Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia da gravação da reunião, realizada em agosto de 2020, e cujo áudio foi divulgado nesta segunda-feira ( 15).
“A gravação não foi clandestina. Houve aprovação e conhecimento do presidente”, afirmou Ramagem.
A gravação foi encontrada pela Polícia Federal no celular do deputado no âmbito de uma investigação que investiga o suposto uso da Abin para espionagem e monitoramento ilegal durante o mandato de Bolsonaro.
Segundo a PF, o áudio traz Bolsonaro, Ramagem e advogados do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, discutindo o monitoramento dos auditores da Receita Federal, responsáveis por investigar uma suposta “rachadura” no gabinete de Flávio durante sua gestão como deputado estadual do Rio de Janeiro.
Ramagem afirma ainda que a gravação ocorreu “porque chegou a informação de que viria ao encontro uma pessoa que teria contato com o governador do Rio de Janeiro na época [Wilson Witzel] e isso poderia vir como uma proposta não republicana.” “A gravação seria, portanto, para registar um crime, um crime contra o Presidente da República.”
Relatório sobre a reunião de agosto de 2020.
O presidente Bolsonaro sempre se manifestou na reunião sobre não querer favores ou favores.
Me manifestei contra a atuação do GSI sobre o tema, indicando o caminho através de um procedimento administrativo da Receita Federal,… pic.twitter.com/74JYjH7jkq
— Delegado Ramagem (@delegadoramagem) 15 de julho de 2024
Contudo, “isto não aconteceu e a gravação foi descartada”, acrescentou.
Na reunião, o ex-presidente teria avisado que “nunca sabemos se estão gravando”.
A CNN procurou aqueles mencionados no documento. Veja o que eles disseram até agora:
- Jair Bolsonaro: nenhuma manifestação até agora.
- Alexandre Ramagem: “O presidente Bolsonaro sempre se manifestou na reunião sobre não querer favores ou favores”. “Me manifestei contra a atuação do GSI sobre o tema, indicando o caminho através de um procedimento administrativo da Receita Federal, previsto em lei, e também de um procedimento judicial no STF”
- Augusto Heleno: procurado, o advogado Matheus Millanez, que representa o general Augusto Heleno, informou que não falará.
- Luciana Pires: a CNN tenta entrar em contato com a defesa.
- Juliana Bierrenbach: “O que relatei foi a existência de organização criminosa no âmbito da Receita. Eles funcionam da seguinte maneira. Existe uma portaria de 2012 que determina que alguns funcionários da Receita Federal e da área de investigação possam utilizar senha de acesso que torne o acesso dos funcionários indetectável”.
- Flávio Bolsonaro: “Mais uma vez a montanha deu à luz um rato. O áudio mostra apenas meus advogados comunicando suas suspeitas de que um grupo atuava com interesses políticos dentro da Receita Federal e com o objetivo de prejudicar a mim e minha família. Com base nessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro diz na gravação que ‘não tem jeito’ e afirma que tudo deve ser investigado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até o momento não recebi resposta da Justiça em relação ao grupo que acessou ilegalmente meus dados confidenciais.”
- Wilson Witzel: “Nunca mantive qualquer relação pessoal ou profissional com o juiz Flavio Itabaiana e nunca ofereci nenhum tipo de “ajuda” a ninguém durante meu governo. O presidente Jair Bolsonaro deve ter ficado confuso e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos, seja por confusão mental, dadas as suas inúmeras preocupações, seja porque acreditava que eu faria o que está acontecendo hoje com a Abin e a Federal Polícia . No meu governo, as polícias civil e militar sempre tiveram total independência.”
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