As declarações críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) As ações direcionadas ao mercado financeiro e a retomada da cobrança contra o atual comando do Banco Central trazem nervosismo adicional aos agentes econômicos, que se reflete no preço dos ativos, mas não deve resultar em mudança por parte do governo federal.
É o que diz o analista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM Consultores. Para ele, há um distanciamento relevante entre o discurso e a prática que precisa ser levado em consideração, e dificilmente os acenos recentes resultariam em medidas como uma tentativa efetiva de reverter a autonomia do BC ou a apresentação de um sucessor para Roberto Campos Neto com “rejeição exacerbada no mercado”. Da mesma forma, o especialista acredita que a agenda de revisão de gastos deve avançar.
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“As medidas de ajuste fiscal não serão tão amplas quanto o mercado gostaria. E o próximo presidente do BC possivelmente não terá o perfil ideal do ponto de vista do mercado. Mas, em nossa opinião, em ambos os casos as decisões de Lula estarão mais alinhadas do que opostas às preferências do mercado. Ou seja, tendem a ajudar a reduzir a crise de confiança quanto aos rumos da política econômica para o restante do mandato de Lula”, aponta o especialista.
Os movimentos do governo federal, que podem se aproximar o máximo possível dos anseios dos agentes econômicos (apesar da desconfiança na política fiscal), contrastam com um discurso belicoso, que produz efeitos negativos no mercado e, na visão do analista, políticos, devem não cessar.
“Em vez de reduzir [a tensão com o mercado], [a retórica de Lula] adicionou mais tensão à crise de confiança. Lula está acenando para a esquerda antes de apertar a política fiscal? Quer fazer uma reivindicação para evitar a percepção de que o seu governo está a dar uma guinada em direcção à ortodoxia económica? Poderia ser”, ela especula.
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“Se do ponto de vista político é possível encontrar alguma lógica na retórica antimercado de Lula, na economia ela é claramente prejudicial ao esforço de contenção do nervosismo do mercado, que, como sabemos, mais cedo ou mais tarde, produz efeitos negativos no mercado. economia real”, diz ele.
Para Ribeiro, esse custo precisa ser incorporado nas avaliações de cenário do governo Lula, que não deve mudar sua estratégia. “Lula, já está claro, não moderará sua retórica antimercado, embora suas decisões não possam ser caracterizadas da mesma forma. As declarações presidenciais não são irrelevantes. Sempre provocam alguma reação”, destaca o especialista.
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