A Polícia Federal, no inquérito que investiga a venda ilícita de joias sauditas, revelou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de campo de Jair Bolsonaro (PL), viajou aos Estados Unidos para recuperar um “kit de ouro branco”.
Durante as investigações em solo americano, a PF identificou elementos da “operação de resgate”, como foi chamada a organização criada para recomprar um relógio que havia sido vendido após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
A investigação indicou até o momento que os valores obtidos com essas vendas ilegais foram convertidos em dinheiro e entraram no patrimônio pessoal dos investigados.
No dia 4, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado por três crimes relacionados ao caso das joias: associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Ele nega qualquer irregularidade.
Além de Bolsonaro, a PF indiciou outras 11 pessoas, entre elas Mauro Cid e seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.
Veja o que diz o documento da PF sobre a recuperação do “kit ouro branco”:
As mensagens identificadas no aplicativo WhatsApp do telefone apreendido revelaram que MAURO CESAR CID realizou viagem aos Estados Unidos, no dia 27/03/2023, para recuperar o chamado “Kit Ouro Branco”, entregue ao ex-presidente do República JAIR BOLSONARO, durante sua visita oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019, que havia sido vendido (ou estava à venda), em estabelecimento especializado na cidade de Miami/FL. Vale ressaltar que nesta data, MAURO CESAR CID não trouxe o relógio em ouro branco e diamantes, da marca Rolex, que também compunha o referido Kit apresentado ao ex-presidente porque, como já explicado, o relógio estava separado do os demais itens do Kit e enviados para a loja Precision Watches da cidade de Willow Grove, no estado norte-americano da Pensilvânia. Até o momento da análise parcial dos dados, os diálogos demonstram que a “operação de resgate” envolveu MAURO CID, OSMAR CRIVELATTI e MARCELO CAMARA. No mesmo contexto, MAURO CID sacou a quantia de 35 mil dólares no Banco BB Américas, possivelmente de sua conta bancária, trazendo os recursos em dinheiro para o Brasil. Ao chegar na cidade de Brasília/DF, as joias possivelmente foram entregues ao assessor de JAIR BOLSONARO, OSMAR CRIVELATTI, que aguardava MAURO CID no aeroporto, e posteriormente devolvidas à Caixa Econômica Federal.
Bolsonaro publica no X e diz que a PF fará novas correções
Ó ex-presidente Jair Bolsonaro publicou no X depois que o STF retirou o sigilo da investigação que investigava possível desvio de joias sauditas.
Bolsonaro destacou o erro da Polícia Federal no relatório (que corrigiu o valor supostamente desviado de R$ 25.298.083,73 para R$ 6.826.151.661). “Aguardamos muitas outras correções. O último será aquele dizendo que todas as joias “desviadas” estão na CEF [Caixa Econômica Federal]Arrecadação ou PF, inclusive armas de fogo”, escreveu Bolsonaro.
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