Em discurso após o anúncio de investimentos de R$ 5,5 bilhões para o setor educacional no Brasil, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu aos funcionários que aderiram à greve nas universidades e institutos federais que encerrassem a greve e aceitassem a proposta apresentada pelo governo federal.
Segundo o Presidente da República, toda greve “tem hora para começar e hora para terminar”.
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“No caso da educação, se você analisar o trabalho como um todo, você vai perceber que não há muitos motivos para essa greve durar tanto. Quem perde não é o Lula, é o Brasil e os estudantes brasileiros”, disse o petista, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), logo após reunião com reitores de universidades e institutos federais.
“No Brasil, há muitos dirigentes sindicais que têm coragem de declarar greve, mas não têm coragem de acabar com a greve. Fui dirigente sindical e sei como as coisas funcionam”, continuou Lula.
“A única coisa que não pode ser permitida é que uma greve acabe por causa da fome. Se acabar, as pessoas ficarão desmoralizadas”, disse o presidente. “O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, negociar e tomar decisões que muitas vezes não são o ‘tudo ou nada’ que ele proclamou.”
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Ainda segundo Lula, “a quantidade de recursos que a companheira Esther [Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos] disponibilizada é uma quantidade de recursos que não pode ser recusada. Quero que você leve isso em consideração.”
“Todos precisam ajudar”, diz ministro
O Ministro da Educação, Camilo Santana (PT), também fez discurso em defesa do fim da greve dos servidores. “Acredito que a greve é o limite onde não há mais condição de negociação. Este é um governo que, após 6 anos de ajustes, teve um reajuste de 9% no primeiro ano. Isso tem um impacto de mais de R$ 8 bilhões no orçamento do MEC”, afirmou.
“Reabrimos todas as mesas de negociação com todas as categorias de servidores públicos deste país”, continuou Camilo. “Amanhã haverá nova reunião com os técnicos administrativos. Já houve uma reunião com professores. A última proposta negociada com os professores faz com que a variação dos reajustes docentes, até 2026, varie de 23% a 43%”, afirmou.
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“Não podemos recompor todo um processo histórico de anos de atraso num curto espaço de tempo. O governo tem 1 ano e meio. Há um esforço enorme do governo federal e do presidente Lula”, garantiu o ministro da Educação. “Acho que todos precisam ajudar para que possamos sair desse impasse e garantir a retomada das aulas para nossos alunos.”
Investimentos anunciados
Após reunião de Lula com reitores de universidades e institutos federais, o governo anunciou os seguintes investimentos:
- R$ 3,17 bilhões na consolidação de estruturas;
- R$ 600 milhões para expansão;
- R$ 1,75 bilhão para hospitais universitários.
Segundo o ministro da Educação, estão previstos investimentos em salas de aula, laboratórios, auditórios, bibliotecas, refeitórios, habitações e centros comunitários. No total, serão 223 novas obras, das quais 20 estão em andamento e 95 serão retomadas.
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Além disso, Lula anunciou mais 10 novos campi em todas as regiões do país, nas seguintes cidades:
- São Gabriel da Cachoeira (AM)
- Cidade Ocidental (GO)
- Rurópolis (PA)
- Baturité (CE)
- Sertânia (PE)
- Estância (SE)
- Jequié (BA)
- Ipatinga (MG)
- São José do Rio Preto (SP)
- Caxias do Sul (RS)
Além dos investimentos de R$ 5,5 bilhões, Camilo Santana também anunciou R$ 400 milhões para financiar universidades (R$ 279,2 milhões) e institutos federais (R$ 120,7 milhões).
Segundo o Ministério da Educação (MEC), o orçamento das universidades será de R$ 6,38 bilhões em 2024, após a recomposição. Nos institutos federais, serão R$ 2,72 bilhões.
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O Strike
Com o anúncio de novas medidas para o setor educacional, Lula espera conter o movimento grevista, uma das maiores dores de cabeça do governo no momento.
Professores e servidores do ensino superior que aderiram à greve exigem reestruturação de carreiras e recomposição salarial e orçamentária, além da revogação de normas aprovadas nos governos de ex-presidentes Michel Temer (MDB) Isso é Jair Bolsonaro (PL).
A greve pela educação começou em abril deste ano e foi retomada por diversas categorias. Em algumas instituições, professores e técnicos administrativos aderiram à greve. Em outros, apenas um dos dois grupos.
Segundo o Sindicato Nacional dos Professores das Instituições de Ensino Superior (Andres), há uma defasagem de 22,71% nos salários dos professores que se acumula desde 2016.
“Esperamos que, esta semana, o governo e os sindicatos cheguem a uma solução negociada, pacificando a situação. Estamos à disposição para continuar contribuindo e totalmente preparados para essa empreitada”, afirmou a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, que discursou.
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