Nomeado relator do plenário da Câmara dos Deputados para o projeto de lei complementar (PLP 68/2024) que trata da regulamentação do reforma tributária dos impostos sobre o consumo, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), apresentou, nesta quarta-feira (10), um novo parecer sobre o assunto.
Pela versão original, enviada pelo governo federal ao parlamento, o chamado “cashback” para famílias de baixa renda seria de 100% da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) − o novo imposto que substituirá três tributos federais (PIS, Cofins e IPI) − e 20% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) na compra de botijão de gás; 50% da CBS e 20% do IBS no caso de contas de luz, água e esgoto; e 20% de CBS e IBS em outros produtos.
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No novo texto, o “cashback” da CBS foi aumentado de 50% para 100% no caso de contas de água, luz, esgoto e gás natural pagas por famílias de baixa renda elegíveis ao benefício. O critério de seleção utilizado é a inscrição no Cadastro Único do governo federal (CadÚnico) para programas sociais.
Outra mudança no mesmo dispositivo envolve o cálculo da restituição do imposto pago, que passará a considerar as compras nos CPFs dos familiares, e não apenas do seu representante, como sugeriu inicialmente o Poder Executivo.
A versão apresentada recentemente no plenário, porém, manteve as carnes fora da Cesta Básica Nacional (que garante isenção de novos impostos), apesar da pressão exercida nos últimos dias pela bancada ruralista. O tema deverá retornar à discussão em plenário por meio da apresentação de destaque de bancada do texto.
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A equipe econômica tenta manter as proteínas animais fora da lista de isentos, alegando que sua inclusão teria impacto relevante na alíquota padrão CBS e IBS e que a medida teria eficiência questionável (pois não beneficiaria apenas a população de baixa renda ). Segundo cálculos do Ministério das Finanças, para compensar uma eventual inclusão da carne na Cesta Básica Nacional, seria necessário aumentar em 0,57 pontos percentuais a taxa geral do novo IVA, estimada em 26,5% no texto original. .
Outra mudança relevante no texto foi a concessão feita ao setor farmacêutico, com a inclusão de medicamentos populares na lista de produtos sujeitos à redução de 60% na alíquota em relação à norma. A lista de medicamentos isentos foi mantida, mas o novo desenho incorporou todos os medicamentos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou produzidos em farmácias de manipulação.
O novo relatório também reduziu os períodos de revisão das listas de dispositivos de acessibilidade para pessoas com deficiência e isentou os dispositivos médicos de 1 ano para 120 dias. Nestes casos, a necessidade de recalcular a taxa referencial ocorrerá quando resultar num aumento superior a 0,02 pontos percentuais, e não 0,05, como na proposta original. Em caso de emergência de saúde pública, o Poder Público poderá isentar medicamentos e dispositivos médicos pelo prazo de validade e local da emergência.
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FIDIC
Do lado do mercado, uma mudança observada foi que os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) considerados entidades de investimento foram excluídos do grupo sujeito à tributação na nova dualidade do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Outros que liquidam contas a receber antecipadamente através do desconto de duplicatas, notas promissórias, cheques e outros títulos permanecem tributados pelo sistema.
O dispositivo utiliza o conceito de entidade de investimento introduzido por uma lei recente que alterou as regras de tributação das aplicações financeiras no exterior e regulamentou a operação de “trusts” (a chamada “lei offshore”).
Segue a definição utilizada: “fundos que possuem estrutura de gestão profissionalizada, no nível do fundo ou de seus cotistas quando organizados como fundos de investimento no país ou como fundos ou veículos de investimento no exterior, representados por agentes ou prestadores de serviços com poderes para realizar decisões de investimento e desinvestimento de forma discricionária, com o objetivo de obter retorno por meio da valorização do capital investido ou dos rendimentos, ou ambos, na forma a ser regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional”.
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Com esse desenho, o governo federal continua seu esforço para fechar brechas na utilização de FIDCs para planejamento tributário indevido, mas evita prejudicar todo o mercado desses fundos.
Imposto Seletivo
O novo relatório introduziu também alterações ao Imposto Seletivo (o chamado “imposto sobre o pecado”, que se aplicará a produtos nocivos à saúde e ao ambiente). Neste caso, foram incluídas competições de previsões e previsões. jogos de fantasia como hipótese de incidência, considerando como base de cálculo a receita própria da entidade promotora da atividade, e como contribuinte o prestador de serviço, ainda que residente ou domiciliado no exterior.
Para a tributação dos produtos fumígenos, foi adotado como base de cálculo o guia de valores de referência para vendas no varejo. Além disso, foram introduzidas regras para o envio de fumo à indústria, para beneficiar a fiscalização.
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Para as tarifas de veículos, foram incluídos critérios de classificação das tarifas. Carros elétricos e carrinhos de golfe também entraram na lista, enquanto os caminhões ficaram de fora devido ao potencial impacto na inflação (dada a relevância deste meio de transporte na logística do país). Armas e munições permanecem fora do grupo taxado, mas podem ser incluídas durante a votação dos destaques no plenário.
Foi também determinado que o Imposto Seletivo sobre bebidas alcoólicas seria implementado de forma faseada, de 2029 a 2033, de forma progressiva, para evitar encargos excessivos. E a alíquota sobre o minério de ferro ficou limitada a 0,25%. Por fim, o texto prevê que a atualização das alíquotas específicas dos impostos será baseada em índice previsto na lei ordinária, e não necessariamente no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em processamento
Durante a leitura do texto, o relator elogiou o trabalho coletivo realizado pelos 7 parlamentares que integraram o Grupo de Trabalho (GT) da Reforma Tributária. “Realizamos 22 audiências públicas e 231 mesas de diálogo, 218 horas de atividades nas quais 1.344 cidadãos, representantes dos setores econômicos e dos governos das três esferas, puderam apresentar seus pontos de vista”, disse.
Segundo o deputado, o substitutivo envolve ajustes técnicos na versão enviada pelo Poder Executivo. Entre os ajustes de mérito, houve também uma “limpeza” no PLP 68/24, eliminando, sempre que possível, obrigações acessórias e termos duvidosos.
Mais cedo, os parlamentares rejeitaram, por 309 votos a 139, um pedido do PL para adiar a discussão. Depois, começaram os debates em Plenário.
A reforma tributária é tratada como agenda prioritária pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é concluir a votação dos textos antes do recesso parlamentar – marcado para 18 de julho, como prevê a Constituição Federal.
(com Agência Câmara)
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