O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse nesta sexta-feira (28) que a regulamentação das redes sociais deveria ser obrigatória para todos os países e que “é um absurdo” que as plataformas continuem “uma terra sem lei” .
Segundo Moraes, que falava aos jornalistas durante o Fórum de Lisboa, evento organizado pela IDP, faculdade de direito fundada por Gilmar Mendes, as redes são utilizadas contra a “democracia” e a “dignidade humana”.
“Não há setor no mundo, historicamente, importante para a sociedade que não seja regulamentado. Então, é um absurdo que as Big Techs queiram continuar sendo uma terra sem lei, atingindo e sendo instrumentalizadas contra a democracia, sendo instrumentalizadas contra a dignidade das pessoas”, afirmou o ministro.
Moraes disse ainda que estudos revelaram que na Europa e nos Estados Unidos, “os suicídios de jovens aumentaram de 15% a 20% devido ao bullying digital”. “Hoje não há mais dúvidas de que as redes sociais, as Big Techs, precisam ser regulamentadas e responsabilizadas”, acrescentou.
O ministro lembrou que a União Europeia aprovou em 2023 a Lei dos Serviços Digitais, o primeiro quadro regulatório amplo sobre o assunto no mundo, e disse que “é obrigatório, a partir de agora, que todos os países regulem isso”.
O ministro do STF também defendeu a necessidade de se fazer uma “declaração universal do direito à boa informação, ao combate à desinformação e à regulação das big tech”, citando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948 .
Notícias falsas
O chamado PL das Fake News, que prevê a criação de regulamentação das redes sociais no Brasil, é visto como enterrado nos bastidores de Brasília, diante de forte resistência no Congresso.
Diante do impasse, o inquérito das Fake News aberto pelo STF e do qual Moraes é relator, passou a ser utilizado pela Corte como forma de combater a desinformação, especialmente ligada aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Moraes afirmou que quando a democracia é atacada e a Constituição é desrespeitada, o Supremo Tribunal Federal tem a missão constitucional de defendê-la.
Outra frente da Corte no combate à desinformação é a ação que discute a responsabilidade das plataformas por conteúdos nocivos.
Durante o Fórum de Lisboa, o ministro Dias Toffoli disse que vai liberar a ação para julgamento esta semana e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, sinalizou que com a ação liberada pretende tratar do tema antes das eleições municipais.
Procuradas, as empresas Meta e Google informaram que não comentarão.
A CNN Ele também procurou as empresas X e Tik Tok para comentar o posicionamento de Alexandre de Moraes nas plataformas e aguarda resposta.
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