vai votar em mim e esse voto não muda, mas há um desconhecimento muito grande”, afirmou Tabata, destacando que a corrida eleitoral está apenas começando e tem grande potencial para crescimento.
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Perguntaram a Tabata qual eleitorado estaria mais alinhado com suas propostas e como ela faria para “roubar” votos dos demais candidatos.
“Se tenho que escolher um público que gosta muito do nosso projeto são as mães, as mulheres, os jovens e os da periferia”, pontuou o deputado.
“Tem de tudo um pouco. Tem voto que vai para o PSDB, tem voto que vai para Ricardo Nunes, tem voto que vai um pouco para o [Guilherme] Boulos. Mas é uma votação que não está nos extremos, que está nas classes C, D e E. Já tenho votos melhores na classe E do que na A, ao contrário de muitos dos meus adversários”, observou.
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Posições políticas
Durante o sábado UOL, Tabata Amaral foi questionada sobre as suas posições políticas, muitas vezes criticadas por membros da esquerda por supostamente estarem mais próximas de um pensamento mais liberal, especialmente na economia. Segundo a parlamentar, ela defende a conciliação entre a preocupação com as questões sociais e a responsabilidade fiscal.
“Precisamos saber conciliar as duas coisas. Os aspectos sociais e fiscais têm que trabalhar juntos”, disse o pré-candidato do PSB. “Quando olho para os meus votos e para os projetos que aprovei, acho que consegui conciliar essas duas agendas: forte responsabilidade social e fiscal.”
Embora se classifique como progressista, Tabata tem procurado evitar rótulos de esquerda ou de direita. “Sinceramente, acho que as pessoas querem saber o que o Tabata pode fazer pelo São Paulo. O que ela pensa sobre saúde, transporte, educação e segurança. Esses rótulos servem mais ao Twitter e a alguns políticos do que à população”, disse ela.
Aborto
O deputado federal também comentou o Projeto de Lei (PL) 1904/2024, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 32 parlamentares, que equipara o aborto de uma gravidez com mais de 22 semanas a homicídio.
A votação do regime emergencial na Câmara dos Deputados, em junho, foi simbólica e durou apenas 23 segundos. Porém, dada a repercussão negativa da proposta, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já indicaram publicamente que o texto não terá sua tramitação acelerada no Parlamento e será mais debatido.
Tabata votou contra o projeto, embora diga que é contra o aborto –ela apoia a possibilidade apenas em casos já contemplados pela legislação vigente, como o estupro. “Sou contra a legalização do aborto e defendo a legislação tal como está hoje”, afirmou a parlamentar.
“Essa é a minha convicção pessoal. Nessa disputa, em qualquer espaço, venho com a minha verdade, com a minha história. Defendo mais segurança, mais dignidade e mais direitos para as mulheres e defendo a legislação sobre o aborto tal como está”, esclareceu.
“Saidinha” e segurança pública
Outro tema polêmico discutido durante a audiência foi o voto de Tabata contra o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afastamento da libertação temporária de presos para visitarem seus familiares, as chamadas “saidinhas”. O veto de Lula, na prática, retomou a “sadinha”, mas foi derrubado pelo Congresso Nacional – com apoio de Tabata, que contrariou o caminho defendido por seu partido, o PSB, que faz parte do governo Lula.
“Foram inúmeras votações. E tem uma coisa que defendi na votação. Se falamos de trabalho e educação, o preso tem o direito de sair da prisão. Quando falamos de quem está em regime semiaberto, que cometeu crime menos grave, defendi que quem já pode sair para trabalhar também pode sair para estudar”, afirmou.
“Mas entendi que precisávamos restringir um pouco essa regra”, explicou o deputado. “O que vai permitir a reintegração da pessoa e sair com uma vida diferente são a educação e o trabalho. É isso que defendo e é isso que a votação mostra. É a possibilidade de um novo emprego, uma nova vida, que permitirá a esta pessoa reintegrar-se e deixar de ser presa fácil do crime”, acrescentou Tabata.
Governo Lula
O pré-candidato do PSB a prefeito de São Paulo afirmou que o governo do presidente Lula, eleito por uma “frente ampla” contra o bolsonarismo em 2022, precisa ouvir mais pessoas que fazem parte de outros campos políticos além da esquerda.
“Elegemos um governo que foi formado por uma grande frente que trouxe nomes da esquerda para a centro-direita, pessoas que nunca estiveram no mesmo palanque. E parece-me que, para que este governo de coligação e esta frente ampla funcionem, precisaremos de falar com muita gente que pensa diferente”, defendeu Tabata.
“Um governo liderado apenas pelo PT, diante de um Congresso tão diverso e desafiador como o nosso, com uma sociedade tão dividida, tem menos chances de sucesso”, afirmou.
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Cracolândia
Um dos grandes dramas da maior cidade do Brasil, a Cracolândia, também foi tema da audiência com o pré-candidato do PSB a prefeito. Segundo Tabata Amaral, a gestão municipal deve trabalhar em parceria com o governo do estado e as Polícias Civil e Militar para enfrentar o problema.
“Temos 72 cracolândias espalhadas pela cidade. A gente tem uma visão extremamente equivocada de que a Cracolândia é um lugar, é a Catedral, é Santa Ifigênia… Tem uma Cracolândia perto da minha casa, na zona sul de São Paulo. Tem em Pinheiros, tem no Bom Retiro. É um sistema que está se espalhando e corroendo a nossa cidade”, alertou.
“Precisamos ver que existem criminosos e que existem doentes. Tivemos ótimas experiências em gestões passadas. Sentei para conversar com todos os ex-prefeitos e tivemos boas iniciativas, mas elas focaram ou só no paciente ou só na questão da segurança. Você não pode escolher”, continuou Tabata.
“Está trabalhando com a Polícia Civil e a Polícia Militar. A prefeita da maior cidade do Brasil, se não tiver capacidade para realizar reunião mensal com o comandante da PM e o delegado geral da Polícia Civil, não pode ser prefeita. Teremos que trabalhar com o governo do estado.”
Tarifa zero
O deputado federal também falou sobre tarifa zero nos ônibus aos domingos, uma das bandeiras da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB)). Para Tabata, a ideia é boa e deve ser mantida, mas não há possibilidade de estender a gratuidade para os dias de semana.
“Vou manter a tarifa zero aos domingos. O que considero um erro, uma falsa e falsa promessa eleitoral, é a promessa de estender a tarifa zero para todos os dias. A cidade não tem dinheiro para fazer isso. Quem disser isso está mentindo e eu tenho números que comprovam”, afirmou.
Tabata também mencionou investigações sobre empresas de transporte público que prestam ou prestaram serviços à cidade de São Paulo, com suspeita de ligação com o crime organizado.
“As pessoas não podem ser responsabilizadas mais uma vez pela corrupção que, de fato, acontece e por toda a maldade que sabemos que está acontecendo na cidade neste momento”, disse Tabata. “O direito adquirido à tarifa zero aos domingos será mantido, mas temos que olhar para outras questões também.”
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