A Câmara aprovou, nesta terça-feira (11), a urgência de uma proposta que altera o regimento interno da Casa para agilizar as punições aos parlamentares que descumprirem as regras do Código de Ética.
A urgência foi aprovada com apoio de 302 deputados; 142 foram contra.
Apesar do placar favorável para a aprovação da urgência, o texto foi criticado por deputados de diversos espectros políticos. Há quem acredite que o projeto aumenta demais as competências do Conselho de Administração, principalmente quando se trata de mandatos eletivos.
O movimento ocorre após o Conselho de Ética da Câmara ter sido palco de discussões e agressões físicas entre deputados na semana passada. A ideia do projeto é agilizar as punições, e não esperar todo o processo tradicional no Conselho de Ética — que é mais demorado e pode levar meses.
Com a aprovação da urgência, os deputados poderão analisar o texto diretamente no plenário, sem que a matéria passe por comissões temáticas. A expectativa é que o mérito da proposta seja votado na quarta-feira (12).
Assinado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o texto permite que a Mesa da Câmara suspenda cautelosamente o exercício do mandato de parlamentares que descumprirem o Código de Ética. Na prática, a suspensão deixa o deputado sem salário, sem verba e sem cargo.
Além de Lira, os demais membros da Mesa Diretora da Câmara assinaram o projeto: Marcos Pereira (Republicanos-SP), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Luciano Bivar (União-PE), Maria do Rosário (PT- RS), Júlio César (PSD-PI) e Lúcio Mosquini (MDB-RO).
Ainda segundo a proposta, a suspensão determinada pela Diretoria será imediatamente comunicada ao Conselho de Ética da Câmara, que decidirá, no prazo de 15 dias, pela manutenção ou não da medida. A deliberação do Conselho de Ética deverá ocorrer prioritariamente, em votação aberta, sendo necessária a votação da maioria absoluta do conselho.
Em última análise, a decisão do Conselho de Ética poderá ser analisada pelo plenário. O acusado poderá interpor recurso ao Conselho de Ética e, para que o recurso seja aprovado, será necessária a maioria absoluta de votos do conselho.
Durante a sessão, Lira chamou a atenção dos parlamentares devido às brigas nas comissões da Câmara nas últimas semanas.
“Vamos viver dias em que, se nenhuma ação for tomada agora, muitos que hoje defendem a democracia vão se arrepender”, afirmou o presidente da Câmara.
Embora o projeto possa resultar em mais poderes para a Mesa Diretora da Câmara punir deputados e fazer com que o Conselho de Ética seja obrigado a dar prioridade a determinados processos, o atual presidente do colegiado, Leur Lomanto Jr (União Brasil-BA) , negou que as funções do Conselho fiquem comprometidas.
Ele avaliou que quem decide a dosimetria da suspensão — como por quanto tempo será o afastamento — continuará a ser o Conselho de Ética, por exemplo.
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