Objecto de intensas negociações nos últimos dias, o primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária começará a ser votado nesta quarta-feira (10) pela Câmara dos Deputadosem sessão marcada para as 10 horas.
A proposta, que trata das regras dos novos tributos criados pela reforma, já recebeu mais de 500 emendas dos congressistas. Até a noite desta terça-feira (9), o total de sugestões de mudanças era de 523.
O texto foi analisado por um grupo de trabalho que apresentou parecer na semana passada sugerindo alterações ao texto original enviado pelo governo em abril.
A votação da proposta é a maior prioridade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho. Nesta semana, sob orientação de Lira, as reuniões deliberativas das comissões da Câmara foram canceladas para garantir o foco na análise dos regulamentos.
O governo também tem pressa em aprovar o texto, que ainda precisará ser analisado pelo Senado no segundo semestre. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou nesta terça-feira (9) de reunião com deputados e Lira para ajustes finais.
Segundo ele, uma das alternativas analisadas nesta reta final das negociações é o aumento do “cashback” para a população mais pobre como alternativa à inclusão da proteína animal na cesta básica nacional.
O relatório do grupo de trabalho deixou de fora a carne dos itens isentos da cesta básica. O grupo ruralista, o maior no Congresso, pressiona pela inclusão. O tema, segundo Haddad, é um dos principais impasses para a votação do parecer.
Para garantir a rapidez na análise da proposta, nesta terça-feira, os deputados aprovaram o pedido de urgência do projeto, que também tramita com urgência constitucional determinada pelo Executivo.
Negociações
As bancadas temáticas e partidárias articulam ajustes no texto desde a semana passada. Deputados do grupo de trabalho e técnicos da equipe econômica, porém, resistem a mudanças que possam impactar a alíquota padrão dos novos impostos, estimada em 26,5% pelo governo.
A alíquota geral é a soma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS), de responsabilidade dos estados e municípios, com a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que é federal, resultando no Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O IVA será implementado gradativamente e substituirá cinco tributos cobrados atualmente (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS).
Segundo cálculos da equipa económica, reduzir o imposto sobre a carne, incluindo-a na cesta básica, por exemplo, teria um impacto de mais 0,53 pontos percentuais na taxa normal de IVA.
Outro tema que deverá ser debatido no plenário é a tributação das armas de fogo com o Imposto Seletivo, também chamado de imposto do pecado. A acusação é defendida por deputados petistas. A Frente Parlamentar de Segurança Pública defende que a medida não seja incluída no texto.
Conforme defendido pelos deputados do grupo de trabalho, a expectativa é que os temas com mais divergências e considerados polêmicos sejam resolvidos durante a discussão no plenário. Esse modelo também foi adotado no ano passado na análise da reforma feita pela PEC.
Segundo projeto
Além da proposta de novos tributos, os deputados também esperam a votação do segundo projeto regulatório antes do recesso parlamentar.
O projeto, que foi analisado por outro grupo de trabalho, trata do Comitê Gestor que administrará a distribuição das receitas do IBS entre estados, Distrito Federal e municípios.
O relatório do grupo sobre essa proposta foi apresentado nesta segunda-feira (8). O texto trouxe inovações como a reserva de vagas para mulheres na Diretoria Executiva do Comitê Gestor; a inclusão dos representantes dos contribuintes na última instância dos julgamentos; e arrecadação de heranças em previdência privada.
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