O apresentador de TV José Luiz Datena lançou oficialmente, nesta quinta-feira (13), sua pré-candidatura a prefeito de São Paulo (SP) nas eleições de outubro deste ano.
Em evento realizado no Novotel Jaraguá, no centro da capital paulista, e que contou com a presença de importantes lideranças tucanas em nível nacional, Datena garantiu que, desta vez, não desistirá de concorrer nas eleições – como aconteceu em diversas ocasiões anteriormente.
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“Estou perseguindo um sonho que, por diversos motivos, ainda não alcancei. Mas repito, com todo o respeito ao presidente Lula e ao ex-presidente [Jair] Bolsonaro, que São Paulo será governado pelo PSDB. São Paulo será governado por mim”, afirmou o agora pré-candidato.
“Desta vez não posso fugir do chamado do povo paulista. Tenho que concorrer nestas eleições ao lado do povo. Tem muita gente que corre, mas não ao lado do povo”, afirmou Datena.
O apresentador disse ainda que São Paulo e Brasil precisam superar a polarização, que, na sua avaliação, quase levou o país “ao abismo”.
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“Afinal, quem estará nas urnas no dia da votação? Porque, aparentemente, vai sair a cara do Lula e a cara do Bolsonaro. Quem vai governar a cidade de São Paulo não é Lula nem Bolsonaro, com todo o respeito que tenho pelos dois”, disse Datena.
“Cada voto que eu receber será bem vindo e bem recebido, seja dos bolsonaristas, dos lulistas, do centro… Tem gente boa além das ideologias que prega tudo, menos a democracia, que tem que estar acima de tudo. Não há nada que possa salvar o Brasil além da democracia”, acrescentou o pré-candidato.
“Não vou fazer campanha com colete à prova de balas. Vou fazer isso de peito aberto. Se você me deixar na cadeira de rodas, terminarei a campanha na cadeira de rodas e vencerei a campanha. Não estou falando sobre isso aqui. Falo todos os dias no meu programa”, finalizou.
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Pela legislação eleitoral, Datena só poderá continuar liderando o programa Brasil Urgenteque apresenta em TV Bandeirantes, até 29 de junho (que cai num sábado). A partir do dia 30 de junho (domingo), caso decida disputar a eleição, o jornalista terá que se ausentar do programa (leia todas as normas da Justiça Eleitoral aqui).
Ó Brasil Urgente é um telejornal policial, de viés bastante popular, exibido pela Band de segunda a sábado, das 16h às 19h20.
Ainda segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as convenções partidárias que definirão as candidaturas para as eleições de 2024 deverão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Definidos os candidatos, os partidos terão até o dia 15 de agosto para registrar seus nomes na Justiça Eleitoral.
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Aécio e Marconi
Como esperado, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente nacional do PSDB, Marconi Perilloparticipou do lançamento da pré-candidatura da Datena em São Paulo.
Segundo Aécio, a própria candidatura do partido na maior cidade do Brasil é uma prova do “renascimento” do PSDB e uma alternativa à “polarização pobre, estéril e superficial que tomou conta do Brasil”.
“O enfraquecimento do PSDB se confunde com o enfraquecimento da própria política brasileira. O Brasil não é isso. E nunca conseguiremos construir a nossa jornada se não estivermos fortes no nosso berço, no nosso ninho, que é a cidade de São Paulo”, disse Aécio.
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“A narrativa de que essa eleição será decidida entre Lula e Bolsonaro é falsa, e quem se esconde atrás dessas figuras que polarizam a política nacional vai frustrar a população, mas vai se frustrar porque o que a população quer é um gestor, alguém com coragem enfrentar problemas”, continuou o ex-governador de Minas.
“Qual candidato pode fazer como você, andar por todos os cantos desta cidade, na igreja, na universidade, e ser respeitado?”, perguntou Aécio a Datena, sob aplausos dos militantes tucanos.
Marconi Perillo também elogiou o pré-candidato do PSDB e disse que Datena está ajudando o partido a recuperar o “papel de liderança” em São Paulo.
“O Datena é um homem de palavra, que cumpre o que promete, e fico feliz por termos esse protagonismo aqui em São Paulo. O PSDB vive do passado, mas o PSDB também tem ideias e vai apresentá-las aqui nesta eleição em São Paulo”, afirmou Perillo.
“A adesão de Datena afetou o orgulho de todo o PSDB no Brasil. Todos comemoraram a sua adesão, a sua candidatura, que é uma candidatura verdadeira, que vai debater todos os problemas que a cidade sempre teve”, completou o presidente do PSDB.
