O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)saiu em defesa de seu pai e de seu grupo político, nesta quinta-feira (11), horas depois de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubar o sigilo de uma investigação da Polícia Federal (PF) que implica a governo passado.
A PF lançou nesta quinta-feira a 4ª fase da Operação Last Mile. O objetivo é desmantelar a organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro.
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Segundo a corporação, policiais federais cumprem 5 mandados de prisão preventiva e 7 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo. Paulo (SP).
Em mensagem publicada em sua conta oficial no Bolsonaro.
“Simplesmente não havia relacionamento entre mim e a Abin. Minha defesa atacou questões processuais, portanto, não adiantava nada para a Abin”, escreveu Flávio.
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Ainda segundo o senador, “a divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, tem apenas o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem a prefeito do Rio de Janeiro”.
Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin no governo Bolsonaro, é o pré-candidato do PL a prefeito do Rio de Janeiro (RJ) nas eleições de outubro deste ano.
“Grupo especial de Lula na Polícia Federal é tão cego para inventar crimes contra Bolsonaro que ‘acusa’ a Receita Federal de abrir PAD [Processo Administrativo Disciplinar] contra funcionários que cometeram crime contra mim”, continuou Flávio.
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Os alvos da “arapongagem”
Entre os nomes supostamente alvo da “arapongagem” da Abin estão o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado. Segundo a PF, a espionagem ilegal abrangia tanto políticos aliados do então governo (como Lira) quanto adversários (no caso de Renan).
Outro nome que teria sido espionado pelo grupo é o do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maiaum dos maiores alvos do bolsonarismo no período em que o ex-presidente da República ocupou o Palácio do Planalto.
Segundo relatório da PF, o monitoramento ilegal de Maia foi feito por ordem de Alexandre Ramagem.
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Outros políticos monitorados pela “Abin paralela” do governo Bolsonaro, aponta a PF, teriam sido o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP)o ex-deputado federal Joice Hasselmann (ex-aliado de Bolsonaro, mas que rompeu com o ex-presidente) e os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP)além do próprio Renan – os três últimos integraram a CPI da Covid, que investigou ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia.
No Poder Executivo, segundo a PF, o ex-governador de São Paulo João Dória (sem partido) também teria sido espionado ilegalmente. Doria é mais um caso de ex-apoiador de Bolsonaro que virou alvo do núcleo Bolsonaro após romper com o então presidente da República.
Ministros do STF não escaparam
Ainda segundo o relatório da PF sobre o caso, pelo menos quatro ministros do STF teriam sido monitorados clandestinamente.
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A investigação aponta que, além de Moraes, ministros foram alvo Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
Segundo o relatório da PF, os diálogos obtidos pela investigação indicam que os investigados planejavam possíveis ações clandestinas contra os magistrados da mais alta Corte do Poder Judiciário brasileiro, “com o objetivo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”.
Funcionários do Ibama, auditores da Receita Federal e jornalistas
A “arapongagem” de Abrin também foi alvo, diz a PF, dos funcionários do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges e dos auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
Em relação aos auditores da Receita Federal, aponta a PF, a ideia do grupo seria coibir as investigações sobre o suposto esquema “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)um dos filhos do ex-presidente.
A ação clandestina de espionagem teria ocorrido, segundo a PF, no dia 20 de novembro de 2020, com o objetivo de desvendar “relações podres” e “políticas” dos auditores.
A imprensa profissional também não escapou da “Abin paralela”. Segundo investigações da PF, os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista eram monitorados pelo grupo criminoso.
O que diz a PF
Em nota, a PF informou que integrantes dos Três Poderes e jornalistas foram alvos do grupo, “inclusive na criação de perfis falsos e na divulgação de informações sabidamente falsas”.
“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos telefônicos e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.
Os investigados podem enfrentar acusações de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
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