Datena foi considerado vice-presidente de Tabata
Datena era cogitado para ocupar o cargo de vice na chapa liderada pelo deputado federal Tabata Amaral (SP), pré-candidato do PSB a prefeito da capital paulista. Em abril, apenas 4 meses após ingressar no PSB, Datena migrou para o PSDB, num acordo que supostamente atrairia os tucanos para a chapa do parlamentar.
O presidente do diretório paulista do PSDB, o ex-senador José Aníbal (SP), é um dos nomes cotados para ser candidato a vice-presidente em uma possível chapa de “sangue puro” liderada por Datena. Outra hipótese seria tentar convencer Tabata a desistir da candidatura e se tornar vice do apresentador – mas essa possibilidade é considerada quase nula, segundo dirigentes do PSB.
O apresentador de TV Bandeirantes Trabalhou em 10 partidos em sua carreira política, embora nunca tenha concorrido a um cargo público. Antes de sair do PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – numa verdadeira “montanha-russa” partidária.
Datena quase foi vice de Bruno Covas
Nas eleições municipais de 2020, Datena esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscou renovar seu mandato. Então filiado ao MDB, teve uma série de conversas com Covas, que se entusiasmou com a possibilidade de ter o apresentador como vice-presidente.
Na reta final, Datena – autor de bordões que se tornaram icônicos na TV como “Quero ‘ibagens’”, “coloca na tela”, “é só nosso” e “me ajuda aí, cara” – recuou mais uma vez , alegando que o TV Bandeirantes havia pedido que ele permanecesse na estação. O candidato a vice na chapa era Ricardo Nunes (MDB), que acabaria assumindo a prefeitura após a morte de Covas, em 2021, e agora busca a reeleição.
Ao ingressar no PSDB, em abril, Datena relembrou o episódio e disse que errou ao não aceitar o convite de Covas. “Deixei de ser vice-prefeito dele e acho que foi a pior coisa que fiz. Acabou caindo no colo do atual prefeito, que transformou São Paulo no que vi chegando aqui hoje”, disse.
A montanha-russa de Datena na política
A vida político-partidária de Datena começou com o Partido dos Trabalhadores, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva. O jornalista foi petista durante 23 anos, entre 1992 e 2015, e sempre se alegrou publicamente pela amizade que dizia ter por Lula.
As acusações de corrupção que abalaram o PT, especialmente após a eclosão da Operação Lava Jato e do escândalo do “petrolão”, separaram Datena dos petistas. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), tornou-se próximo do então presidente da República – a quem entrevistou algumas vezes e com quem manteve reuniões regulares, inclusive no Palácio do Planalto.
Em 2022, quando estava no PSC, Datena foi cogitado novamente como candidato ao Senado, possivelmente com o apoio de Bolsonaro e do então candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – hoje governador do estado. Bolsonaro chegou a dizer que havia “fechado com Datena”, porém, horas depois dessa declaração, o apresentador agradeceu o apoio, mas desistiu da disputa.
As idas e vindas de Datena na política também o aproximaram de nomes como deputado federal Guilherme Boulos (PSOL)pré-candidato a prefeito de São Paulo, e o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Em abril do ano passado, Datena apareceu em um vídeo ao lado de Boulos, no qual conversavam sobre o cenário eleitoral na capital paulista. “Se você apoiar o PT e nós nos candidatarmos, se você falar para o Lula ‘quero o Datena como vice e sinto muito’, podemos sair”, disse o jornalista, na gravação. Após o vazamento do vídeo, Datena negou ter pedido para ser vice de Boulos.
Em 2022, o apresentador também foi especulado para ser vice-presidente na chapa de Ciro Gomes à Presidência da República. Os dois se reuniram para discutir o assunto, mas as conversas não foram adiante.
Por fim, José Luiz Datena já declarou apoio, em 2021, ao ex-governador de São Paulo João Dória (na época, no PSDB) para a Presidência da República. O jornalista foi apresentado como pré-candidato a senador pelo União Brasil, com apoio dos tucanos paulistas, mas desistiu da disputa depois que Doria desistiu da candidatura presidencial por não ter obtido apoio interno dentro do partido. “Doria fez o movimento errado novamente. Ele deixa de ser o traído pelo PSDB e trai Rodrigo Garcia. Consequentemente, não tenho mais nenhum compromisso com essa passagem”, afirmou Datena na ocasião.
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